O Festival de Cinema de Gramado, um dos mais tradicionais e repercutidos do país, não vai contar com seus tapetes vermelhos e sessões embaladas pelo frio do sul em sua 48ª edição. Marcado para o próximo mês, o festival vai ultrapassar as barreiras geográficas da cidade para chegar ao Brasil por meio dos streamings e da TV fechada. Mesmo em nova forma, o festival não deixará de fazer suas devidas homenagens a figuras que fazem parte da história, recente ou não, do cinema nacional. Sua seleção de curtas garimpados por todo o país, em um grande leque de estilos, imagens e sotaques, também já tem seu espaço garantido. Nesta terça-feira foram divulgados tanto os donos dos troféus Oscarito e Eduardo Abelin, assim como a lista dos curtas nacionais exibidos neste ano.
O Oscarito deste ano é de um dos maiores atores do audiovisual nacional, que concilia em sua carreira um talento dramático inestimável com um grande apreço popular. Aos 72 anos, o recifense Marco Nanini receberá a honraria pelos seus mais de 50 ano de uma carreira sempre ativa que atravessa o cinema, o teatro e a televisão. Na sétima arte, fez sua estreia em 1973 com As Moças Daquela Hora e teve papel marcante em filmes do período da retomada do cinema brasileiro como Carlota Joaquina: Princesa do Brasil, O Auto da Compadecida e Lisbela e o Prisioneiro, que também fazem refletem sua carreira no diálogo entre qualidade estética e sucesso de público.
Da retomada também surge a segunda homenageada, a cineasta paulista Laís Bodanzky. Tendo o cinema no seio familiar - ela é filha do diretor Jorge Bodanzky - a dona do Eduardo Abelin tem uma trajetória de vários braços na produção brasileira. Enquanto diretora, Laís é versátil e sensível, passando por documentários, dramas viscerais como Bicho de Sete Cabeças (2001), melodramas adolescentes e olhares intimistas para estruturas familiares. Também possui uma trajetória enquanto produtora e atualmente nas políticas públicas, presidindo a SPcine, empresa estatal da cidade de São Paulo voltada para o setor.
Já os curtas divulgados são 14, oriundos de oito estados e do Distrito Federal. Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Alagoas, Amazonas, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul. Eles foram selecionadas entre 428 inscritos por uma comissão formada pela crítica de cinema, roteirista e jornalista cultural Lorenna Montenegro, pelo consultor, roteirista e diretor Frederico Pinto, pela diretora e roteirista Juliana Antunes, e pela roteirista, diretora e pesquisadora Rosa Miranda. Pernambuco é representado por Inabitável, de Enock Carvalho e Matheus Farias.
Os filmes concorrem em dez categorias: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia, Melhor Montagem, Melhor Trilha Musical, Melhor Direção de Arte e Melhor Desenho de Som. O vencedor do Kikito de melhor filme leva R$ 6.500 e R$ 1000 para as demais categorias. O festival será realizado entre os dias 19 e 22 de setembro e terá seus filmes exibidos no Canal Brasil e em seu streaming.
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