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Francisco José se pronuncia sobre demissão da Globo: 'Acho triste essa política de renovação'

"Se fosse para sair feliz eu teria saído antes, pedido [para sair]', disse jornalista em entrevista à Mônica Bergamo

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Bruno Vinicius, Emannuel Bento

Publicado em 29/11/2021 às 19:51 | Atualizado em 30/11/2021 às 14:44
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O jornalista Francisco José se pronunciou publicamente sobre a demissão da TV Globo em entrevista à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, nesta segunda-feira (29). "Eu estou triste, claro, foram 46 anos na emissora. Não posso fingir e dizer para você que estou feliz, porque não estou. Se fosse para sair feliz eu teria saído antes, pedido [para sair]", disse. A Globo comunicou que ele e o também veterano Renato Machado estavam se desligando da empresa, de comum acordo.

"O acordo que é feito entre as partes é tão vantajoso que a gente não tem como dizer não", admitiu Francisco. "Há dois, três anos o Ali [Kamel, diretor de jornalismo da Globo] me disse que a empresa estava com a política de renovação do quadro de funcionários. Eu sei que nós mais antigos temos os salários mais altos", continuou. "Acho triste essa política de renovação, muitos dos que estão saindo são mestres do telejornalismo."

Apesar da tristeza, Francisco reforçou que não está magoado com a Globo e que só "tem a agradecer". "Não foi um processo litigioso. Não posso falar de uma emissora que me deu tudo. Mas estou triste, claro". Ele também contou que ficou surpreso com a carinho recebido após a divulgação da demissão. "Desde manhã meu telefone não para. Estou surpreso com o carinho, muitos colegas, muitas pessoas estão me ligando e mandando mensagens para falar que estão tristes."

Carta de Ali Kamel

De acordo com o site Notícias da TV, o diretor de jornalismo da emissora, Ali Kamel, emitiu um comunicado para os jornalistas por e-mail. "Chico José, cearense de Crato, começou a trabalhar como jornalista em 1966 no Jornal do Commercio do Recife, antes mesmo de a profissão ser regulamentada, como ele gosta de frisar. Pelo jornal, Chico cobriu duas Copas do Mundo e chamou atenção de Armando Nogueira, que o convidou para ser repórter e apresentador do Globo Esporte. O programa começaria a ser exibido na capital pernambucana. Depois de estrear em frente às câmeras, em 1975, achou que a TV não era para ele".

O diretor finalizou o e-mail, agradecendo o profissionalismo de José, que foi o primeiro repórter da região a aparecer no Jornal Nacional, principal jornalístico da Globo. "Eu agradeço ao Chico José, cearense do Crato, cidadão de Pernambuco, jornalista do Brasil, por todo o legado que nos deixa e por tudo o que fez pelo nosso jornalismo. Em meu nome, no nome da Globo e no de seus colegas", disse o comunicado.

Relembre a carreira de Francisco na Globo

Apesar de começar a carreira em jornalismo como repórter de esportes deste JC, Francisco José construiu uma carreira de mais de 4 décadas - confundindo com a própria história da Globo Nordeste, atual Globo Pernambuco. Durante anos, ficou reconhecido por cobrir a seca na região. Atuou como repórter especial para o "Fantástico" e "Globo Repórter".

"No início, a palavra 'fome' era proibida pela censura. Mas bastava gravar uma panela vazia para dizer tudo. No meu trabalho mostro também o lado bonito do Nordeste. Mas o lado feio é tão marcante que é o que costuma ficar na memória das pessoas", relembrou ele, ao projeto Memória Globo.

Um dos episódios mais impactantes na trajetória de Francisco José aconteceu no Recife, na cobertura de um assalto a banco em 1987. Uma mulher grávida estava sendo ameaçada com um revólver na cabeça. O repórter, então, propôs a ficar como refém no lugar dela e realizou uma enorme e tensa perseguição que terminou em Salvador.

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