Engenhos de Pernambuco agora podem ser visitados em realidade virtual
Projeto do cineasta Eric Laurence repete tecnologia e metodologia do "Museus de Pernambuco em 360 Graus"; seis engenhos podem ser conhecidos
Os engenhos de Pernambuco são retratos do projeto que possibilitou a colonização do Brasil. São, portanto, importantes ativos turísticos e educacionais, hoje subtilizados por diversos motivos - muitos são privados, alguns estão em localidades inacessíveis e a campanha turística do Estado precisa selecionar enfoques.
Por isso, o novo projeto do cineasta Eric Laurence torna-se tão interessante: através de filmes de realidade virtual, seis engenhos do Estado podem ser visitados em qualquer lugar do mundo. Os filmes do "ENGENHOS PE" estão disponíveis em um aplicativo para o sistema operacional Android e no YouTube.
A iniciativa foi incentivada pelo Funcultura, contou com a empresa Roadmaps na programação, tem textos da jornalista Manuella Antunes e curadoria da pesquisadora Vânia Brayner.
Também segue a mesma linha do aplicativo e site "Museus de Pernambuco em 360 Graus", lançado no final de 2023, também idealizado e produzido por Laurence. Acessando os filmes de Realidade Virtual, o aplicativo possibilita a sensação de que o usuário está presente nos espaços - com o uso de aparelhos de realidade aumentada, a experiência torna-se ainda mais rica.
Para tirar o projeto do papel, a Laurence Filmes desenvolveu uma tecnologia e metodologia própria para captação de imagens em Realidade Virtual, com a criação de um robô autônomo que percorre espaços de forma remota e um processo de realização e finalização em 8K.
Quais os engenhos?
Nessa edição, o aplicativo abordará os engenhos: Poço Comprido (Vicência), Gaipió (Ipojuca), Massangana (Cabo de Santo Agostinho), São Bernardo (Paudalho), São João (Recife) e Iguape (Vicência).
"Escolhemos engenhos que pudessem ser acessados pelo público. A ideia é que as pessoas realmente consigam ir de alguma forma. Também prezamos pelos os que estão mais preservados", explica Eric Laurence.
O Massangana, por exemplo, é administrado pela Fundação Joaquim Nabuco, do governo federal, sendo o engenho em que o abolicionista Joaquim Nabuco passou a infância.
Já o São João detém a famosa Casa de Ferro, ligada ao Grupo Brennand, que foi construída no começo do século 20 com estruturas vinda dos Estados Unidos - esse é o único da lista em que não é possível realizar um passeio interno.
O Gaipió, em Ipojuca, abrigou os "praieiros", revolucionários da Revolução Praieira (1848-1850), eternizada na música de Chico Science e Nação Zumbi.
Função educacional
Além dos filmes de Realidade Virtual, o usuário terá acesso a informações, histórias e curiosidade de cada engenho. Um mapa de geolocalização ajudará o usuário a encontrá-los. O aplicativo também possui funções de acessibilidade e versões dos filmes com audiodescrição. O uso é gratuito.
Eric Laurence reforça que as escolas podem aplicar o projeto no contexto do ensino da história. "Quando tornamos esses bens mais próximos das pessoas, inicia-se uma valorização disso. Nesse sentido, podemos ter uma maior preservação dos engenhos."
Além dos museus e dos engenhos, o cineasta tem a expectativa de continuar realizando projetos dessa natureza. "A ideia é seguir esteticamente a mesma linguagem dos museus, porque de alguma forma dá continuidade. Eu ainda tenho outras perspectivas e projetos em outros aplicativos dentro dessa lógica de patrimônio cultural, educação patrimonial. A ideia é que provavelmente no futuro tenhamos uma plataforma maior, que uma todos esses".