Geraldo Azevedo e Chico César estreiam turnê juntos no Recife: "Nosso canto sempre foi de esperança"
O projeto "Violivoz" traz os titãs da música nordestina juntos o tempo todo no palco, com canções que dão liberdade para brincar com o violão; artistas conversaram com o JC
Nascida da admiração mútua por trabalhos artísticos, a amizade entre Geraldo Azevedo e Chico César, titãs da música nordestina, se materializa nos palcos nesta sexta-feira (29), marcando a retomada dos shows do Teatro Guararapes, em Olinda. Pernambuco foi o estado escolhido para iniciar a turnê "Violivoz", que também passará pelo Rio Grande do Norte no sábado (30) e no domingo (31), seguindo em turnê nacional até janeiro. Também será o retorno de ambos ao estado desde o início da pandemia.
O "Violivoz" nasceu durante uma noitada de violão a dois, na casa de Chico, em São Paulo. "Desde que nos conhecemos, nos sentimos muito admirados um pelo outro. Nos juntar nessa parceria é maravilhoso", diz Azevedo, aos 76 anos. "Nos conhecemos pessoalmente por conta de Pernambuco, pois eu estava fazendo um show de frevo com banda lá em São Paulo e ele foi assistir. Mais recentemente, ele nos convidou para ir a sua casa, num jantar, e ali começamos a tocar juntos. Daí surgiu a ideia. Fomos tocando a ideia juntos e a coisa foi se concretizando."
Os artistas escolheram canções que dessem liberdade para brincar com o instrumento, a exemplo de "Bicho de 7 Cabeças", "Meu Pião", "Mama África", "Dia Branco", "À Primeira Vista" e "Menina do Lido". "Essa escolha também parte dessa admiração que temos pelas músicas um do outro, mas obviamente nem todas as músicas desejadas puderam entrar, porque o nosso repertório é bastante amplo", diz Chico César, 57.
"A pandemia nos obrigou a dar uma pausa longa. Quando retornamos, retornamos com muito foco. E isso resulta num show em que estamos usando o palco o tempo todo. Por um tempo pensamos em algum sair e ficar só o outro, mas agora serão os dois no palco, o tempo todo juntos", continua o Chico. "O nosso canto sempre foi de esperança, quando cantamos juntos, trazemos as pessoas para um lugar de esperança, de alegria. Acho que isso é fundamental. As pessoas celebram que podemos cantar de novo, todos juntos." Sobre o "retorno", Geraldo admite estar até ansioso: "Estou com um frio na barriga para mostrar de novo essa nossa interação com a vida ao público."
A turnê é, também, um encontro de gerações. Chico César era adolescente quando foi impactado pelo violão de Azevedo. "Para a juventude nordestina, a partir dos anos 1970, o Geraldo é uma referência muito forte, assim como o Baden Powell e João Gilberto foram para a música brasileira nos tempos em que apareceram. Quando ouvimos o disco Alceu Valença & Geraldo Azevedo (1972), entendemos que podíamos fazer um violão que trouxesse a mágica e o encantamento do Nordeste", diz Chico.
"Ele trouxe um tipo de violão que acompanha a entonação da voz, com compassos inusitados", continua. "Para os nordestinos, a palavra é muito importante. Ter uma música que possa apoiar isso veio do violão e da canção de Geraldo Azevedo. Ele está emparelhado com o Gilberto Gil. Também podemos citar o Djavan, o João Bosco, de uma forma mais ampla. No Nordeste, o violão do Geraldo é fundamental."
Já Geraldo conheceu o trabalho de Chico César através do paraibano Carlos Bezerra, o "Totonho", que era, tal como Chico César, uma "cria" do grupo de música de vanguarda paraibano Jaguaribe Carne, liderado em João Pessoa por Pedro Osmar e Paulo Ró. "Eu fiquei encantado. Depois que conheci Chico nessa viagem que ele fez em São Paulo, ele lançou o 'Ao Vivos' (1995) e meu olho brilhou. Aquelas falas dele… Eu o procurei e comprei duas caixas desse disco dele, distribui na França, na Suécia, fui o maior divulgador do Chico. Tanto que fiquei sem disco nenhum (risos). Fiquei sonhando em parceria, é tanto que nos apresentamos e estamos aqui lançando um show juntos", finaliza.
SERVIÇO
Geraldo Azevedo e Chico César em "Violivoz"
Onde: Teatro Guararapes - Centro de Convenções de Pernambuco
Quando: nesta sexta-feira (29), às 21h
Quanto: R$ 180 (plateia), R$ 90 (meia), R$ 140 (balcão), R$ 70 (meia), à venda no Eventim
Informações: 81. 3182-8020
CONFIRA A AGENDA COMPLETA
29/10/2021 | Recife - Teatro Guararapes
30 e 31/10/2021 | Natal - Teatro Riachuelo
12/11/2021 | Aracaju - Teatro Tobias Barreto
13/11/2021 | Maceió - Teatro Gustavo Leite
02/12/2021 | Porto Alegre - Auditório Araújo Vianna
04/12/2021 | Rio de Janeiro - Circo Voador
14 e 15/01/2022 | Salvador - Teatro Castro Alves
21/01/2022 | João Pessoa - Teatro Pedra do Reino
22/01/2022 | Fortaleza - local a confirmar
*Datas e locais sujeitos a alterações.