XV Janela de Cinema do Recife: 'Ramal' vence mostra competitiva. Confira premiado
Edição marcou o retorno da Competição de Curtas Nacionais, com exibições no Cinema do Museu; 'Cabana', de Adriana de Faria recebeu menção honrosa
O XV Janela de Cinema Internacional do Recife, realizado de 1º a 8 de novembro no Cinema São Luiz e no Cinema do Museu, anunciou os vencedores da Competição de Curtas Nacionais durante um brunch realizado pela tarde da sexta-feira (8), no Centro do Recife - fugindo do formato tradicional de cinema pela noite.
A edição marcou o retorno dessa mostra competitiva ao evento, totalizando 22 produções de diversas partes do País. O júri oficial foi composto por Luciana Veras, Luciano Vidigal e Humberto Carrão.
O principal prêmio, de Melhor Filme, ficou com "Ramal", de Higor Gomes (MG), que acompanha jovens que realizam manobras em motocicletas. "Eles encontram durante à tarde, diminuem a marcha e jogam o corpo para trás", resume a sinopse.
"Pela perspectiva inovadora de retratar uma juventude cuja vontade e coragem são capazes, até, de transformar a natureza, pelo olhar fabulador para a paisagem urbana, pelo expressivo domínio da linguagem e pela inventividade em dotar cada plano de força e magia, criando assim uma obra de cinema", disse o júri, em justificativa.
Menção Honrosa
A Menção Honrosa ficou com "Cabana", primeiro filme de ficção da jovem cineasta paraense Adriana de Faria, é uma produção de época, que se passa em uma única locação (que dá o título a ele), com duas personagens femininas dividindo a cena.
"Quando o desenho de som transforma a ausência de diálogos em uma linguagem incisiva. Neste curta-metragem, o silêncio é um elemento chave, eloquente em um primeiro momento para depois explodir em som e fúria", justificou o júri.
"Cabana" também levou o prêmio de Melhor Som. "Quando o desenho de som transforma a ausência de diálogos em uma linguagem incisiva. Neste curta-metragem, o silêncio é um elemento chave, eloquente em um primeiro momento para depois explodir em som e fúria."
Imagem
Dois curtas levaram os prêmios de "Melhor Imagem": "Mborairapé", de Roney Freitas (SP); e "Fenda", de Lis Paim (CE).
Misturando elementos de documentário e ficção, "Mborairapé" mostra um grupo de jovens rappers Guarani que vivem no bairro do Jaraguá (SP) e sua expressão cultural através da música.
"Em um dos nossos idiomas matrizes, as imagens se imbricam de modo plástico e telúrico, fazendo convergir a beleza da ancestralidade com a urgência da contemporaneidade… Para escutar as profundezas da Terra com a instigação do rap", disse o júri.
Já "Fenda" acompanha Marta, uma cientista botânica que vive apartada de suas raízes, quando aceita receber a visita de Diná, uma velha senhora doce e enxerida que tenta desesperadamente penetrar na sua intimidade.
"Uma imagem que emociona: o rosto das atrizes, a pele preta iluminada e enquadrada de modo a fazer jus à construção dramática do roteiro, as interpretações de duas mulheres negras que dosam emoções e sutilezas para além das palavras".
Canal Brasil
O Prêmio Canal Brasil de Curtas elegeu "Cavaram uma cova no meu coração", de Ulisses Arthur, que registra o esvaziamento de um bairro de Maceió pela extração irresponsável do sal-gema, "em uma narrativa documental criativa e experimental".
XV Janela
No total, o Janela exibiu mais de 100 filmes, entre longas e curtas-metragens, distribuídos em sessões como Clássicos do Janela, Lançamentos Nacionais e Internacionais, Competição de Curtas Nacionais e uma Mostra de Curtas Estrangeiros exibidos este ano no Festival de Cannes.
A cineasta pernambucana Kátia Mesel foi homenageada com uma mostra de filmes masterclass sobre sua obra.
A noite de encerramento nesta sexta-feir (8), contou com os quase centenários "Revezes" (1927), de Chagas Ribeiro, e "Retribuição" (1925), de Gentil Roiz, com acompanhamento musical da banda Ave Sangria.