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Conheça o trabalho de Fred Jordão, fotógrafo que quer mostrar as riquezas do Sertão Nordestino

A exposição "Sertão" será exibida no Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda, a partir desta quinta

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Bruno Vinicius

Publicado em 03/11/2021 às 16:07 | Atualizado em 03/11/2021 às 16:12
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A partir da centralização no personagem de Juliette no "Big Brother Brasil 21", o debate em torno do imaginário do Nordeste ganhou ainda mais forças neste ano. Entre os debates, a pergunta: que outras narrativas sobre a região são possíveis no século 21? Tratando-se do Sertão, microrregião mais marginalizada e estereotipada na literatura, esse questionamento precisa ser ainda mais afinado. Pensando dessa forma que o fotógrafo pernambucano Fred Jordão quis propor um novo sentido para o local predominado pelo clima semiárido com a exposição "Sertão".

A mostra ficará exibida no Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda, no Grande Recife, a partir desta quinta-feira (4), às 19h. O público presenciará uma sequência de fotografias que mostram o lado inverso do que sempre foi explorado do Sertão: pobreza, morte, carcaça de bichos e terra seca. Uma literatura que alimenta um imaginário que passa da fotografia ao audiovisual.

Com a exposição, Fred quer salientar como a região foi transformada nas últimas décadas, chegando a uma local que mistura o novo e o tradicional no século 21. "Vejo o Sertão como um território repleto de inquietações e ebulições. As transformações que vêm acontecendo nas últimas décadas criaram camadas distintas – o velho e o novo, o moderno e o arcaico convivem numa simbiose original. O Sertão permanece tradicional e ao mesmo tempo desperta moderno", comenta o fotógrafo.

Fred Jordão
Fotografia da exposição "Sertão", de Fred Jordão - Fred Jordão

A reunião é fruto de um trabalho desenvolvido por Jordão desde a década de 1990, da Bahia ao Piauí, resultando em 110 fotografias. Elas foram extraídas do livro "Sertão Verde – Paisagens", de 2012, do documentário "Sertão Século 21", em produção; além de viagens e pesquisas desenvolvidas pelo autor durante os últimos 25 anos.

Ele relata o impacto da chegada da eletricidade em zonas rurais, que ele acompanhou desde o início, no cotidiano dos sertanejos. "Primeiro a geladeira, depois a televisão e por fim a internet. Em menos de 20 anos, o sertão inteiro se conectou com a modernidade, criando um encontro inusitado entre o arcaico e o contemporâneo. O vaqueiro encourado tangendo o gado numa motocicleta sintetiza esse novo sertão. O celular, a camisa do Barcelona, o tênis da Nike, o cabelo descolorido. Não há porteiras que separem estes sertões", conta Fred Jordão.

Leituras do Sertão

De certa forma, para chegar ao resultado da exposição, Fred Jordão teve uma trajetória de trabalho com o Sertão diferente do que habitualmente a mídia do Sul e Sudeste expõe sobre a região. Documentários e visitas técnicas para documentação pela Codevasf e Articulação do Semi-árido-ASA. Livros também foram lidos durante as viagens: Graciliano, Raquel de Queiroz, José Lins do Rego, Euclides e Ariano Suassuna, tido como "regionalistas", foram apreciados pelo fotógrafo.

 

Fred Jordão
Exposição quer mostrar outros olhares para o Sertão - Fred Jordão
Fred Jordão
Exposição quer mostrar riquezas do Sertão - Fred Jordão
Fred Jordão
Fotografia da exposição "Sertão", de Fred Jordão - Fred Jordão

Exposição

A exposição “Sertão” seguirá em cartaz até o dia 4 de fevereiro de 2022 e tem o patrocínio do Governo do Estado de Pernambuco, através do Funcultura e conta com o apoio da Cepe Editor e do Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa, por meio da Agência de Desenvolvimento de Pernambuco – Adepe, ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco. Visitantes podem ir ao local de terça a domingo das 9h às 17h.


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