TEATRO

Espetáculo de circo contemporâneo com direção do francês Jean-Michel Guy chega ao Recife; saiba quando assistir

"Nove tentativas de não sucumbir", de artistas pernambucanos da Cia Devir, rompe com inadequações sociais utilizando o trapézio de formas criativas e inusitadas

Emannuel Bento
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Emannuel Bento
Publicado em 06/06/2023 às 14:39
THAÍS LIMA/DIVULGAÇÃO
CIRCO CONTEMPORÂNEO Cia Devir é composta por João Lucas Cavalcanti e Vitor Lima - FOTO: THAÍS LIMA/DIVULGAÇÃO

O espetáculo de circo contemporâneo "Nove tentativas de não sucumbir", nova criação da Cia Devir, estreia nesta quarta-feira (7) no Teatro Hermilo Borba Filho, no Bairro do Recife, seguindo em cartaz nos dias 8, 15, 16 e 18 do mês de junho.

Trata-se de uma peça (termo emprestado do teatro) de trapézio, numa linguagem multidisciplinar para explorar a dramaturgia física e poética do circo.

A Cia Devir é formada pela dupla pernambucana formada por João Lucas Cavalcanti e Vitor Lima. A direção do espetáculo é assinada pelo francês Jean-Michel Guy, uma das maiores referências do circo contemporâneo no mundo, com quem a dupla estabeleceu toda uma dinâmica de trocas poéticas e técnicas.

Os artistas pernambucanos utilizam o trapézio de formas criativas e inusitadas, explorando diferentes alturas, da mais alta permitida pelo espaço cênico até muito próximo do chão, para estudar como seus corpos e movimentos se comportam. Os movimentos, então constroem uma narrativa pulsante sobre como a inadequação atravessa os corpos e molda as experiências.

Sobre o espetáculo

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CIRCO CONTEMPORÂNEO Cia Devir é composta por João Lucas Cavalcanti e Vitor Lima - THAÍS LIMA/DIVULGAÇÃO

A ideia para "Nove tentativas de não sucumbir" surgiu em 2016 mas, ao longo dos últimos anos, João Lucas e Vitor enveredaram por outros projetos, entre eles um período de formação na Escola Nacional de Circo, no Rio de Janeiro.

Idealizaram, inclusive, projetos que entrecruzavam diferentes linguagens e capitanearam ações de fomento ao circo, entre eles a abertura da sede da companhia, no Recife. O diretor frânces Jean-Michel Guy foi convidado para auxiliar na construção do trabalho.

"Enquanto companhia, sempre tivemos essa inquietação de nos expressar através da linguagem circense, mas para dizer coisas que vão além dela mesmo, do movimento em si, o que, tradicionalmente, não acontece no circo", explica João Lucas.

"Foi ótimo trabalhar com Jean-Michel porque ele nos ajuda a colocar no físico as imagens dos temas que queremos trabalhar, respeitando também a nossa forma de criar. Ele traz um universo de ideias, tanto no campo racional quanto na perspectiva das metáforas. É muito intenso e também de expansão do nosso olhar".

Já Vitor Lima ressalta como a linguagem circente é baseada em técnicas físicas que exigem originalidade e uma pesquisa minuciosa para "encontrar um vocabulário específico, criar universos através desses movimentos".

"É um processo de encontrar sentido, também fisicamente. O curto tempo para, de fato, conduzir o projeto e construir a dramaturgia física foi um dos desafios para materializar o espetáculo. Nosso desejo é que, no Brasil, o circo contemporâneo tenha mais espaço, estrutura e tempo, por entender que a linguagem necessita desse processo", reforça Vitor.

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CIRCO CONTEMPORÂNEO Cia Devir é composta por João Lucas Cavalcanti e Vitor Lima - THAÍS LIMA/DIVULGAÇÃO

"Nove tentativas de não sucumbir" também o primeiro espetáculo da Cia Devir com um diretor externo - os trabalhos anteriores foram supervisionados pelos próprios intérpretes. Por isso, o espetáculo acaba trazendo novos procedimentos artísticos e técnicos, mas sempre perder a pesquisa e a poética da dupla.

"Para mim, o sentido de um espetáculo de circo só se revela realmente pouco antes da estreia e procede sempre do corpo, da invenção de gestos inéditos: o corpo de um artista de circo é sempre, em si, narrativo e portador de drama", diz Jean-Michel Guy, que é integrante do júri do Circus Next, plataforma europeia que mapeia iniciativas inovadoras no circo.

"Me interessa entender o que os corpos, sujeitos a restrições técnicas interessantes, e com a ajuda de palavras-chave ou imagens, já estão dizendo por si mesmos. E foi isso que aconteceu: o simples fato de mudar a altura do trapézio sugere um caminho de ascensão, um arranque progressivo das contingências terrestres, e daí, o tema da inadequação social, sempre em segundo plano, tornou-se o esforço artístico para escapar das normas, a busca do significado e da beleza livre".

Ação Formativa

Dentro do projeto e da sua missão de fomentar a formação em circo contemporâneo em Pernambuco, a Cia Devir oferece a oficina "Exploração prática da responsabilidade dramatúrgica", com Jean-Michel Guy, nos dias 10 e 11 de junho.

O espetáculo "Nove tentativas de não sucumbir" conta com o incentivo do Funcultura Geral 2018, apoio do Consulado Francês em Recife e parcerias da Aliança Francesa em Recife e do Centro Cultural Apolo-Hermilo.

SERVIÇO
Espetáculo "Nove tentativas de não sucumbir", da Cia Devir
Quando: Dias 7, 8 (com audiodescrição), 15, 16 (com tradução em libras) e 18 de junho, às 19h30
Local: Teatro Hermilo Borba Filho (Av. Cais do Apolo, s/n, Bairro do Recife)
Quanto: Gratuito, com distribuição dos ingressos 1h antes da apresentação

Oficina "Exploração prática da responsabilidade dramatúrgica", com Jean-Michel Guy
Quando: Dias 10, das 17h às 20h, e 11 de junho, das 15h às 18h
Onde: Espaço Devir (Rua Olga, 71, Encruzilhada).
Inscrições: no Instagram da Cia Devir (@CiaDevir), a partir de 31 de maio [vagas limitadas]

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