Coquetel Molotov 2024: Pabllo Vittar dribla falhas técnicas e Zaynara conquista público recifense
Em ano de crise no setor de eventos, festival realizou a sua mais destacada edição desde a pandemia no Campus da UFPE, Zona Oeste do Recife, no sábado
O festival No Ar Coquetel Molotov realizou a sua mais destacada edição desde a pandemia no sábado (7), no Campus da UFPE, Zona Oeste do Recife. Os ingressos esgotaram semanas antes do evento e chegaram a ser vendidos pelo triplo do valor em canais não-oficiais.
O "frisson" se deve, em parte, à headliner Pabllo Vittar, mas também pela própria escassez de festivais, que foram cancelados ou esvaziados em um ano de crise no setor de eventos.
O Coquetel Molotov driblou esse cenário por sua maleabilidade em formatos nos últimos anos, criatividade nas curadorias e uma aprovação na Lei Federal de Incentivo à Cultura nesta 21ª edição.
Como ocorre desde 2022, o evento fez um bom uso da estrutura da UFPE, que agrega três palcos, mas dessa vez com um público um tanto mais numeroso. Neste ano, também chamou a atenção a alta presença de mulheres nos palcos, que foram 70% das atrações.
Entre elas estiveram Céu, Jaloo, Zaynara, AJULIACOSTA, Ebony, Nega do Babado, Rayssa Dias, Jéssica Caetano, entre outras.
Pabllo Vittar com falhas técnicas
Existia uma grande expectativa pelo show de Pabllo Vittar, que não se apresenta no Recife desde o Carnaval de 2023 - neste intervalo, ela lançou um novo álbum, o "Batidão Tropical Vol. 2". Outro fator era a presença de uma banda, algo que vinha sendo cobrado da drag pelos fãs há tempos nas redes.
Contudo, o show foi marcado por problemas técnicos. Ainda no primeiro bloco, o som parou e as luzes se desligaram, quando Pabllo saiu de cena.
Quando retornou, ela reclamou diversas vezes que não conseguia ouvir o retorno. "Não vai ter agudo hoje, porque não consigo me ouvir", disse, de forma sincera e bem-humorada. "Finjam que está tudo perfeito".
Da metade para o fim, a situação melhorou. A maranhense driblou os contratempos e realizou um ótimo show, talvez o mais arrojado que já fez no Recife - pelos vocais, coreografias, banda e maturidade artística. O repertório priorizou os dois volumes do "Batidão Tropical".
Mais atrações
No Palco Coquetel Molotov, o maior da festa, a cultura paraense foi enaltecida por Jaloo, com suas experimentações pop do tecnobrega, e Zaynara, vencedora de Artista Revelação do Prêmio Multishow.
Esta segunda conquistou o público recifense com músicas autorais e sucessos paraenses da Calypso, Cia do Calypso e Gaby Amarantos, além de hits do pop global como "Billie Jean", de Michael Jackson, e "Titanium", de David Guetta com SIA.
Céu fez uma performance magnética com vocais hipnotizantes, enquanto AJULIACOSTA e Ebony representaram a nova geração de rappers mulheres, mesclando hip hop com apresentações de dança de funk, R&B e pop.
Tradição e modernidade fizeram coro em apresentações como a de Jéssica Caitano com Samba de Coco Raízes de Arcoverde.
Concha Acústica
Na Concha Acústica da UFPE, o Palco Natura ofereceu apresentações do indígena Fykyá; do brincante da Zona da Mata Nailson Vieira, além de Gaidaa, com seu R&B dos Países Baixos; Ventura Profana; e de Luísa e os Alquimistas, apresentando os últimos acordes de sua despedida.
O destaque deste palco foi pianista Amaro Freitas, revelação do jazz internacional, recém-aclamado Melhor Instrumentista do Ano pelo Prêmio Multishow e indicado ao Grammy Latino.
Kamikaze
Palco de música eletrônica, o Kamikaze teve como ponto alto a carioca Tati Quebra Barraco, que abriu muitas portas para o funk na década de 2000. A autora de "Boladona" chegou a se emocionar no final de sua apresentação ao ver a pista lotada.
Além dela, nomes da música eletrônica brasileira como MU540, Pedro Chediak, BJ3, Zoe Beats, Paulete Lindacelva, Dandarona, RONI e Ramon Sucesso fizeram o público dançar até o amanhecer.
Quem abriu o palco foi o crew Baile Charme, que festeja a cultura negra na cidade, num encontro com Corello DJ.
"Ficamos felizes demais por receber shows incríveis de nossos artistas e por promover o encontro deles com grandes apresentações de nomes nacionais consagrados. Além de muito realizados e emocionados, já estamos empenhados para fazer uma edição 2025 ainda mais bonita. O trabalho começa agora", diz Ana Garcia, diretora do festival.