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Veja obras que só por elas já valem a visita à Usina de Arte

Parque artístico e botânico já conta com mais de 40 trabalhos espalhados pelos 33 hectares

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Romero Rafael

Publicado em 13/04/2022 às 13:43 | Atualizado em 13/04/2022 às 13:53
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Há mais de 40 obras espalhadas pelos 33 hectares da Usina de Arte, parque artístico e botânico localizado no distrito da Usina Santa Terezinha, no município de Água Preta, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, a 130 km do Recife. No último sábado (9), o espaço inaugurou duas obras: as instalações permanentes "Paisagem", de Regina Silveira, e "Um Campos da Fome", de Matheus Rocha Pitta.

Selecionamos estas e outras obras que, só por elas, já valeria a visita à Usina de Arte. Confira:

Scopulus e Ligas

"Scopulus", do paraibano José Rufino, foi feita com uma antiga cadeira da usina e com madeiras que eram da oficina mecânica, reproduzindo o senhor de engenho no centro do Hangar da propriedade. Numa parede está a obra "Ligas", montada com facões utilizados no corte de cana-de-açúcar. As duas são das primeiras obras da Usina, inauguradas em 2015.

ANDRÉA RÊGO BARROS/DIVULGAÇÃO
Obra Scopulus, de José Rufino, do acervo da Usina de Arte, no interior de Pernambuco - ANDRÉA RÊGO BARROS/DIVULGAÇÃO

Átrio

"Átrio", do pernambucano Marcelo Silveira, reproduz o pátio central (o coração) da casa-grande da Usina Santa Terezinha, um espaço que a população não tinha acesso, agora ressignificado.

ANDRÉA RÊGO BARROS/DIVULGAÇÃO
Obra "Átrio", de Marcelo Silveira, do acervo da Usina de Arte, no interior de Pernambuco - ANDRÉA RÊGO BARROS/DIVULGAÇÃO

Tinha que Acontecer (Cabeça de Bandeirante)

"Tinha que Acontecer (Cabeça de Bandeirante)", do paulista Flávio Cerqueira, pode ser lida dentro de uma reflexão sobre o nosso passado e os heróis que foram eternizados em bronze, mas que hoje questionamos e derrubamos.

CAMILA LEÃO/DIVULGAÇÃO
Obra "Tinha que Acontecer (Cabeça de Bandeirante)", de Flávio Cerqueira, do acervo da Usina de Arte, no interior de Pernambuco - CAMILA LEÃO/DIVULGAÇÃO

Cabanos em Água Preta

"Cabanos em Água Preta", da mineira Liliane Dardot, foi criada após uma pesquisa da artista na região, quando descobriu a Guerra dos Cabanos, revolta popular que ocorreu entre Alagoas e Pernambuco, tendo Água Preta, onde está localizada a Usina de Arte, como um dos palcos. Ocorreu a partir de 1832, após a abdicação de dom Pedro 1º, e foi marcada como pela união de pobres, indígenas e pretos escravizados.

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Obra "Cabanos em Água Preta", de Liliane Dardot, do acervo da Usina de Arte, no interior de Pernambuco - ANDRÉA RÊGO BARROS/DIVULGAÇÃO

Diva

"Diva", da pernambucana Juliana Notari, ganhou projeção nacional e também no exterior devido ao seu impacto com toda a repercussão que pode arrastar uma representação de vulva dentro de uma sociedade machista e com uma grande ala conservadora. O órgão está esculpido na terra, ambos associados ao feminino, e ferido.

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Obra "Diva", de Juliana Notari - DIVULGAÇÃO

Paisagem

"Paisagem", da gaúcha radicada em São Paulo Regina Silveira, é um labirinto cravejado de balas. Há perfurações e estilhaços de tiros nessa paisagem que assimila a violência.

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PAISAGEM Obra de Regina Silveira foi financiada pela Usina de Arte e apresentada na 34ª Bienal de São Paulo, em setembro do ano passado, antes de ser transportada para o parque artístico em Água Preta - CHARLES JOHNSON/DIVULGAÇÃO

Um Campo da Fome

"Um Campo da Fome", do mineiro radicado em Berlim Matheus Rocha Pitta, é uma instalação de mais de 700 m² que dialoga com o problema social desde o passado, quando se percebe que a fome é cultural, produzida como um projeto do País. A obra também se insere no presente, nas novas encruzilhadas da fome. Conta com nove mil reproduções de frutas, verduras e raízes de barro, produzidas pelo artesão Domingos de Tracunhaém (i.m.).

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UM CAMPO DA FOME Trabalho de Matheus Rocha Pitta foi construído com 9 mil peças de Tracunhaém - CHARLES JOHNSON/DIVULGAÇÃO

A Usina de Arte

Além dos artistas com obras citadas acima, entre os que têm trabalhos no acervo da Usina de Arte estão Paulo Bruscky, Márcio Almeida, Júlio Villani, Geórgia Kyriakakis, Frida Barenak, Denise Milan, Bené Fonteles e Carlos Vergara.

Entre a aquisição de novas obras e o trabalho de reflorestamento com cerca de 10 mil plantas de mais de 600 espécies, Bruna e Ricardo Pessoa de Queiroz, casal de colecionadores que administra a Usina de Arte, começam a expandir a área do parque de arte contemporânea e jardim botânico para mais hectares.

Através da Associação Socioambiental e Cultural do Jacuípe, uma entidade sem fins lucrativos, também fomentam uma escola de música e uma biblioteca aberta aos 6 mil moradores da Usina Santa Terezinha, distrito construído no entorno da destilaria fundada em 1929 por José Pessoa de Queiroz, bisavô de Ricardo.

A usina que foi a maior produtora de álcool e açúcar do Brasil nos anos 1950 está desativada. E, desde meados dos anos 2010, não vê progresso se não pelo turismo que a Usina de Arte começa a mobilizar; se não (e sobretudo) pela educação e pela arte.

Estive lá no início do projeto, em janeiro de 2016, quando registrei em vídeo um parque que já cresceu muito e continua em expansão:

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