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Coronavírus impulsiona corrida pela modernização e traz desafios às empresas

Organizações viram suas relações com clientes e colaboradores serem transformadas por causa da covid-19

Marcelo Aprígio
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Marcelo Aprígio
Publicado em 26/04/2020 às 10:00 | Atualizado em 27/04/2020 às 11:24
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Pessoas devem estar preparadas para contar com a tecnologia ao seu favor - FOTO: PIXABAY

A pandemia do novo coronavírus (covid-19) mudou a rotina de empresas em todo o mundo. Aqui no Brasil, o avanço da doença impôs a tomada de medidas de prevenção, como o fechamento de comércios e serviços não essenciais e adoção do regime de home office para trabalhadores. Com isso, o vírus impulsionou a corrida pela modernização e trouxe novos desafios para as organizações, que viram suas relações com clientes e colaboradores serem transformadas. 

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No primeiro caso, os empreendimentos precisaram investir na criação de canais e-commerce para vender seus produtos ou serviços e continuar faturando. Já no segundo, foi necessário mudar o regime de trabalho e inovar nos processos de treinamento dos funcionários, como explica o consultor empresarial e especialista em novas ferramentas digitais Maurício Sechi. “As empresas entenderam a necessidade atender as demandas internas e externas em meio à pandemia, ainda que de um jeito diferente do habitual”, pontua.

Ele ressalta ainda que sempre é preciso se adaptar às situações e encontrar boas maneiras para isso. “Devemos estar preparados para enfrentar tudo o que está por vir e podemos contar com a tecnologia ao nosso favor”, aponta Sechi, afirmando que a transformação digital chegou e as empresas que já haviam incorporado ela em suas práticas cotidianas, saíram na frente nesta crise.

Com o rápido avanço da covid-19, o Home Center Ferreira Costa precisou passar mudanças na prestação de serviços de seus colaboradores. Muitos deles, passaram a trabalhar de suas casas. Dessa forma, para garantir um bom desempenho dos funcionários, a empresa forneceu todo aparato tecnológico e aperfeiçoou uma plataforma criada ainda antes da pandemia com o objetivo de continuar realizando treinamentos.

De acordo com a gerente de e-commerce da Ferreira Costa, Flávia Chiba*, a EduFC foi criada inicialmente para hospedar vídeos didáticos, permitindo assim que seus empregados pudessem acessá-los remotamente. “Agora, com o coronavírus, tivemos que nos adaptar e os treinamentos, antes presenciais, são feitos integralmente online pela EduFC”, explica ela, afirmando que a empresa optou por não adiar esses eventos para o período pós-pandemia.

Ao mesmo tempo em que traz soluções, a adesão à tecnologia impõe também um desafio às empresas, a adoção de medidas de segurança para proteção dos dados de colaboradores e clientes. É o que explica a advogada Gisela Burle, especialista em Direito Empresarial, Tecnologia e Inovação, do escritório Da Fonte Advogados. “Com a pandemia, a era digital foi forçada a chegar. Agora, tudo é novo, e as empresas precisam estar atentas aos novos riscos e desafios”, argumenta a advogada, afirmando que houve uma destruição dos modelos de negócios antigos e com isso novas regras precisam ser observadas.

Para ela, apesar de ainda não estar em vigor, as determinações da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que começa a valer a partir de 16 de agosto, precisam ser levadas em consideração pelas empresas desde já. “A nova lei será um desafio para as organizações de todos os portes. Por isso, é necessário estar atento a cada parte da LGPD”, aconselha ela, lembrando que a nova legislação estabelece diversas penalidades para organizações que não adotarem medidas de transparência e segurança, para evitar vazamentos e desvios de finalidade no uso dos dados.

Diante dessa realidade, Maurício Sechi afirma que todo o cuidado é pouco para proteger os dados corporativos, a fim de evitar perdas e danos à segurança digital. “O caminho é investir no uso de virtual private network ou rede privada virtual, além de manter uma política de segurança concisa e eficiente”, explica o consultor empresarial. Ainda de acordo com ele, tanto implementar soluções, como antivírus e firewall atualizados constantemente, quanto criptografar informações mais sensíveis, como dados bancários e senhas, é o mais adequado para evitar futuros problemas. Maurício explica ainda que se o uso de tecnologia não for bem planejado pode abrir espaço para os golpes no ambiente virtual e permitir que criminosos tenha acesso ilegalmente aos dados estratégicos das empresas, como informações financeiras ou dados pessoais dos clientes e fornecedores, gerando um prejuízo incalculável.

Nesse contexto, o consultor empresarial explica que é importante que as empresas criem uma política efetiva para adequação de sistemas e controle de acesso à rede corporativa, o que segundo ele demanda um investimento financeiro que deve se adequar à realidade de cada organização. “O montante a ser investido em ações de proteção de dados varia de empresa para empresa, já que dependerá do porte, do ramo de atividade, da propensão a riscos”,afirma ele, ressaltando ainda a necessidade de alertar colaboradores para a importância do tema.

 

*Na edição impressa do JC deste domingo, Flávia Chiba foi referida como gerente de RH. Erro nosso. Ela é gerente de e-commerce da empresa

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