Hotel Central recebe noite de autógrafos com o poeta Miró da Muribeca

"Sou um poeta-cronista, não sou um poeta clássico. Sou uma pessoa da rua, um poeta da rua", reforça Miró da Muribeca quando perguntado sobre as principais lembranças do que viu nos meses de 2018 em que esteve hospedado em um quarto do Hotel Central, cujo inconfundível prédio quase cor-de-rosa está localizado bem no coração do bairro da Boa Vista, centro do Recife.

A polícia, os meninos à mercê da sorte e suas latas de cola, além dos pedestres a caminho do Imip (Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira) são algumas das cenas que o poeta guardou na memória, além de eternizar em O Céu é no 6° Andar (Editora Claranan, 84 páginas, R$ 30).

O livro chegou a público em agosto, mas somente com lançamento digital, ainda por conta da pandemia. Hoje, no entanto, ganha o evento em versão presencial, com direito à noite de autógrafos com o autor. A recepção acontecerá junto ao projeto Rosa Com Vida, com quitutes preparados por Rosa Maria, chef do Tempero da Rosa, localizado no térreo do hotel. O grupo Samba de Raíz fará show.

O clima de festa celebra, claro, a obra mas também a vida de Miró da Muribeca - se é que em algum momento seja possível separá-las -, cujo primeiro livro, Quem Descobriu o Azul Anil?, data de 1985. Foram várias as publicações desde então, incluindo os mais recentes Miró Até Agora (Interpoética/Fundarpe), de 2013, e O Penúltimo Olhar Sobre as Coisas (Mariposa Cartonera), de 2016.

Por telefone, Miró conta que parte dos novos textos foram escritos também na clínica em que esteve cuidando da saúde por conta do alcoolismo. O livro teve coordenação editorial feita pela dupla Sennor Ramos (que assina ainda a diagramação) e Cida Pedrosa. A poeta e vereadora aparece já nas primeiras páginas, em bonito texto de abertura para os versos contundentes que seguem. A admiração entre os dois fez com que Miró a apelidasse de mãe. "Cida é uma das pessoas mais importantes na minha vida em relação à minha poesia, por isso surgiu esse nome de 'minha mãe branca'", conta ele.

"Às vezes penso / Que ele não gira bem / Fica horas e horas / A espiar o mundo / Pela janela"

- Miró da Muribeca em O Céu é no 6° Andar

"Toda vez que Miró lança um livro é uma celebração. Estamos celebrando a vida", complementa Cida Pedrosa sobre a parceria fraterna e profissional com o amigo. "É uma felicidade ver nosso poeta Miró lançando um livro presencial, isso pós-pandemia. Um dos primeiros lançamentos ser o dele é muito bacana porque a gente ficou tão afastado... vai ser aquela festa linda. O livro é muito bacana, o projeto gráfico de Sennor Ramos também, os poemas são incríveis. E é muito simbólico ele lançar no hotel, que dá título e é capa [da obra]".

No livro, as palavras de Cida condensam bem a interpretação compartilhada por muitos que esperam ansiosamente por mais escritos do poeta: "Completamente focado no seu fazer poético. Dono e senhor da sua narrativa, da sua verve, dos seus feitos-desfeitos-defeitos. Um poeta que sabe o caminho e a dança das palavras. Escreve de si para o mundo e do mundo para si".

"Olhou para todas as ruas / E não sabia / Para onde ir / Ficou ali / As ruas foram embora / O dia amanheceu / E ele / Ficou"

- Miró da Muribeca em O Céu é no 6° Andar

EXPERIÊNCIA VIRTUAL

Figura imediatamente ligada à urbanidade tátil que faz nascer para os outros seu olhar único sobre a cidade, as relações, barulhos e silêncios coletivos ou particulares, Miró da Muribeca gostou da experiência de encontrar leitores e alunos através das telas. Em julho, foi anfitrião na oficina online Como Nasce Um Poema, com trocas sobre a gênese de alguns de seus mais famosos. "Foi demais", recorda. "Queremos fazer outra em breve". O Céu é no 6° Andar está à venda também através de contato por WhatsApp, no número (81) 99710-0328.

SERVIÇO:

Lançamento presencial de O Céu é no 6° Andar, de Miró da Muribeca. Hoje, a partir das 18h, no Hotel Central (Av. Manoel Borba, 209, Boa Vista). Informações: 98533.7384 e 3039.7733.