“Ando tão feliz esses dias/ Tão otimista, sorridente e decidido/ Mesmo que o pior aconteça/ Levo dentro da cabeça pensamentos positivos”: Esta primeira estrofe de Quem Me Viu soa quase utópico diante do contexto social de pandemia e isolamento social que vivemos atualmente devido ao covid-19. Mas é justamente para trazer lampejo de positividade, esperança e boas energias que a banda Melim lançou nesta sexta-feira (15), a primeira parte do segundo álbum de estúdio da carreira, intitulado Eu Feat. Você (Universal Music, 2020), nas plataformas digitais.

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O trio niteroiense formado pelos irmãos Diogo, Gabriela e Rodrigo Melim segue mantendo a essência good vibes do disco de estreia lançado em 2018, mas desta vez, eles também se permitiram testar novas sonoridades e trazer convidados pela primeira vez ao seu repertório de inéditas. Por telefone, Diogo Melim, de 27 anos, conversou com o Jornal do Commercio sobre o novo projeto: “No primeiro álbum, não tínhamos vivido a estrada. Nós temos um berço musical, mas não tínhamos a vida de artista. Ela é muito intensa, onde somos postos à prova em diversos aspectos. Então acabamos amadurecendo numa intensidade muito grande. Isso te abre novas perspectivas de vida, faz ter novas perspectivas musicais. Nós estamos mais maduros, esse álbum está um pouco mais maduro e nos representa, de fato, nesse momento”.

Gravado no Rio de Janeiro e em Los Angeles no renomado Capitol Studios entre fevereiro e março deste ano, Eu Feat. Você traz oito faixas autorais (com algumas colaborações) nesta primeira etapa, com produção musical de Lelê e Bruno da Us3 e Malibu. Nas participações especiais, Melim trouxe o rapper Rael (em Relax), Lulu Santos em Cabelo de Anjo e Saulo Fernandes (Cantando Eu Vou).

Com um “shot de autoestima e meio copo de amor próprio”, a faixa-título que também abre o álbum já entrega, de fato, a sonoridade mais pop do trabalho, com um arranjo a la Ed Sheeran. Para Diogo, Eu Feat. Você, que quase remete a um jingle promocional de rádio na letra, tem um peso sentimental para o grupo.

“Essa música veio para mim num momento muito importante. Porque quando eu a ouvia, mesmo nas versões antigas de gravação de celular, me trazia algo muito bom, um sentimento de tudo que estava prestes a acontecer, sabe? Em alguns momentos difíceis que passei, ela era uma das únicas coisas que me tirava completamente do mundo e me levava para um mundo bom de amor, positividade e grandiosidade. Acho que por eu gostar muito de pop, e ela tenha nascido de forma muito natural, sem ser muito pensada, ela foi acontecendo. Então tenho muitas lembranças boas dessa etapa de composição, criação e gravação”, relata o músico.

Outra inédita que chama a atenção é Menina de Rua, a quarta faixa do disco. Pela primeira vez, ainda que romanticamente, Melim entrega uma letra de cunho social. E segundo Diogo, foi a canção “mais antiga” do grupo a entrar neste disco. “Menina de Rua vem com um contexto social, que é algo que tem tudo a ver com o que a gente acredita enquanto pessoa e nunca tínhamos colocado em música. E eu espero que daqui pra frente consigamos ter novas inspirações para poder escrever músicas desse tipo. Porque acredito que a música é um instrumento de alegria, festa, animação, mas também de cultura, educação e informação”, declara.

Antes de Menina de Rua no álbum, a faixa que traz Lulu Santos dividindo vozes com o trio de irmãos, Cabelo de Anjo, Diogo confessa: a letra é uma homenagem à sua filha Melissa. Mas segundo o jovem artista, assim como Menina de Rua, algumas letras da Melim neste disco vão além do romantismo e boas vibrações já conhecidos pelo público.

“Nós sempre buscamos fazer músicas que saiam do padrão. Como compositores, é um desafio falar de diversos assuntos. Por isso que não falamos só de amor romântico, que é uma coisa que amamos, e eu seja muito romântico também. Mas se você ouvir as músicas, verá que Cantando Eu Vou mesmo, não fala de amor romântico. Fala de liberdade de cantar, de desejar o bem, de falar palavras bonitas. Quem Me Viu fala da história de uma pessoa que passou por um momento de superação e hoje está muito mais feliz”, esclarece.

VÁLVULA DE ESCAPE

Junto ao álbum Eu Feat. Você, todas as 15 faixas do disco (a segunda parte, que será lançada no segundo semestre, terá mais sete faixas) terão videoclipes e um documentário para mostrar os bastidores de produção deste trabalho: “Nós gravamos um dia inteiro no estúdio gravando, um dia inteiro com um pôr-do-sol maravilhoso em Santa Monica, e como estamos produzindo um documentário de backstage da criação do disco, usaremos cenas dele, que são sequências orgânicas, em casa, conversando, para compor os clipes também. E eu acho que isso traz uma textura muito real para o vídeo porque não são cenas específicas para um clipe, são cenas normais da gente vivendo. Assistindo os clipes, me dá uma sensação de que ele é um grande resumo da viagem, como memórias. Ele não ficou um clipe pastelado, gravado para produzir um conteúdo. Na verdade, é uma captação de algo que vivemos”.

E mesmo sendo lançado em meio à uma pandemia, Diogo Melim sabe do papel que a música da banda tem de trazer um pouco mais de conforto ao ouvinte: “Eu acho muito importante [esse lançamento] porque, além da parte essencial, que são as coisas básicas, que todo mundo precisa para sobreviver, tem a parte da vida, das coisas que queremos viver, que vão além. Tem uma frase que diz: A arte existe porque a vida por si só não basta. E eu acho que a arte dá asas, faz a nossa mente, nosso coração, nosso emocional, viajar por um mundo que é infinito, um mundo livre. Eu acredito que essas músicas chegam num momento importante para as pessoas poderem tirar um pouco a cabeça disso tudo. E na medida do possível se distraírem, se emocionarem e se alegrarem”.

Para a Melim, o amadurecimento musical do grupo em Eu Feat. Você é a melhor forma de se conectar com o seu público. “É a realização de mais um sonho. Estamos muito felizes e acredito muito que as pessoas vão gostar demais como no primeiro álbum. Falando de maneira humilde mesmo, sem pretensão, mas gostamos muito do que fazemos, e acho que o público vai se emocionar muito. E é só a primeira parte, né? Estou ansioso para saber o feedback das pessoas, o que elas vão comentar. [...] E não tem preço ver a transformação que causamos na vida das pessoas com nossas músicas”, anseia Diogo.