Centenário de Enéas Freire, fundador do Galo da Madrugada, é celebrado com programação. Confira
Cem anos do nascimento do folião contará com shows na Sede do Galo, lançamento de documentário e cerimônia na casa em que o recifense cresceu
Bairro da gênese urbanística do Recife, São José também guarda muitas histórias e memórias do carnaval da capital do frevo. Há 100 anos, em 1921, foi lá que nasceu Enéas Freire, criança que cresceu entre as troças da área, sobretudo no Pátio do Terço. Já adulto, em 1978, ele fundou um símbolo brasileiro do carnaval de rua: o Galo da Madrugada, que toma os bairros centrais no Sábado de Zé Pereira.
O seu centenário será celebrado nesta quinta-feira (2) com uma programação que envolve o lançamento do documentário "O Galo canta e anuncia: 100 anos de seu Enéas", dirigido por Anderson Maia, e apresentações na sede do Galo da Madrugada, em São José.
As cerimônias começam às 16h, com a entrega de uma placa que será fixada na casa onde Enéas nasceu, no Pátio do Terço, número 34, em São José. A cerimônia de inauguração contará com a apresentação da Orquestra Mirim do Galo e do grupo Saltos CIA de Dança. Outra placa também será erguida na sede do Galo.
"Estamos celebrando o centenário daquele que foi o grande divisor águas do carnaval de rua do Recife. Com o Galo da Madrugada, Enéas devolve a folia as ruas da nossa cidade para todos os foliões", diz Gustavo Travassos, um dos filhos do folião.
"Ele uma personalidade marcante, espetacular e brincalhão, e de uma simplicidade impressionante. Além disse tinha como sua maior característica, o amor pelo carnaval", diz Rômulo Meneses, atual presidente do Galo. "Desde criança desde sempre ele se envolveu na folia. Por isso esse amor pelo carnaval antigo e tradicional que acontecia no Centro do Recife, na Rua Nova, nos Clubes Antigos. Ele sempre teve na memória, aquele carnaval gostoso, da década de 40 e sempre trouxe com ele esse DNA, do carnaval antigo."
Documentário
Lançado no YouTube, o longa-metragem "O Galo canta e anuncia: 100 anos de seu Enéas" foi montado com imagens de arquivo pessoal e depoimentos de personalidades que acompanharam de perto a trajetória de Freire.
Com 50 minutos de duração, conta com entrevistados como Mauro Freire, Antônio Carlos, Ana Nery Meneses e Gustavo Travassos, Rômulo Meneses e dos dos netos Guilherme e Rodrigo Menezes, além do jornalista Francisco José, artistas, cantores e amigos.
"O filme é um convite do maior bloco de carnaval do mundo, para conhecer um pouco da vida e obra do seu criador e pai, o saudoso Neinha, que se vivo, estaria completando 100 anos”, diz Anderson Maia, diretor do longa.
Programação na Sede do Galo
O tradicional Quintas no Galo receberá uma edição especial para celebrar a ocasião, a partir das 20h. A programação terá Spok, André Rio, Bia Villa-Chan, Almir Rouche, Marrom Brasileiro, Gustavo Travassos, Nonô Germano, Quinteto Violado, Gui Menezes, Asas da América, Luará, Ed Carlos, Coral Edgar Moraes, Gerlane Lops, Maestro Forró, Nena Queiroga, Orquestra Maestro Lina Neto e diversos outros blocos e agremiações.
A sede da agremiação, localizada na Rua da Concórdia, em São José, rebecerá um repertório com muito frevo, folia e carnaval. Os ingressos variam entre R$ 200 (mesa para quatro pessoas) e R$ 40 (individual) e podem ser adquiridos na sede do bloco ou através do Sympla. Conforme o protocolo do Governo do Estado, a capacidade de público do evento é limitada e de acordo com a disponibilidade de mesas, único formato para música ao vivo em bares e restaurantes.
História
Sétimo e último filho do comerciante e tenente Enéas Garcia Freire e da dona de casa Bernardina de Lima Alves Freire, o garoto de São José aprendeu a valorizar a cultura de sua terra desde criança. Os pais, que costumavam acompanhar as troças do bairro, carregavam o caçula nos braços, com menos de um ano de idade. Naquela época, o Pátio do Terço já era considerado um dos principais polos de animação do carnaval recifense.
Enéas realizou o primeiro desfile do Galo no dia 23 de janeiro de 1978, às 5h, nas ruas do bairro de São José, no Recife, e reunindo 75 foliões. Em 1979, o número de foliões subiu para 350, número que continuou a crescer nos anos seguintes. Em 1991, o número de foliões ultrapassava um milhão.
O ex-presidente do Galo faleceu no dia 9 junho de 2008, vítima de parada cardiorrespiratória. Além dos quatro filhos, deixou também oito netos que, junto com familiares e amigos, compõem a atual diretoria da agremiação que mantêm vivo o sonho que o eterno Enéas construiu e presenteou o carnaval do Recife. O Galo da Madrugada segue sendo o maior bloco de rua do carnaval da capital.