ANÁLISE

Paulinha Abelha: entre as cantoras das bandas de forró, ela foi uma das maiores

Ao lado da Calcinha Preta, cantora viveu um sucesso meteórico nos anos 2000, caindo no gosto do mercado nacional

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Emannuel Bento

Publicado em 23/02/2022 às 21:28 | Atualizado em 24/02/2022 às 8:40
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Paulinha Abelha prendia todas as atenções quando entrava em cena nos grandes DVDs da Calcinha Preta, banda sergipana que varreu o Nordeste na primeira metade dos anos 2000. Era muito através dessas gravações audiovisuais, bastante pirateadas, que a banda conseguiu expandir o seu público. Com seu vocal, presença de palco, carisma e sensualidade, Paulinha era um elemento vital naquela formação da Calcinha.

A cantora, que faleceu aos 43 anos na noite desta quarta-feira (23), após passar dias internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular de Aracaju (SE), viveu um sucesso meteórico ao lado do grupo. A Calcinha antecipou uma nova ascensão do forró eletrônico no final daquela década, com a entrada da música "Não Vale Nada" na novela "Caminho das Índias" (2009), de Glória Perez, na TV Globo.

Naquele mesmo ano, o grupo chegou a se apresentar com Roberto Carlos no especial de ano novo da emissora. Depois disso, Aviões do Forró assinou com a Som Livre em 2010. Wesley Safadão, que explodiu no Nordeste com a Garota Safada, só veio se consolidar no país anos depois.

Após várias reformulações na formação, o que é comum em bandas de forró, a Calcinha Preta retornou ao seu quadro mais famoso (Paulinha, Daniel Diau, Silvânia Aquino e Bell Oliver) e gravou um DVD no começo de 2020, com Wesley Safadão, Gusttavo Lima, Márcia Fellipe e Raí Saia Rodada. Um grande retorno adiado, pois logo veio a pandemia. Com a retomada, fizeram show no Recife em 22 de janeiro deste ano.

Paula de Menezes Nascimento Leca iniciou a sua trajetória artística aos 12 anos de idade. Começou a cantar em trios elétricos em cidades do interior de Sergipe, estado onde nasceu e cresceu. Ela teve toda uma trajetória de trabalho até chegar na Calcinha Preta.

Nos anos 1990, década marcada pela explosão do forró eletrônico, muito por conta das bandas do cearense Emanuel Gurgel, Paulinha vagou por diversos grupos, a exemplo do Flor de Mel, que atuou durante três anos, mas não conquistou o mercado. Ainda participou do Panela de Barro, acumulando mais experiência vocal.

Só em 1998 foi descoberta por Gilton Andrade, empresário e diretor da Calcinha Preta. Com a banda, chegou a gravar 22 álbuns e três DVDs, sendo uma das grandes vocalistas femininas do ritmo. Ela foi responsável por interpretar sucessos como "Louca por Ti", "Vou Te Dominar", "Armadilha", "24 horas de Amor" e "Baby Doll", também conhecida pelos recifenses na voz de Michelle Melo.

Em 2010, se desligou da Calcinha para integrar a banda GDO Forró, onde ficou apenas alguns meses. Ao lado do então marido, Marlus Viana, também ex-integrante da Calcinha, formou o projeto Paulinha & Marlus. Com Silvana Aquino e Daniel Diau, participou do trio Gigantes do Brasil. Silvana e Paulinha também chegaram a formar uma dupla. A verdade é que os ex-integrantes da Calcinha quase sempre estiveram juntos no palco, mesmo quando se dissociavam da marca.

O reencontro da formação mais querida agora é impossibilitado pela morte precoce de uma cantora talentosa e muito querida por aqueles que consomem e conhecem o forró eletrônico, para além de modismos do mercado. A sua marcante imagem naqueles DVDs nostálgicos, no entanto, seguirá viva na memória de todos que cantaram, dançaram e se divertiram ao som da Calcinha.

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