ARTES PLÁSTICAS

Grafiteira Nathê Ferreira abre rifa para participar de festival de arte urbana internacional

Artista pernambucana foi selecionada para o maior festival de arte urbana da América Latina

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Bruno Vinicius

Publicado em 10/02/2022 às 16:05 | Atualizado em 11/02/2022 às 18:20
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Cria da Cohab I, em Jaboatão dos Guararapes, Nathê Ferreira, de 27 anos, sempre teve relações muito próximas com a arte e a cultura popular. Foi costurando as próprias bonecas e assistindo desenhos animados na televisão que a artista desenhou suas referências do que queria ser hoje. Recém-formada em artes visuais pela Universidade Federal de Pernambuco, a grafiteira e educadora social será uma das duas representantes brasileiras no 14º Festival Internacional Nosotras Estamos En La Calle, no Peru, o maior festival de arte urbana da América Latina. Apesar de garantir o ingresso ao circuito, Nathê está mobilizando uma campanha para conseguir custear sua viagem à Lima - cidade em que acontece o festival.

Em movimento social há 10 anos, sendo sete destes dedicado ao graffiti, Nathê constrói seus trabalhos a partir da representação feminina negra na rua, na academia ou na internet. O festival Nosotras Estamos En La Calle é uma das possibilidades dela colocar essas representações internacionalmente. "O Festival Nosotras Estamos En La Calle é um dos únicos eventos desse porte nas Américas, que realiza na semana do Dia Internacional da Mulher, um encontro com centenas de artistas urbanas, seja do graffiti, teatro, poesia e educação e eu fui uma das convidadas à representar Pernambuco e o Brasil nesse projeto", disse Nathê.

Embora tenha conseguido passar para representar o País no festival, a grafiteira precisa de recursos para conseguir custear suas passagens. Ela abriu nas redes sociais uma espécie de campanha para arrecadar o dinheiro, em uma meta mínima de R$ 4,5 mil, com uma rifa virtual. A rifa custa R$ 20, dando direito a concorrer a um Print FineArt - uma cópia em alta qualidade impresso com técnicas especiais que duram pra sempre-, arte Original feita inspirada na viagem emoldurada, 1 camisa,  adesivos e 1 lembrancinha de viagem que ela trará do Peru. Quem quiser contribuir, pode comprar artes da artista, que possui um perfil no Instagram (@natheferreira__), além de doações por pix (nath.c.ferreira@gmail.com).

Nathê chegou a fazer um ofício, solicitando recursos em R$ 3,5 mil, aos apoiadores. Mas como o circuito já acontece em menos de um mês, talvez demore para que ela seja reembolsada. Com a ajuda de parte da rifa, que ela conseguiu metade do valor, conseguiu comprar uma passagem de ida - sem cobertura de de reembolso, nem seguro e nem despacho de bagagem.

Trabalhos

A dificuldade de Nathê em conseguir representar o País para a América Latina não condiz com o histórico artístico dela. "Sou grafiteira e educadora há 7 anos, integrante de movimento social há 10 anos, usando a arte Urbana e a educação popular em diversas ações e coletivos de mulheres, de favela, juventudes, da negritude e cultura popular, como os grupos ONG Cores do Amanhã; Afronte Coletivo; Trovoa; Faça Amor, Não Faça Chapinha e Maracatu Xangô Alafim. Atualmente produzi um dos maiores painéis grafitados por uma mulher no Recife, que se encontra no Túnel da Abolição (550 metros totais), no bairro da Madalena", aponta a artista.

 

Ale Oliveira/Divulgação
Nathê Ferreira representa o Brasil em festival de arte urbana no Peru - Ale Oliveira/Divulgação
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Nathê Ferreira representa o Brasil em festival de arte urbana no Peru - Ale Oliveira/Divulgação
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Nathê Ferreira representa o Brasil em festival de arte urbana no Peru - Ale Oliveira/Divulgação
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Nathê Ferreira representa o Brasil em festival de arte urbana no Peru - Ale Oliveira/Divulgação
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Nathê Ferreira representa o Brasil em festival de arte urbana no Peru - Ale Oliveira/Divulgação
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Nathê Ferreira representa o Brasil em festival de arte urbana no Peru - Ale Oliveira/Divulgação
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Nathê Ferreira representa o Brasil em festival de arte urbana no Peru - Ale Oliveira/Divulgação
PRISCILLA MELO/DIVULGAÇÃO
Nathê Ferreira criou uma amazona alada em homenagem às mulheres do seu entorno - PRISCILLA MELO/DIVULGAÇÃO

Ela também participou de exposições coletivas no Museu da Abolição, Galeria Capibaribe, Museu Murillo La Greca e o SESC Santana (SP). Em 2021, foi uma das artistas brasileiras selecionadas na exposição Enciclopédia Negra, na Pinacoteca de São Paulo. A mostra foi um desdobramento do título publicado pela Companhia das Letras, no mesmo ano. Nathê retratou as "Mulheres Amancebadas de Minas Gerais", três mulheres negras que viveram seus amores sem se casar na igreja no século XIX.

"Sou de Jaboatão e nunca tive um apoio financeiro,  nem consegui fazer um trabalho por lá. Já fiz em Recife, em São Paulo, em Salvador, e tantos outros municípios do Nordeste e Sudeste, mas aqui não. Não tem políticas públicas de apoio a artistas, não tem editais de incentivo acessíveis e equipe de empresas que patrocinam artistas como os estados lá de baixo. Faço tudo pelo corre coletivo e com as pessoas que me fortalecem", critica Nathê.

"Já dei oficinas voluntárias em diversos espaços de vulnerabilidade, comunidades, mulheres em situação de violência, escolas públicas, funases, casas de acolhimento, presídios femininos. Isso tudo por acreditar também que fui uma jovem em vulnerabilidade social, que teve acesso à arte e formação universitária como uma forma de Ascenção social e mental, porque eu subi na pirâmide por conta do Hip Hop, ultrapassei estatísticas e gostaria de mais pessoas parecidas comigo subindo também", complementa a artista.

Dados bancários:

Pix: nath.c.ferreira@gmail.com

PicPay: nathcferreira 

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