POESIA

Pernambucana que participará de campeonato mundial de poesia abre financiamento coletivo

Sendo a primeira mulher a vencer a seletiva portuguesa em sete edições, o percurso de Carol para chegar à França não tem sido fáci

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Bruno Vinicius

Publicado em 18/02/2022 às 19:56 | Atualizado em 18/02/2022 às 20:00
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Entre tantas possibilidades de ser, a historiadora e educadora popular Carol Braga, de 29 anos, escolheu a poesia como sua forma de expressão ao mundo. A recifense, que foi a Portugal fazer um doutorado em história na Universidade de Coimbra, acabou como representante do país ibérico no Campeonato Mundial de Poetry Slam - evento que é realizado anualmente em Paris. Sendo a primeira mulher a vencer a seletiva portuguesa em sete edições, o percurso de Carol para chegar à França não tem sido fácil. Além de ser alvo de xenofobia, a poeta voltou ao Recife, ficando sem as passagens para a capital francesa - já que a competição paga os custos referentes ao país a que ela representa.

O Poetry Slam é um campeonato de poesia falada, em que poeta se apresenta em três minutos com seu texto autoral. Na seletiva regional, Carol venceu em julho do ano passado, mas teve que regressar à cidade em setembro. Já fazia dois anos que ela não pisava em solo pernambucano. Ela havia imigrado para mudar de vida e estudar, mas os objetivos não foram alcançados. "A gente volta pra nossa terra e nós, trabalhadoras e trabalhadores, seguimos sem dinheiro e sem emprego", diz a poeta, que agora faz doutorado na Universidad de Buenos Aires, na Argentina.

Para vencer o Slam em Portugal, Carol Braga também teve que vencer a xenofobia, o racismo e o machismo que as mulheres brasileiras sofrem no país europeu. Temáticas que estavam presentes na sua própria poesia no Poetry Slam. "E as imigrantes brasileiras elas são muito violentadas. Sinceramente lá em Portugal é uma vivência muito difícil. Ainda mais eu, enquanto uma mulher racializada e do nordeste do Brasil, então tinha muitas relações intrínsecas ali", explica ela, a primeira mulher vencedora nesse formato atual. "Eu fui a primeira mulher a vencer o Festival Nacional de Poesia e Performance Portugal.SLAM! Outras mulheres já chegaram a representar o país em Paris, mas eu fui a primeira a ganhar", conta.

"Mais do que isso, as poesias com as quais eu ganhei o festival nacional eram com mensagens de denúncia, violência, xenofobia, racismo e também sobre violência de gênero. Foram todas com teor anticolonial e esse debate é muito fraco em Portugal. São levados pelos imigrantes de África e os brasileiros. E quando a gente leva uma poesia anticolonial e política para um SLAM é muito chocante em Portugal. Criou uma nova cultura para o Poetry, isso ficou muito claro, principalmente com as pessoas de Coimbra", disse Carol Braga.

FINANCIAMENTO

Com a volta ao Brasil, Carol abriu um financiamento coletivo na plataforma Catarse para arrecadar os fundos para custear a viagem à Paris. A poeta tem como meta R$ 4,6 mil, dos quais já foram arrecadados R$ 3,7 mil. A campanha coletiva segue até o próximo domingo, com doações a partir de R$ 10,00. Caso não consiga arrecadar, "Aí eu não consigo ir participar do Mundial. Porque a organização do Poetry Slam World Cup só garante a passagem do país que a pessoa ganhou o campeonato nacional para a França, ou seja, no meu caso de Lisboa para Paris. Então, eu preciso dessa ajuda de vocês para me ajudarem a chegar de Recife até Lisboa", aponta a artista no texto do financiamento.

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