Com teatro e dança, Palco Virtual celebra o pernambucano Solano Trindade
Programação acontece de 4 a 7 de março, através do Zoom, e é gratuita
O Itaú Cultural abre a programação Palco Virtual de março com uma série de apresentações de teatro e dança do dia 4 ao dia 7, com foco na temática identitária. Entre as ações está a as leituras inéditas de Sob o Céu de Paris, da premiada dramaturga Gabriela Rabelo, na qual quatrocentões brancos têm que lidar com o racismo a partir da neta negra, e Amora Paulada, com texto e direção de Renato Gama sobre as masculinidades, afetividades, paternidades e subjetividades do homem negro de meia idade.
Já a Companhia de Teatro Íntimo e o Coletivo Preto apresentam Negra Palavra | Solano Trindade, em cima da vida e obra do poeta pernambucano que dá nome ao espetáculo. Uma dobradinha de dança fecha a programação com o curta-metragem Baobá, sobre a identidade étnica que está por trás da construção de cada ser, e o espetáculo Arreia, com as tradições indígenas na manifestação folclórica do Caboclinho.
Estas apresentações do Palco virtual acontecem sempre às 20h pela plataforma Zoom, e são seguidas por bate-papo com os elencos. Os ingressos podem ser reservados via Sympla. Para mais informações, basta acessar o site do IC.
Confira a programação completa:
4 de março, quinta-feira, 20h
Leitura Sob o Céu de Paris
Bate-papo com o elenco após a apresentação
Ivan e Ana Angélica, ex-quatrocentões já idosos, moram em um apartamento num prédio que já teve um certo luxo, mas que agora é um cortiço, por conta do Minhocão. A residência deles é a única que resta inteira naquela confusão. Roberto, filho único do casal, diverge dos pais em inúmeros assuntos, especialmente em política. A convivência deles é bastante conflituosa. Acrescente-se a isto a existência da filha de um amor de juventude de Roberto, Cecília, cuja mãe – uma mulher negra – morreu no parto. Ela acabou sendo criada pelos avós, que aprenderam um pouco com a neta sobre o alcance do preconceito racial.
No meio desses laços afetivos e dos destroços, materiais que os rodeiam, nossos personagens veem-se frente a um corpo humano de um morto – e isto no meio de um feriado prolongado. Para resolver problemas mal resolvidos no passado e no presente, eles recorrem a calendários que Ivan colecionou ao longo da vida e onde anotou os fatos que considerava importantes. Antigas lembranças de Paris sobrevoam os personagens, como um paraíso perdido.
5 de março, sexta-feira, 20h
Leitura Amora Paulada
Bate-papo com o elenco após a apresentação
Quando três homens desconhecidos se encontram, ao levarem suas crianças para brincar em um parque público, eles acabam por dividir suas dores, alegrias, aflições e projetos, instaurando-se uma embarcação de afeto, que desagua num baile “esporte-chic”. Na leveza que a ambientação lúdica de um parque pode proporcionar, esse espetáculo propõe caminhar em espaços de segurança, onde seja possível observar o comportamento do homem negro de meia idade, gerando reflexões de como essa subjetividade podem ser constituídas.
6 de março, sábado, 20h
Espetáculo Negra Palavra | Solano Trindade
Bate-papo com integrantes do grupo após a apresentação
A vida e obra do poeta pernambucano Solano Trindade (1908-1974). Solano é poesia, é corpo negro, é militância, é potência e é amor. Na contramão dos estereótipos criados para objetificar e discriminar os homens negros, Negra Palavra | Solano Trindade recupera a trajetória do poeta, trazendo para a cena suas múltiplas vivências. Sua infância em Pernambuco, colorida pela sonoridade das feiras populares e pela ancestralidade do maracatu. Sua militância em diversas cidades do Brasil, como cidadão negro em um país racista, lutando pela paz e contra a fome. E sua experiência como homem, entregue ao amor e ao cuidado da família. Corpos que pulsam, palavras que dançam. No espetáculo, corpo, música e poesia se entrelaçam para representar uma só história: tanto a de Solano em seu tempo, como a dos homens negros contemporâneos, aqui e agora.
7 de março, domingo, 20h?
Curta-metragem Baobá (DF)
Distante do centro das cidades, longe dos prédios e das grandes e monumentais construções, também existe história. Assim como uma árvore, o que sustenta as capitais é a parte que não se vê na superfície. A árvore da vida não é somente a copa verde. “Quando se olha pra parte mais alta de um baobá, o que se vê na verdade são as suas raízes”. Quais são as suas raízes, o que te constrói, quase ninguém vê! Por trás do ser existe fé, conflito, revolta, proteção e coragem para resistir. Existir: um contrafluxo do sistema atual.
Espetáculo Arreia (PE)
É uma criação de dança que estreou na pandemia, em formato online. O duo das artistas Íris Campos e Iara Campos tem direção de Paulinho 7 Flexas e traz à cena o imaginário das representações que compõem o Caboclinho, a partir do corpo brincante do Caboclinho 7 Flexas do Recife. O enredo constrói a relação entre as tradições indígenas sobre o universo dos sonhos, a criação do Caboclinho 7 Flexas do Recife e a relação afetiva das artistas com a agremiação. Além disso, Arreia se ancora na ancestralidade indígena que Íris, Iara e Paulinho 7 Flexas têm em seu tronco familiar, construindo uma narrativa que honra seus antepassados. Traz à tona a resistência dos povos originários em contexto urbano e aponta reflexões para um futurismo indígena que se insere em novos conceitos de preservação e manutenção de suas culturas.