A atriz Maria Alice Vergueiro faleceu nesta quarta-feira (3), aos 85 anos, vítima de uma pneumonia. Ela estava internada na UTI do Hospital das Clínicas, em São Paulo, desde a última sexta-feira (29), segundo informações do jornal Extra. Conhecida como a Dama do Underground e um dos maiores nomes dos palcos brasileiros, como atriz e diretora, participou de grupos seminais, como o Teatro Oficina, Teatro do Ornitorrinco e Teatro Arena. Em 2006, participou do curta Tapa na Pantera, um dos primeiros virais da internet brasileira.
A estreia de Maria Alice Vergueiro no teatro com A Mandrágora, em 1962, teve direção de Augusto Boal e já explicitava o talento da intérprete e sua vocação por participar de obras pungentes, que ela aprofundaria com sua participação em O Rei da Vela, do Teatro Oficina, em 1967, e em seus trabalhos posteriores. Ao lado de Luiz Roberto Galízia e Cacá Rosset, fundou o Teatro do Ornitorrinco, com mais de três décadas de atuação.
Em 2010, gestou o grupo Pândega, com Luciano Chirolli e Fábio Furtado, posteriormente integrado também por Carolina Splendore e Elisete Jeremias. Mesmo quando diagnosticada com Mal de Parkinson, doença que comprometeu seus movimentos, Maria Alice continuou nos palcos em peças como As Três Velhas, que ela apresentou em 2012 no Recife, no Janeiro de Grandes Espetáculos, e Why The Horse?, peça que viria à capital pernambucana em 2017, mas foi cancelada por conta de problemas de saúde da atriz.
Em Why The Horse?, Maria Alice Vergueiro encenava seu próprio funeral. A relação da atriz com a morte foi discutida em uma entrevista concedida ao repórter Bruno Albertim, em 2017, publicada no Jornal do Commercio.
"A morte me assusta muito, eu tenho medo da morte, eu tenho medo de que seja uma cilada, de que de repente a morte venha não para prolongar uma vida, mas para te colocar na berlinda. Vou tentando entender. Leio Beckett. Beckett é uma lição muito grande sobre vida e morte", disse. "Eu comecei a fazer brincadeiras em torno da morte. Em alguns momentos, o público ri. Quando eu morrer, não quero choro, nem vela."
Maria Alice Vergueiro obrigado! Uma operária do teatro. Obrigado por tudo, pela coragem, pela ousadia, pelo talento. O teatro agradece, nós agradecemos e sentiremos a sua falta. Salve, Maria Alice Vergueiro! pic.twitter.com/gAlSS8gi5i
— Armando Babaioff (@babaioff) June 3, 2020
Grande perda a partida de Maria Alice Vergueiro. Que ela dê muitos tapas na pantera onde estiver agora. <3
— Fernando Oliveira (@fefito) June 3, 2020
"Tapa na pantera" é um dos meus vídeos favoritos. Lá de qdo a gente ainda tava entendendo as redes sociais e como era possível se reunir por meio da risada coletiva, por exemplo.
— Luiza Bodenmüller (@lubodenmuller) June 3, 2020
Hoje morreu Maria Alice Vergueiro, aos 85 anos: https://t.co/zyl3Kcdrh9https://t.co/zPcgslKwhK
Na televisão, participou de apenas uma novela, Sassaricando, em 1987. Musa da cena alternativa e teatral, ficou nacionalmente conhecida com o curta Tapa na Pantera, de Esmir Filho, no qual interpreta uma senhora usuária de maconha. O vídeo de humor se tornou um dos primeiros "virais" da internet brasileira, tornando-se um fenômeno no Orkut.
Ao longo de sua carreira, Maria Alice Vergueiro participou também de diversas produções audiovisuais, como a adaptação de O Rei da Vela (1983) e A Grande Noitada (1997). Em 2018, foi tema do documentário Górgona, de Fábio Furtado e Pedro Jezle, sobre os bastidores da peça As Três Velhas.
Lembre entrevistas com Maria Alice Vergueiro:
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