Dia da Consciência Negra: veja artistas pernambucanos do Coco, Ciranda e Maracatu

Feriado é símbolo da luta, da resistência e a consciência sobre a negritude; confira alguns artistas pernambucanos do Coco, Ciranda e Maracatu

Publicado em 19/11/2024 às 12:02
Google News

O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra é celebrado pela primeira vez nesta quarta-feira (20) como forma de se orgulhar e enaltecer a luta pela igualdade racial no Brasil.

(Re)conheça, a seguir, alguns artistas pernambucanos negros que levam a tradição e cultura do Coco, Maracatu e Ciranda para o mundo. 

Lia de Itamaracá

Foto: Felipe Souto Maior/Secult-PE
Lia de Itamaracá - Foto: Felipe Souto Maior/Secult-PE

A Rainha da Ciranda, Lia de Itamaracá, reconhecida como Patrimônio Vivo de Pernambuco, é uma das artistas mais reverenciadas da cultura popular brasileira.

Entre os inúmeros destaques da sua carreira, vale ressaltar o álbum "Eu Sou Lia", lançado em 2000, que fala sobre a valorização da cultura popular nordestina, especialmente sobre os ritmos tradicionais de Pernambuco, como a ciranda e o coco de roda.

Entre os destaques do álbum estão músicas como "Eu Sou Lia", "Preta Cirandeira" e "Minha Ciranda", que afirmam sua identidade e sua conexão com a tradição, e outras faixas que trazem narrativas ligadas à vivência em Itamaracá e à história do povo pernambucano.

Veja um trecho da faixa "Preta Cirandeira":

"Olha eu vi uma preta cirandeira / Brincando com um ganzá na mão / Brincando ciranda animada / No meio de uma multidão

Menina eu parei fiquei olhando / A preta pegou a improvisar / Eu perguntei: 'quem é essa negra?' /Sou Lia de Itamaracá".

Em 2024, aos 80 anos, Lia foi homenageada pelo Carnaval do Recife, junto a Chico Science, e pelo Festival Canto da Sereia.

Mestra Totinha

Instagram / Divulgação
Mestra Totinha - Instagram / Divulgação

Aos 74 anos, Mestra Totinha segue com as tradições culturais em blocos carnavalescos e músicas populares, que aprendeu desde criança com a sua família.

Ela é natural de Itamaracá, no litoral norte do estado. Atualmente, lidera um grupo de cultura popular que celebra os ritmos do coco e da ciranda na região.

Em 2017, Totinha recebeu o título de “Mestra de Cultura Popular” pelo Ministério da Cultura, ocupando o 6º lugar no Prêmio de Culturas Populares.

"Abre a roda, deixa o povo sambar, Totinha chegou pra vadiar" é um trecho marcante de uma de suas obras.

Afroito 

ANDRÉ SANTA ROSA/DIVULGAÇÃO
Afroito reverencia o coco de roda em seu novo álbum - ANDRÉ SANTA ROSA/DIVULGAÇÃO

Afroito é um cantor e ator pernambucano, natural do Recife, e destaque no novo cenário da música pernambucana. 

Seu disco de estreia, "Menga", de 2021, trouxe o ritmo do coco em suas 11 canções. Financiado pela Lei Aldir Blanc, o trabalho também foi acompanhado por um curta-metragem, disponível nas plataformas digitais, que complementa sua narrativa e estética musical.

Já em 2023, ele lançou o álbum "Lebaron", em que compõe todas as canções sozinho e apresenta como ritmo principal da obra o brega

Cila do Coco

Dona Cila do coco (Imagem : Divulgação / 3por4Fotografia)
Dona Cila do coco (Imagem : Divulgação / 3por4Fotografia) - Dona Cila do coco (Imagem : Divulgação / 3por4Fotografia)

Cila do Coco, nascida em Olinda, canta cocos há mais de 30 anos, destacando-se pelo estilo único, improvisação e voz marcante. Além de se apresentar em festivais, gravou um disco com a banda belga Think of One e participou de turnês na Bélgica, Espanha, Croácia e Japão.

Em 2000, integrou projetos como Ciranda de Ritmos e Sexta da Véia. No ano seguinte, recebeu um prêmio especial no Concurso Talentos da Maturidade do Banco Real por um pout-pourri de suas músicas.

"Se não conhece o recife / Venha que eu vou lhe mostrar... / Recife linda cidade / De movimento está cheio / O relógio dos correio / Ganhando sem trabalhar", ela canta na música "Movimento da Cidade".

Mestre Biu de Aliança

INSTAGRAM / DIVULGAÇÃO
Coco do Mestre Biu de Aliança - INSTAGRAM / DIVULGAÇÃO

Severino José de França, mais conhecido como Mestre Biu do Coco, nasceu no Engenho Pendência, em Aliança, Zona da Mata de Pernambuco, e é uma das referências da cultura popular pernambucana.

Filho de trabalhadores rurais, começou cedo a colaborar com a família e, na adolescência, mudou-se para o sítio do Mestre Batista em Chã de Camará. Foi lá que, ao participar de uma caravana de brinquedos populares como maracatu, coco de roda e ciranda, iniciou sua trajetória na cultura tradicional.

Em 2019, o artista, que é um dos maiores mestres de coco de roda, da ciranda e da embolada do estado e um dos mais conhecidos do Brasil, criou o grupo Coco do Mestre Biu de Aliança.

Mestre Galo Preto

Instagram / Reprodução
Mestre Galo Preto - Instagram / Reprodução

Tomaz Aquino Leão, mais conhecido como Mestre Galo Preto, nasceu em 8 de outubro de 1935, no Quilombo de Rainha Izabel, localizado na cidade de Bom Conselho de Papacaças, no Agreste de Pernambuco.

Aos oito anos, criou sua primeira embolada e, ainda na infância, enquanto morava em Garanhuns, ganhou o apelido de Galo Preto.

Desde 2011, o mestre recebeu o título de Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco, que o reconhece como o Rei do Improviso pelos mais de 70 anos de carreira dedicados ao coco, repente e embolada.

Um dos destaques da sua carreira é o disco "Histórias que Andei", que reúne 12 composições do músico, com arranjos de pandeiro e sanfona, registrando o gênero coco trava-língua.

Mestre Barachinha

HUGO MUNIZ/DIVULGAÇÃO
Mestre Barachinha - HUGO MUNIZ/DIVULGAÇÃO

Manuel Carlos de França, mais conhecido como Mestre Barachinha, comanda o Maracatu de Baque Solto Estrela Dourada de Buenos Aires, na Zona da Mata Norte pernambucana.

O mestre também possui trabalhos como ator, como o filme "Azougue Nazaré" de 2019.

Em julho de 2024, a poesia de Mestre Barachinha com o Maracatu Estrela foi para Portugal, onde participou da exibição do filme "O Meu Balão Vai Voar", que tem o mestre como um dos protagonistas.

Mestre Zé Negão

Acervo JC Imagens
Mestre Zé Negão - Acervo JC Imagens

José Manoel dos Santos, mais conhecido como Mestre Zé Negão, nasceu nas ladeiras do bairro João Paulo II, em Camaragibe.

Um dos destaques da sua carreira é o show "Tumbeiro: Mestre Zé Nego e sua Laia – Cruzando Memórias AfroLatinas". Tumbeiro é o nome dado aos navios de pequeno-porte que traziam escravos da África ao Brasil no período colonial.

No espetáculo, o mestre explora o gênero coco de senzala, ritmo a que se dedica há mais de 40 anos.

Tags

Autor