Mulungu lança 'O Que Há Lá', seu primeiro álbum, e um documentário
Trabalho da banda formada por Jáder, Guilherme Assis e Ian Medeiros chega às plataformas digitais dia 21 de maio
Em seu disco de estreia, O Que Há Lá, a banda Mulungu consegue imprimir sua essência ao mesmo tempo em que captura elementos do espírito do tempo, como as incertezas e o descompasso entre o desejo e a impossibilidade de o concretizar. O trabalho chega às plataformas digitais nesta sexta-feira (21) e conta com incentivo do Funcultura.
Formada por Jáder e Guilherme Assis, do Recife, mais Ian Medeiros, de Natal, a Mulungu começou a conceber o trabalho em maio de 2018, quando muita coisa já parecia fora do lugar, no âmbito político e social, mas a ruptura profunda causada pela pandemia do novo coronavírus parecia inimaginável.
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As canções de O Que Há Lá carregam uma atmosfera de introspecção, evocando a imagem de um mergulho para dentro de si que a maioria das pessoas precisou, forçadamente, realizar desde março de 2020. Esse processo, no entanto, não surge com peso no trabalho do trio. Pelo contrário: há um clima etéreo, indomável, que atravessa o álbum, podendo ser lido também como uma pulsão de vida, uma memória da rua e dos encontros. Em termos sonoros, há um caldeirão de influências que vão da psicodelia setentista às bases eletrônicas e experimentações quase jazzísticas, como na faixa Ir: Vir.
Não há compromissos com gêneros ou regras e as canções carregam uma liberdade criativa, criando uma experiência sensorial que parece dialogar também com o interesse da banda pela pluralidade, como expressam os clipes lançados pelos artistas, No Ar e Deus Tempo. Os trabalhos têm forte influência das artes visuais (Gabriel Furmiga atua como diretor de arte do álbum) e cênicas.
No disco, cujas edições físicas já estão em pré-venda na Passa Disco e podem ser adquiridas a partir de sexta, o multi-instrumentista Guilherme Assis criou todas as automações para que, mesmo sendo um trio, a banda soasse com a complexidade que eles pretendiam. Já o baterista Ian Medeiros contribuiu com as percussões e também com a sonoridade setentista do disco. O vocalista, Jáder, imprime em suas interpretações a delicadeza e o peso que cada faixa exige, em um equilíbrio árduo, mas plenamente atingido neste trabalho.
Com 10 canções, além de uma faixa-bônus com a audiodescrição da capa e ficha técnica do disco (uma ótima ideia que acaba ganhando um aspecto poético belíssimo), O Que Há Lá conta ainda com vários nomes da cena musical pernambucana, como Una, Luna Vitrolira, Sofia Freire, Felipe Castro e Henrique Albino.
Além do disco, o projeto inclui um minidocumentário que vai ao ar no dia 27, no canal da banda no YouTube, e registra um show-entrevista gravado na Passa Disco, loja de disco fundada por Fábio Cabral de Mello, pai de Jáder. O material tem intervenções visuais de Gabriel Furmiga e direção de Hugo Bonner e Vitor Sormany.