Luto

Morre mestre Hélio Soares, ícone da litografia em Pernambuco

Um dos integrantes da Oficina Guaianases, ele se dedicou à arte por mais de 50 anos

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 26/05/2020 às 16:14 | Atualizado em 26/05/2020 às 16:31
Leo Motta/JC Imagem
Nos últimos anos, mestre Hélio estava à frente de ateliê no Centro de Artes e Comunicação da UFPE - FOTO: Leo Motta/JC Imagem

Um dos principais expoentes da litogravura (impressão de imagens desenhadas sobre pedras) em Pernambuco, mestre Hélio Soares faleceu aos 74 anos, nesta terça-feira (26). Durante sua trajetória de mais de 50 anos dedicados à arte, participou de movimentos como a Oficina Guaianases de Gravura, ao lado de nomes como João Câmara, Delano, Samico, Tereza Costa Rêgo, entre outros.

>> Mestre Hélio Soares preserva a litografia com o coletivo Ita-Quatiara

Segundo Rennat Said, com quem, junto a José Rodrigues, mestre Hélio integrava o coletivo Ita-Quatiara, o artista visual estava em recuperação de um AVC e apresentava melhoras. Porém, durante a noite de segunda-feira (25) sentiu fortes dores no peito, chegou a ser atendido, mas não resistiu. Até o momento, não foi divulgada a causa da morte. O enterro acontecerá na quarta-feira (27) no cemitério Jardim Metropolitano, em Olinda.

Trajetória

Mestre Hélio iniciou sua carreira na indústria, onde adquiriu conhecimentos técnicos com as máquinas litográficas, inclusive maquinários do século 19. Ele foi responsável pela compra de todos os equipamentos da Oficina Guaianases de Gravura, um marco na produção litográfica no Estado. Ao longo da carreira, mestre Hélio também ajudou a montar vários espaços dedicados à arte pelo país.

Autodidata, ele produzia os materiais que utilizava para fazer sua arte, o que criou uma mítica em torno de sua figura. Muitos artistas locais, de outros estados e países, queriam aprender com ele, mas, por muito tempo, Hélio Soares manteve suas técnicas em segredo. Nos últimos anos, porém, passou a trocar suas experiências com os alunos, tendo o coletivo Ita-Quatiara, no Centro de Artes e Comunicação da UFPE, como um espaço para esses intercâmbios artísticos.

Em entrevista concedida ao Jornal do Commercio, em 2018, mestre Hélio afirmou não ter vaidade e que seu maior legado seria a transmissão de seus conhecimentos, ajudando a perpetuar a litogravura no Brasil.

"Preferia que ninguém me visse como Mestre Hélio, como grande técnico. Queria que cada um tocasse a vida, experimentasse técnicas, estilos. Na verdade, nunca vou parar de vez. Se um amigo meu disser que está com problema na litografia dele, eu vou lá, dou conta, termino, e pronto, não diga a ninguém que eu ajeitei”, afirmou sobre sua relação com a arte.

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