Senado aprova 1º de agosto como o Dia Nacional do Maracatu no Brasil

Em Pernambuco, a data já era celebrada desde 1997, reconhecendo a importância da manifestação cultural no estado; entenda a aprovação do PL

Publicado em 16/10/2024 às 8:34

O Senado aprovou, nesta terça-feira (15), o projeto (PL 397/2019) que cria o Dia Nacional do Maracatu.

A data deverá ser celebrada anualmente em 1º de agosto. O dia foi escolhido em homenagem ao mestre Luís de França, líder do Maracatu Leão Coroado, um dos mais tradicionais de Pernambuco.

A manifestação cultural é plural: mistura ritmos, danças, religiosidades e vestimentas tradicionais.

Criação do Dia Nacional do Maracatu

O projeto de lei criado em 2019, de autoria da deputada Luciana Santos, teve relatoria do senador Humberto Costa (PT-PE). 

O Dia do Maracatu já é comemorado em 1º de agosto, no estado de Pernambuco, desde 1997.

Projeto para a criação da data nacional segue agora para a sanção presidencial.

Resumo sobre o maracatu 

Com origem no século XVIII, em Pernambuco, o maracatu tem influências africanas, indígenas e europeias.

O termo “maracatu”, utilizado pelos senhores de engenho para significar “confusão, bagunça” dos escravizados, era utilizado pelos últimos como senha para comunicar aos outros da chegada dos policiais para reprimir suas festas. Os tambores propagavam a mensagem.

Pode ser dividido em dois tipos principais: o Maracatu Nação (ou de baque-virado) e o Maracatu Rural (ou de baque-solto).

Maracatu Nação / Baque-virado

O primeiro é comum na Região Metropolitana do Recife, enquanto o segundo está vinculado ao ciclo da cana-de-açúcar na Zona da Mata de Pernambuco.

Existem diversas "nações" de maracatus, como são chamados os grupos tradicionais, muitas vezes seculares e na maioria dos casos ligados a religião de matriz africana e/ou ameríndia, como o Candomblé ou Xangô e também a Jurema Sagrada.

Entre si, são similares na essência, mas diferentes na maneira de realizar suas atividades, desde a relação com a religião, com a sua comunidade, até a execução da música, vestimentas e danças.

Por exemplo, no site Maracuteca, é possível visualizar um panorama geográfico das nações e grupos que trabalham com a linguagem do Maracatu de Baque Virado.

Maracatu Rural / Baque-solto

Os primeiros grupos de Maracatu Rural surgem no início do século XX, mais recente do que o Maracatu de Baque Virado.

Na Zona da Mata, por exemplo, os caboclos de lança realizam um desfile que lembra batalha:

Formam-se duas trincheiras, cada uma obedece ao comando de um caboclo de frente, que conduz as manobras ordenadas pelo mestre.

Eles correm de um lado para o outro, sacudindo as lanças, executando manobras chamadas de “caídas”. Cada um dos caboclos que fica na posição de “puxar” o cordão, chama-se “boca de trincheira”.

A apresentação é caracterizada pelo ritmo rápido dos chocalhos, percussão marcada pelo tarol e acelerada pelo surdo, além do uso de cuíca e de diversos instrumentos de sopro.

Mestre Luís de França

O mestre dirigiu e articulou o Maracatu Nação Leão Coroado, entre os anos de 1950 até sua morte, em 1997. O Leão Coroado é Patrimônio Vivo de Pernambuco desde 2005.

Ele nasceu em 1º de agosto de 1901, no bairro do Recife, e começou a participar do maracatu quando a sede ficava no bairro da Boa Vista, numa rua que hoje se chama Leão Coroado.

Foi membro da Irmandade de São Benedito da Igreja de São Gonçalo da Boa Vista e da Irmandade do Rosário dos Homens Pretos de Santo Antônio. Um dirigente desta última, José Luís, foi quem passou ao afilhado Luís de França a direção do folguedo Maracatu Nação Leão Coroado.

Daí em diante o decidido líder passou a cuidar da organização do grupo, das obrigações religiosas e da direção da batucada, cujo baque secular aprendera com o pai.

Em 1997, o mesmo ano da morte de Luís de França, em 22 de dezembro é instituído o Dia Estadual do Maracatu: pela Lei 11.506.

VÍDEO: Pernambuco Vivo - Maracatu Leão Coroado

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