TELEVISÃO

Com torre de Niemeyer, antiga sede da TV Manchete em Pernambuco vai a leilão

Torre da extinta emissora foi a primeira obra projetada, desenha e construída por Oscar Niemeyer em Pernambuco

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Emannuel Bento

Publicado em 15/10/2021 às 20:14 | Atualizado em 25/10/2021 às 23:34
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Na mesma semana em que a marca Rede Manchete e o seu arquivo de 25 mil fitas foram arrematados por R$ 500 mil por um comprador anônimo, o terreno de oito hectares da antiga sede da emissora em Pernambuco também está sendo ofertado num leilão online, com lances mínimos de R$ 236 mil - um desconto de mais de R$ 500 mil reais do valor de avaliação, que é de R$ 788 mil. Os lances podem ser realizados até a próxima segunda-feira (18), às 14h30. As informações são do site da Faro Leilões, que está realizando o leilão online.

Situado em Ouro Preto, em Olinda, o terreno está indo a leilão pela 3ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo. O espaço pertence à massa falida da Manchete, que fechou em 1999, sendo composto por duas áreas: uma torre de transmissão e um prédio térreo. A torre foi projetada, desenhada e construída pelo renomado Oscar Niemeyer (1907-2012), sendo a primeira obra do arquiteto em Pernambuco.

A construção da torre tem formato de linhas curvilíneas tanto na base como no corpo e no topo, sendo ocupada até o ano de 2017 pela Rede TV. Hoje, com o sinal digital, a torre de transmissão elevada perdeu a sua funcionalidade. 

O antigo dono da Manchete, o empresário ucraniano naturalizado brasileiro Adolpho Bloch, pediu que Niemeyer elaborasse os projetos dos complexos da emissora no Rio de Janeiro, em São Paulo, Minas Gerais, Ceará e Pernambuco. O projeto original ainda previa um prédio de dois andares e um anfiteatro de 2 mil lugares. No entanto, só uma guarita foi construída. O resto nunca saiu do papel, já que a Manchete sofreu graves crises.

Em 2013, a Sociedade Olindense de Defesa da Cidade Alta (Sodeca) solicitou ao Conselho de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda o tombamento da torre da Manchete. Em 2017, o presidente da Associação da Imprensa de Pernambuco (AIP), Múcio Aguiar, também solicitou um pedido de tombamento estadual da torre, junto à Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).

ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
Niemeyer projetou todos os prédios da rede de TV de Adolpho Bloch - ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM

Em junho de 2018, cerca de 60 famílias do bairro de Ouro Preto ocuparam o terreno em volta da torre de transmissão. Foi quando o Conselho de Preservação do Sítio Histórico de Olinda solicitou a abertura do processo municipal de tombamento da antiga torre da TV Manchete e do terreno de oito hectares. O pedido de inclusão do espaço como área de proteção foi feito pela Sodeca junto com a AIP.

Até 2020, o número de famílias na invasão passava de 200. O texto informativo sobre o lote da Faro Leilões cita que "a edificação da torre perdeu o valor comercial, ou seja, o valor de venda”, e que as invasões e implantação de comunidades no entorno da área acabou "desvalorizando o valor do terreno, não tendo utilização para outras edificações".

Leilão de acervo

A marca da Rede Manchete e o arquivo de mais de 25 mil fitas da emissora, que encerrou suas atividades em 1999, foram arrematados por R$ 500,5 mil em leilão online encerrado na tarde desta quinta-feira (14). A identidade dos arrematantes não foi divulgada até o fechamento desta edição pela Faro Leilões, responsável pelo leilão. Um mesmo usuário - que pode ser uma pessoa física ou jurídica - adquiriu tanto as fitas de telenovelas como também a marca da Manchete.

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