Entrevista: Juliana Silveira homenageia 'Floribella' em álbum especial
Atriz retoma seu lado cantora no disco 'Juliana Silveira Canta Floribella' e conversou sobre o projeto com exclusividade para o JC
Com quase 30 anos de carreira artística e 41 anos de idade, a atriz paulista Juliana Silveira resolveu se aventurar como cantora pela segunda vez. Após se arriscar em 2005 e 2006 ao dar voz às canções da personagem Maria Flor, protagonista da novela Floribella (Band), a artista decidiu revisitar essa fase para lançar, na última quinta-feira (22), uma homenagem nas plataformas digitais: o disco Juliana Silveira Canta Floribella (Midas Music, 2021).
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Em entrevista exclusiva ao Jornal do Commercio, Juliana falou sobre o álbum produzido por Rick Bonadio e Fernando de Gino, que chega na reta final da reprise na primeira temporada na Band - em comemoração aos 15 anos de estreia da trama infantojuvenil - que traz novos arranjos a todas as 12 canções do primeiro disco da novela. Na conversa, a atriz conta como criou coragem para voltar a cantar, os bastidores destas novas gravações e o desejo de fazer shows após o fim da pandemia. Confira.
ENTREVISTA // JULIANA SILVEIRA
JORNAL DO COMMERCIO - Como surgiu o convite para voltar a cantar neste projeto?
JULIANA SILVEIRA - Meus seguidores das redes sociais sempre pediam pra reviver esse momento, pra que eu cantasse as músicas. No final de 2019 passei uma mensagem para o Rick Bonadio e comentei isso. Apenas em 2020 fizemos nossa primeira reunião sobre o assunto e no final do ano ele me comunicou que podíamos começar o projeto. Aí eu pensei: porque não? Estou há um ano em casa, todos os estúdios de gravação estavam paralisados e a música estava chegando novamente em minha vida através dessa personagem tão querida. Disse sim na hora!
JC - É verdade que você se sente hoje mais segura para cantar?
JULIANA - Tem que existir alguma vantagem em amadurecer, né? Cantar é muito difícil, a verdade é essa. Acertar a nota, não perder a emoção daquela história que a música está contando e se entregar no fluxo são coisas que vem com a experiência, com aulas de canto e trabalho duro. Claro que tem pessoas que já nascem com essa vocação, o que faz tudo parecer mais fácil, quando na verdade não é. Eu sempre me cobrei muito profissionalmente e isso me impedia de ver o lado suave, divertido e lúdico do processo e incluo a interpretação nisso também. Levei um tempo pra desconstruir esse padrão e hoje me permito transitar com leveza nos meus processos artísticos, aceitando as limitações do dia, a emoção do momento e experimentando as oportunidades que vão me fazer uma artista melhor.
JC - Como foi a escolha do repertório? Você ajudou a definir?
JULIANA - Rick já veio com tudo preparado, com as bases das músicas do primeiro CD. Confio plenamente e sou muito grata por poder conviver com ele e ter momentos de troca e muito aprendizado. Ajudei a escolher a música de trabalho, que é Porque. Fiquei em dúvida se não seria melhor começar com Pobre dos Ricos, mas ainda temos tempo pra trabalhar cada música e o piano de introdução de Porque sempre derrete meu coração. Escolhi a emoção que eu sinto ao ouvir a canção. Espero ter acertado.
JC - Conta um pouco do processo de gravação. Durou quanto tempo?
JULIANA - Era pra durar uns três dias, mas entrei no estúdio e coloquei a voz em todas as músicas no primeiro dia. Não estava em um período muito feliz, minha mãe tinha acabado de descobrir um câncer (que já está tratando) e eu vinha lidando com outras questões emocionais bem pesadas. Estava triste, rouca por ter chorado muito um dia antes de entrar no estúdio, mas não quis desmarcar. Demorei pra conectar com a alegria e a leveza da personagem, mas quando encontrei um caminho, eu me joguei. A verdade é que nós atores sempre somos salvos por nossos personagens. Não acredito em acaso. Tudo acontece da forma como precisa acontecer. Joguei um pouco da minha tristeza na hora de cantar algumas músicas e acho que o público percebe essas nuances ao entrar em contato com a canção e isso gera uma identificação.
JC - Olhando hoje, qual foi a faixa mais fácil e mais difícil de regravar e porquê?
JULIANA - A mais difícil foi Crianças Não Morrem. Essa letra mexe muito comigo desde a primeira vez que eu cantei e a letra continua muito atual. Muito difícil a gente aceitar a morte de uma criança ou ver uma criança calada, sofrendo em silêncio. Esse caso do menino Henry me deixou enjoada e indignada. Até quando vamos ver crianças indefesas, sofrendo abusos, apanhando e ninguém vai fazer nada pra impedir isso? Já a mais fácil foi Floribella! Ela faz parte da memória do meu corpo e traduz toda energia positiva e vibração alegre da personagem. Cantar essa música mudou o meu astral e me fez conseguir terminar de colocar a voz nas outras músicas do repertório.
JC - A primeira temporada de Floribella já tem data para terminar e a segunda, infelizmente, não virá em seguida. Como foi para você rever a trama na TV aberta 15 anos depois?
JULIANA - Um presente poder recordar essa história tão divertida, com uma elenco tão amado e talentoso. Foi uma volta no tempo intensa e é muito interessante fazer as pazes com o passado, compreender melhor a minha trajetória profissional... Até pra entender meus passos futuros. Floribella foi a virada principal da minha carreira, após essa novela eu entendi que seria atriz mesmo. Tranquei minha faculdade de publicidade e nunca mais voltei. Sempre terei carinho por essa história e por essa personagem. Fiquei feliz em poder apresentar isso para uma nova geração de pipoquinhas.
JC - Este disco pode ganhar um desdobramento maior pós-pandemia? Pensa em fazer shows quando possível?
JULIANA - Eu brinco que eu tenho metas, mas os planos são de Deus. Claro que encerrar esse projeto com shows seria "maravilindo" e essa é a minha ideia. Torcendo pra que todos nós possamos ser vacinados! Gostaria de estar ao lado da minhas Pipocas pra cantar bem alto e comemorar o fim de uma época tão sombria e difícil pra todos nós. A música cura e graças a ciência, chegaremos lá!