Luto

Morre o escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza, aos 84 anos

Autor carioca ficou conhecido pela criação do detetive Espinosa

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 16/04/2020 às 11:46 | Atualizado em 16/04/2020 às 17:40
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José Alfredo Garcia-Roza é considerado um dos maiores nomes da literatura policial brasileira - FOTO: Youtube/Reprodução

Morreu nesta quinta-feira (16) o escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza, aos 84 anos. Segundo o jornal O Globo, a notícia foi confirmada por sua esposa, a também escritora Livia Garcia-Roza. A causa da morte ainda não foi divulgada. O autor carioca era conhecido como um dos maiores nomes da literatura policial do Brasil.

Nascido no Rio de Janeiro em 1936, além de escritor, Luiz Alfredo Garcia-Roza também atuava como psicanalista. Estreou na literatura apenas aos 60 anos, quando lançou O Silêncio da Chuva (1996). A obra foi muito elogiada e, por ela, o autor venceu o Prêmio Jabuti em 1997. 

Garcia-Roza tinha como um de seus personagens mais emblemáticos o detetive Espinosa, que protagonizou várias de suas histórias, como a de estreia, Achados e Perdidos (1998) e Espinosa Sem Saída (2006). Seus romances policiais tinham o Rio de Janeiro como cenário principal e eram voltados para a investigação de motivações de cunho emocional, longe das tramas de narcotráfico associadas à cidade. Seu último livro publicado foi A Última Mulher (2019, Companhia das Letras).

Além dos romances, Luiz Alfredo Garcia-Roza também publicou vários livros de não-ficção voltados para a psicanálise, como Freud e o inconsciente (1987) e Afasias (2014). 

Sobre o escritor, Luiz 

 

AUDIOVISUAL

As histórias de Luiz Alfredo Garcia-Roza foram também adaptadas para o audiovisual. Três de seus livros viraram filmes: Achados e Perdidos (2006), com direção de José Joffily; Berenice Procura (2018), de Allan Fiterman; e o ainda inédito O Silêncio da Chuva, de Daniel Filho, protagonizado por Lázaro Ramos.

Na televisão, o GNT desenvolveu uma série baseada no romance Uma Janela em Copacabana. Romance Policial - Espinosa foi dirigida por José Henrique Fonseca e protagonizada por Domingos Montagner.

Homenagem

Luiz Schwarcz, co-fundador da Companhia das Letras, escreveu um comunicado emocionado após o falecimento de Luiz Alfredo Garcia-Roza, de quem era próximo. Foi através de sua editora que o escritor fez sua estreia na ficção e publicou todos os seus romances. Leia o depoimento na íntegra:

"Um dia depois da morte de Rubem Fonseca, um de seus bons amigos também nos deixa. Acaba de falecer Luiz Alfredo Garcia-Roza, que se não me falha a memória deve a Rubem sua entrada na carreira de ficcionista. Tive contato muito próximo com Luiz Alfredo, pois publiquei todos os seus livros. Filósofo especialista em psicanálise, Luiz Alfredo era autor importante da editora Zahar.

Quando resolveu criar o detetive Espinosa falou com Jorge, que indicou que os livros policiais cairiam melhor na linha da Companhia das Letras. Jorge e eu éramos, como muitos sabem, como pai e filho.

Entrando dessa forma em nossas vidas, Luiz Alfredo trouxe à Companhia sua simpatia e bondade. Adorava seu novo ofício de escritor de romances policiais, para onde canalizava toda a generosidade que aprendera com os grandes filósofos. Seu olhar para os personagens era esse, cheio de humanismo, como se não se pudesse ser um grande escritor de policiais sem ter sido um mestre em filosofia.

O Brasil perde hoje um grande professor, um escritor exemplar, e um poço de bondade. Seu sofrimento com o acidente vascular cerebral que sofreu há meses foi muito maior do que merecia. Que saudade eu já sinto."

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