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"Zelensky superstar": canais de todo o mundo procuram a série do "herói" ucraniano

Na série, Volodymyr Zelensky - que é ex-comediante - interpretava justamente o presidente do país

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AFP

Publicado em 10/03/2022 às 11:11 | Atualizado em 14/03/2022 às 17:04
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Os telefones de uma pequena empresa de direitos audiovisuais de Estocolmo não param de tocar e todos querem a mesma coisa: exibir a série do ex-comediante e atual "herói" da resistência na Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na qual ele interpretava justamente o presidente do país.

"Estamos sobrecarregados. Os pedidos chegam do mundo todo para exibir a série", explica Nicola Soderlund, cofundador da empresa Eccho Rights.

Desde o início da invasão da Ucrânia pelas tropas russas, em 24 de fevereiro, canais de televisão como a o britânico Channel 4, o grego ANT 1 e o romeno PRO TV negociaram os direitos de exibição da série "Servo do Povo", criada em 2015.

"Assinamos 15 acordos e estamos negociando outros 20", explica Soderlund, que tem um cartaz da série em seu escritório. "Estamos em conversas com emissoras da América Latina, Estados Unidos, com a Netflix... com muitas pessoas".

Na Itália, três ou quatro empresas lutam para conseguir os direitos. Na Grécia, a série é exibida todas as noites.

Para o executivo sueco, "acontece ao mesmo tempo uma solidariedade com os ucranianos e a curiosidade para ver quem é Zelensky", que passou de um ator desconhecido fora de seu país a um símbolo da resistência contra a invasão russa.

Soderlund, no entanto, o conhece há 10 anos. Em 2012, Zelensky criou um concurso de comédia ("Crack them up"), que distribuía dinheiro para quem conseguia provocar risada em um júri de comediante. O programa foi adaptado em vários países, como Vietnã, China ou Finlândia.

"Almocei com ele em Kiev, tinha várias ideias loucas e divertidas", recorda.

Em seu smartphone, ele mostra as fotos ao lado de Zelensky no Festival de Cinema de Cannes (França), em 2016. 

Impossível acreditar, na época, que o "ator tão engraçado e querido pelo público ucraniano" se transformaria no grande inimigo de Vladimir Putin, reconhece Soderlund, apesar de ter interpretado o papel de Napoleão invadindo a Rússia.

Para Soderlund, "agora ele é um líder mundial que encarna e fala a toda a nação", a partir da capital, Kiev, cercada.

"Precisávamos de um herói como ele, depois dos Trump e companhia", afirma Fredrik af Malmborg, diretor da Eccho Rights.

O tema da série "Servo do Povo" era premonitório: um professor de História que vira presidente da Ucrânia. Um grande sucesso no país que ajudou Zelensky a iniciar a carreira política e vencer as eleições de 2019 à frente de um partido que ele chamou de... "Servo do Povo".

"Sempre nos dizia que nos Estados Unidos eles tiveram presidentes atores", conta, sorrindo, Malmborg.

A Eccho atualmente não tem contato com Zelensky, mas recentemente conseguiu falar com seus interlocutores na Ucrânia, após dias sem notícias devido à guerra.

"Uma delas fugiu para a Turquia e outra para Roterdã e mantém contato com 'Vova', o diminutivo de Volodymyr, que segue usando as pessoas próximas para a comunicação", disse.

Os números são confidenciais, mas a Eccho considera que os contratos assinados, e os próximos, representam um milhão de euros" (1,1 milhão de dólares). E em seu catálogo a empresa tem outra série de Zelensky, "Svaty" ("Família política").

A Eccho Rights, que tem 40 funcionários, anunciou uma doação de 50.000 euros à Cruz Vermelha e pretende enviar mais dinheiro, de acordo com a assinatura com contratos.

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