Cannes

Qual a saída para o Festival de Cannes frente ao coronavírus?

A organização tomou um posicionamento final: descartou qualquer possibilidade da realização de uma edição física do evento em 2020

João Rêgo
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João Rêgo
Publicado em 11/05/2020 às 16:05 | Atualizado em 11/05/2020 às 16:07
Alberto PIZZOLI / AFP
'Parasite' levou a principal premiação do Festival de Cinema de Cannes, a Palma de Ouro - FOTO: Alberto PIZZOLI / AFP

O ano não vem sendo fácil para a indústria cinematográfica. O impacto da pandemia do coronavírus não só afetou as estreias previstas para este primeiro semestre, como também os lançamentos do resto deste ano e possivelmente do próximo.

Isso porquê, dos grandes festivais internacionais, apenas o de Berlim foi realizado. Enquanto um dos principais impulsionadores da indústria, o Festival de Cannes, vive de incertezas diante do cenário atual.

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A principal delas é como realizá-lo. As soluções variaram: de sites pornôs que se ofereceram para transmiti-lo online até uma junção ao Festival Tribeca de Nova York, que ainda chegou a transmitir produções de Cannes, Veneza, Toronto e Berlim, de forma virtual e gratuita.

Com uma série de adiamentos para uma tomada de decisões por parte da organização do evento, os alertas foram definitivamente ligados após o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciar que os principais festivais não acontecerão "pelo menos até meados de julho" por causa da pandemia.

Financiado em parte pelo próprio governo francês, Cannes custa cerca de 30 milhões de euros, com uma circulação de 40 mil pessoas entre as credenciadas para participar do festival. Sem falar dos diretores, atores e estrelas que vêm a França prestigiar e competir nas categorias do evento.

Foto: AFP
No palco onde recebeu o Prêmio do Júri de Cannes, Kleber Mendonça mandou beijo para o Recife - Foto: AFP
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Filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles foi premiado em Cannes - Divulgação
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O japonês 'Shoplifters', do diretor Hirozaku Kore-eda venceu a Palma de Ouro, principal prêmio de Cannes; Confira os principais ganhadores - Foto: AFP/Reprodução

Nesta segunda-feira (11), a organização finalmente tomou um posicionamento definitivo: descartou qualquer possibilidade da realização de uma edição física em 2020. O anúncio veio também com a confirmação que Cannes irá apresentar seus filmes em parceria com outros festivais internacionais no outono europeu, no final do segundo semestre.

Para a revista Variety, o porta-voz do festival afirmou: "Hoje, uma edição física parece complicada de organizar, então vamos avançar no anúncio dos filmes selecionados até o início de junho".

Conforme já havia dito o diretor do festival, Thierry Fremaux, uma lista de filmes cujos lançamentos estavam previstos para o evento será anunciada e vão receber uma classificação. A organização pretende inciar as escolhas para a edição de 2021 no final do ano.

Os filmes listados agora vão aparecer em festivais de cinema como os de Toronto, Veneza, Angoulême, Nova York, entre outros.

A principal incógnita, no entanto, está no impacto da decisão diante das movimentações comerciais da indústria cinematográfica. O chamado Marché Du Filme é um dos segmentos mais importantes do festival. É para lá, por exemplo, que as produtoras de todo o mundo levam seus títulos de maior potencial para serem negociadas com distribuidoras.

Entre os dias 22 a 26 de junho, o Mercado do Filme de Cannes acontecerá de maneira virtual, reunindo agentes e distribuidores.

Em meio a isso tudo, ficamos no aguardo de quando poderemos assistir aos novos filmes de nomes como Wes Anderson, Christopher Nolan, Naomi Kawase e Mia Hansen-Løve, possíveis figurões do festival deste ano.

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