Caixa Cultural Recife recebe a exposição 'Barroco Sertanejo', de Stênio Burgos
Com curadoria de Denise Mattar, a mostra em cartaz segue até 11 de setembro, com visitação de terça a domingo, das 10 às 18h
Após passar por São Paulo e Salvador, a exposição "Barroco Sertanejo", do artista plástico cearense Stênio Burgos, entra em cartaz na Caixa Cultura Recife, no Bairro do Recife, nesta terça-feira (5), a partir das 19h. Com curadoria de Denise Mattar, a mostra segue até 11 de setembro, com visitação de terça a domingo, das 10 às 18h.
A Caixa Cultural reabriu para o público em dezembro de 2020 com a exposição "Dentro do Prédio Tem História".
"Barroco Sertanejo" reúne cerca de 80 obras produzidas sobretudo em 2020 e 2021, mas também reúne telas desde 2004. O título surgiu de uma conversa entre artista e curadora para ressaltar as origens do artista, criado entre o sertão severo do Ceará e o calor da Bahia.
O título também antecipa um pouco do conteúdo da mostra, seja pela exuberância cromática e a economia do traço - duas características sertanejas. "No Sertão tudo é muito restrito, objetivo e essencial", resume Stênio Burgos ao JC.
Suas telas são elaboradas a partir de uma pintura-desenho delineada em traços rápidos e vigorosos, construídos com materialidade espessa. Sua pesquisa envolve a linguagem da cor, criando escalas cromáticas e sensações de relevo.
"A minha pintura é muito pessoal, muito autobiográfica. Apesar disso, pode ter uma influência da pintura holandesa no século 17", diz Stênio, que morou na Holanda entre 2004 e 2019. "Acho que nisso é que está a grande importância de estar aqui no Recife, pois foi a pintura desenvolvida em Pernambuco no século 17. Tem tudo a ver com o Recife."
O visitante também poderá contemplar desafios que o pintor propôs para si mesmo, com o exercício de pintar buquês de flores da estação, um a cada semana, mês a mês. Aos buquês ele acrescenta diversos símbolos e códigos que envolvem a cultura do Nordeste: imagens devocionais e santos protetores, Jesus e Maria, São Jorge e Iemanjá, deuses ibéricos e africanos.
"Barroco Sertanejo" também é um desdobramento de outra exposição retrospectiva, realizada com a Fundação Edson Queiroz. Junto da curadoria, foram acrescentadas obras da pandemia - a exemplo da série Cartas do Confinamento, produzidas em 2020, quando Stênio se isolou na sua casa na praia de Amontada.
Outro momento de reflexão sobre a solidão e a finitude também está presente nas séries "A Invenção da Solidão", "Ensaio sobre a Cegueira" e "Odisseia", uma grande pintura ‘in progress’, que se renova continuamente.
Mais sobre o artista Stênio Burgos
Stênio Burgos cursou arquitetura na Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza. Ainda como estudante, viajou para Paris, onde visitou os museus, impregnando-se de Arte. Em 1978, conseguiu uma transferência para o Rio de Janeiro no trabalho.
Nesse período conviveu com artistas como Paulo Roberto Leal e Alex Vallauri, entre outros; assistiu à luta pela mudança política, à agitação, ao frenesi e à festa da Geração 80. Em 1982, voltou para o Sertão num momento de recolhimento, de busca interior. Esse foi um movimento que repetiria algumas vezes em sua vida, como um recurso de renovação. Um pouco dessas reflexões está presente em "Barroco Sertanejo".
SERVIÇO
Onde: CAIXA Cultural Recife (Av. Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife)
Abertura: 5 de julho, às 19h
Período expositivo: 6 de julho a 11 de setembro de 2022
Horário: terça a domingo, das 10 às 18h
Informações: (81) 3425-1915