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Conheça recentes pérolas do cinema nacional nos catálogos dos grandes streamings

Serviços como Netflix, Amazon Prime Video e Globoplay trazem algumas peças marcantes do cinema nacional dos últimos anos

Rostand Tiago
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Rostand Tiago
Publicado em 08/05/2020 às 12:17 | Atualizado em 08/05/2020 às 12:22
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CENA DE 'TEMPORADA', UM DOS PRINCIPAIS FILMES DA POTENTE SAFRA MINEIRA DOS ÚLTIMOS ANOS, DISPONÍVEL NA NETFLIX - FOTO: DIVULGAÇÃO

Desde que as plataformas de streaming se popularizaram e se plurificaram, com enxurradas de títulos entrando a cada mês, é cada vez mais fácil ficar perdido em seus catálogos. Em alguns deles, entre algoritmos e uma falta de carinho maior para algumas obras, algumas pérolas precisam ser escavadas para serem encontradas e, em especial, as jóias nacionais. São produções reconhecidas e premiadas de nosso cinema, muitas delas não ganharam grandes espaços no circuito comercial em sua época de lançamento, mas agora podem sem descobertas no conforto de casa.

Na Netflix, por exemplo, há grandes exemplares de variadas safras do cinema nacional dos últimos anos, passando por vários estados. Minas Gerais, por exemplo, é bem representado com Temporada, de André Novais Oliveira, um dos grandes títulos que vem do núcleo criativo e autoral de cinema realizado no município de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. Vencedor do Festival de Brasília de 2018, Temporada é, com toda certeza, um dos maiores filmes do cinema nacional dos últimos anos, partindo da vida de uma agente sanitária (Grace Passô) em uma nova cidade e extraindo uma poesia única dessa história.

Ainda dentro de um cinema de verve bastante poética, dessa vez puxando para terras pernambucanas, o catálogo da Netflix abriga Cinema, Aspirinas e Urubus, de Marcelo Gomes. O filme pernambucano de 2005 se embrenha pelo interior do Nordeste nos anos 1930, em um road-movie sensível sobre um lugar e as pessoas dele. Na trama, um alemão percorre várias cidades pelo nordeste vendendo aspirinas, novidade na época para os lados de cá. Para ajudar na divulgação, ele utiliza a projeção de filmes, que acaba fascinando tanto quanto seu produto vendido.

Já na seara dos documentários, um instigante é Histórias que Nosso Cinema (Não) Contava, de Fernanda Pessoa. A produção propõe uma tese de que a pornochanchada brasileira dos anos 1970 não era tão alienada assim e discutia bem o momento em que se passavam. O filme é todo conduzido por trechos de filmes da época. De caráter mais subjetivo é Elena, filme que colocou Petra Costa, de Democracia em Vertigem, de vez no mapa das notáveis realizadoras contemporâneas. Petra resgata memórias da vida e da morte de sua irmã, a atriz Elena Andrade, em uma linguagem muito íntima e de pulsões poéticas.

Passando para a Globoplay, o serviço nacional também conta com boas peças nacionais em seu cardápio. Indo mais uma vez para o lado pernambucano, temos Sangue Azul, filme de Lírio Ferreira, que explora o potencial idílico de Fernando de Noronha para contar uma história sobre desejos pulsantes e adormecidos, protagonizada por Daniel de Oliveira. Para quem procura um drama adolescente leve e cativante, uma boa pedida é As Melhores Coisas do Mundo, de Lais Bodanzky. A diretora veterana conta a história de dois irmãos lidando com o fato do pai deles estar em um relacionamento homoafetivo, para além de todas as pressões da idade. Um filme bem conduzido em sua simplicidade e bem bonito na representação de seus afetos.

A Amazon Prime Video também conta com o trabalho de outra diretora veterana, Anna Muylaert. É Proibido Fumar é o segundo longa da realizadora que depois traria Que Horas Ela Volta?. O filme é protagonizado por Glória Pires e Paulo Miklos, ex-Titãs. Muylaert já mostrava sua dramaturgia muito boa em conciliar tons, do melodramático ao cômico, além de um trabalho excelente na direção de atores e de uma escalada narrativa forte.

Por fim, uma das mais relevantes peças do cinema nacional recente também se encontra no catálogo da Amazon Prime. Café com Canela, dirigido por Glenda Nicácio e Ary Rosa é o primeiro longa ficcional dirigido por uma mulher negra a estrear no circuito comercial em 34 anos. Filmado e ambientado no Recôncavo Baiano, a produção conta a história de uma mulher isolada após a perda do filho e seu processo de lidar com traumas e voltar a se abrir para o mundo. Relevante e bem construído, Café com Canela é um fôlego de representatividade negra e plural, mas também uma sensível pérola narrativa.

 

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