Exposição sobre Moraes Moreira chega ao Paço do Frevo, no Recife; conheça

"Mancha de Dendê Não Sai" cumpriu temporadas de sucesso em Salvador e no Rio de Janeiro e agora aporta na capital do frevo, ritmo que o artista adotou

Publicado em 15/08/2024 às 17:12

A relação do frevo com Salvador tem como ponto de partida a viagem do Clube Vassourinhas à capital baiana, em 1951. Nessa linha histórica, décadas depois, Moraes Moreira (1947-2020) aparece como o baiano que compôs, cantou e reinventou o ritmo nos trios elétricos do Carnaval.

Por isso, é justo que a exposição que homenageia o músico, "Mancha de Dendê Não Sai – Moraes Moreira", entre em cartaz no Recife, no Paço do Frevo, equipamento público que tem como objetivo divulgar e salvaguardar esse patrimônio imaterial.

A mostra cumpriu temporadas de sucesso em Salvador e no Rio de Janeiro, aportando na capital pernambucana nesta sexta-feira (16), às 18h. Permanece em cartaz até 9 de março de 2025, no horário de funcionamento do Paço.

A noite de abertura contará com apresentação da Orquestra Frevo do Mundo com o show do álbum "Moraes é Frevo", projeto criado pelo músico e produtor Pupillo e pelo produtor musical Marcelo Soares em parceria com o músico Davi Moraes, filho de Moreira. A apresentação terá participações de Almério e Ylana.

Imersão sensorial

HUGO MUNIZ/PAÇO DO FREVO
Mostra 'Mancha de Dendê Não Sai' no Paço do Frevo - HUGO MUNIZ/PAÇO DO FREVO
HUGO MUNIZ/PAÇO DO FREVO
Mostra 'Mancha de Dendê Não Sai' no Paço do Frevo - HUGO MUNIZ/PAÇO DO FREVO
HUGO MUNIZ/PAÇO DO FREVO
Mostra 'Mancha de Dendê Não Sai' no Paço do Frevo - HUGO MUNIZ/PAÇO DO FREVO

O Paço destinou três andares para promover uma imersão sensorial na vida e obra desse baiano de nascimento e "pernambucano de coração". Em vida, Moreira ajudou o frevo a romper fronteiras territoriais, tornando-o eletrizado e até mesmo mais "pop" para a indústria musical daquele momento.

A mostra é um retrospectiva abrangente da carreira dele, destacando sua versatilidade como compositor, parcerias musicais, incursões na literatura e raízes profundamente conectadas à Bahia e ao sertão.

Nos espaços expositivos, é possível ouvir músicas e assistir vídeos em objetos interativos, com texto espalhados de forma intuitiva. Um dos destaques é a guitarra que o acompanhou por boa parte da vida.

HUGO MUNIZ/PAÇO DO FREVO
Mostra 'Mancha de Dendê Não Sai' no Paço do Frevo - HUGO MUNIZ/PAÇO DO FREVO
HUGO MUNIZ/PAÇO DO FREVO
Mostra 'Mancha de Dendê Não Sai' no Paço do Frevo - HUGO MUNIZ/PAÇO DO FREVO

"Praticamente tudo o que estava em Salvador e no Rio de Janeiro está no Recife. O frevo faz parte da produção musical de Moraes, então já estava bem presente. Aqui, apenas reforçamos uma coisa ou outra. Também fizemos uma pequena redução na experiência dos Novos Baianos, por conta do espaço", diz Roberta Mota, curadora do projeto.

"A gente já queria o Recife desde o início. Estávamos bem frustrados, pois quase não conseguíamos viabilizar financeiramente. Mas lutamos por isso e conseguimos".

Relação com o Recife

PABLO SAVALLA/DIVULGAÇÃO
Davi Moraes, um dos idealizadores do disco "Moraes É Frevo" - PABLO SAVALLA/DIVULGAÇÃO

Davi Moraes ressalta que o pai nasceu no interior, no município de Itaçú, o que gerava uma identificação com diferentes traços dos pernambucanos. "Ele ganhou diploma de frevista, se relacionou com todos os grandes maestros, como Duda, Spok", diz.

"Em uma fase em que o Carnaval de Salvador ficou meio 'congestionado', ele não se sentiu tão valorizado como o primeiro cantor de trio elétrico, com tanta história que ele tinha. Esse perído fortaleceu muito a relação dele com o Recife, com a Carnaval da cidade, que o acolheu de forma maravilhosa. Ele passou a se sentir em casa. Cheguei a tocar com ele no Galo da Madrugada e em palcos como o do Marco Zero."

HUGO MUNIZ/PAÇO DO FREVO
Paço do Frevo, no Recife Antigo - HUGO MUNIZ/PAÇO DO FREVO
Divulgação
Debate sobre a sustentabilidade dos passistas de Frevo e espetáculo de dança celebram o Dia Internacional da Dança no Paço do Frevo - Divulgação

Morares Moreira ficou praticamente 10 anos afastado do Carnaval de Salvador, retornando em meados dos anos 2000. "A gente viu que ele tinha o público dele e fizemos grandes carnavais inesquecíveis. No final, a história ficou bem resolvida, porque a relação que mais importante, a com o público, foi mantida. As novas gerações também descobriram a arte dele. As músicas atravessam décadas e gerações."

No show de abertura, Davi assume guitarras, violão, voz e direção musical; Pupillo a bateria e a direção musical; maestro Nilsinho Amarante no trombone e regências; Gilmar Black no sax tenor; Adilson Bandeira no sax alto; e Jonatas Araújo no trompete.

A produção é da Maré, com idealização da produtora cultural e diretora-geral da exposição Fernanda Bezerra.

SERVIÇO
Exposição 'Mancha de Dendê Não Sai – Moraes Moreira'
Onde: Paço do Frevo (Praça do Arsenal da Marinha, s/n, Bairro do Recife)
Temporada: De 16 de agosto de 2024 a 9 de março de 2025, de terças a sextas, das 10h às 17h | Sábados e domingos, das 11h às 18h
Quanto: R$ 10 e R$ 5 (meia) – entrada gratuita às terças

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