A artista pernambucana Caetana, residente no Rio de Janeiro, lança a música Odoyá com a participação da funkeira Deize Tigrona e o sacerdote de Jurema e historiador Alexandre L’omi Lodo, neste sábado (26), nas plataformas digitais. A música foi gravada em Olinda, no estúdio do Rosário, com L’omi Lodo assumindo a percussão e Deize e Caetana dividindo os vocais.
O videoclipe da faixa está sendo gravado de forma totalmente independente, por produtores negros e periféricos recifenses e tem lançamento previsto para outubro. Na gravação, Deize Tigrona, que recentemente colaborou com a pernambucana Biarritzzz, vira Yemanjá.
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“Ter Deize nesta música, é como quebrar uma regra universal, que nos prende sobre uma parede de conclusões ruins, sobre termos que interpretar apenas um gênero musical. E ela, que quebra regras o tempo todo, inclusive por cantar funk, contribuiu essencialmente para o espírito do projeto”, diz Caetana.
“A sua voz potente e marcante, melódica e quase um instrumento elétrico, mostra na prática do que estou falando”, conta.
Caetana, que é mulher trans negra e periférica, iniciou sua carreira artística desde pequena – integrou, por exemplo, a Banda De Leão, que misturava ritmos populares com pop. Hoje ela mora no Rio de Janeiro, onde foi realizar residência artística. Foi a mudança que permitiu com que ela entrasse em contato com Deize Tigrona, pioneira do funk carioca que após cinco anos parada, retomou a carreira em 2016.
Nas intersecções artísticas, a composição Odoyá segue o mesmo caminho que Deize vem tomando desde a retomada; enveredando por outras vertentes musicais, para além do funk. Os exemplos vão desde a sua colaboração com Jup do Bairro, até a pega mais experimental junto a artista Biarritzzz.
“A música Odoyá é como uma aclamação à Yemanjá. Essa letra tem uma delicadeza que me faz lembrar como o mufryetar é uma mãe, que é leve mas é agressivo. Nela, há uma demonstração de preocupação com o futuro dos mares do mundo, devido ao crescimento da poluição. Mas ao mesmo tempo, a música faz um pedido de socorro para que as pessoas parem de jogar resíduos nas praias, nos mares, e possamos assim harmonizar a relação entre cidade e natureza”, explica Caetana.
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