Como é o forró tradicional produzido no interior de Pernambuco? Desvendar essa pergunta é parte do objetivo de um projeto que vem sendo realizado pela Associação Respeita Januário, com administração da Jaraguá Produções e financiamento do Fundo de Incentivo à Cultura (Funcultura, do Governo de Pernambuco) e acompanhamento do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional.
O "Inventário do Forró Tradicional no Interior de Pernambuco" vem reunindo informações sobre das matrizes tradicionais do forró, totalizando doze localidades, sendo quatro municípios do agreste (Caruaru, Bezerros, Garanhuns e Santa Cruz do Capibaribe) e em oito do sertão (Arcoverde, Serra Talhada, Sertânia, Petrolina, Bodocó, Exu, Tacaratu e Floresta).
O projeto tem como dirigentes os músicos-pesquisadores-professores Climério de Oliveira Santos (Coordenador Geral), Amilcar Bezerra (Coord. Regional do Agreste) e Carlos Sandroni (Coord. Regional do Sertão). A equipe é formada por dezoito pessoas (pesquisadores e profissionais em áudio, audiovisual, fotografia e produção), incluindo residentes no Recife e em cidades do agreste e do sertão.
Através de uma incursão etnográfica nesses doze municípios, a pesquisa está entrevistando pessoas (musicistas, produtores culturais e outros agentes ligados ao forró tradicional), assim como vai mapear eventos, lugares simbólicos, entidades e comunidades forrozeiras dos referidos municípios (cidade-sede e suas vilas/ distritos).
Os pesquisadores estão lançando mão da sua especialidade e sua sensibilidade para ouvir os fazedores, dialogar e registrar os saberes e as demandas desses especialistas do forró: suas técnicas, processos criativos, seus objetivos, anseios, desejos, desafios, os obstáculos e as dificuldades que enfrentam.
Durante a pesquisa, pesquisadores e fazedores de forró também compartilham conhecimentos e saberes que nutrem ambas as partes. Ao final, o projeto apresentará um relatório com texto, fotos, registros sonoros e vídeos contendo um inventário das matrizes tradicionais do forró no estado.
De acordo com a Associação Respeita Januário, o resultado vai "elencar e discutir aspectos e indicadores relevantes, no sentido de subsidiar a criação de políticas de salvaguarda, apoio, fomento e difusão do forró tradicional".
As "matrizes tradicionais do forró" coexistem, neste século 21, com o forró como gênero de canção popular em suas diversas vertentes. "O projeto reconhece a importância de registrar uma pluralidade musical e cultural no âmbito da tradição, incluindo diversos instrumentistas ligados ao forró – sanfoneiros de oito baixos e de teclado, rabequeiros, pifeiros, zabumbeiros, entre outros –, pessoas de diferentes gêneros e faixas etárias, grupos pertencentes a minorias, priorizando os fazedores e as fazedoras mais experientes", reconhece.
O projeto também um desdobramento do Inventário Nacional das Matrizes Tradicionais do Forró, licitado e supervisionado pelo IPHAN, coordenado nacionalmente pela Associação Respeita Januário, iniciado em 2019, que englobou 14 estados brasileiros e resultou na efetivação do registro das Matrizes Tradicionais do Forró como Patrimônio Cultural do Brasil em dezembro de 2021. A Associação Respeita Januário, sediada no Recife-PE, é a instituição brasileira que mais realizou pesquisas de inventários de bens culturais imateriais sob a supervisão do IPHAN.