O Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nessa terça-feira (30) que o número de desempregados no Brasil, entre janeiro e maio de 2020, chegou a 12,7 milhões. Diante da pandemia do novo coronavírus, empresas decidiram demitir seus funcionários para cortar gastos e, de acordo com mapeamento feito pelo Ministério da Economia, entre janeiro e abril de 2020, 351.181 empresas decidiram fechar as portas.
Apesar de o cenário atual não ser animador, algumas pessoas encontraram oportunidades nas redes sociais, sobretudo no Instagram, para empreender durante a quarentena. É o caso das jovens pernambucanas Thaísa Pimentel, de 21 anos, e Laryssa Monteiro, 20. As duas fazem parte do universo de mais de 81 milhões de pessoas que usam a plataforma no Brasil. Segundo o portal alemão Statista, em abril de 2020, o Brasil só estava atrás dos Estados Unidos e da Índia em relação ao número de usuários da rede social. Os países contabilizavam 120 milhões e 88 milhões, respectivamente.
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Thaísa, que é estudante do 7° período do curso de direito em uma faculdade particular de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR), já vinha se planejando para abrir uma loja de lingerie há meses. No entanto, só teve coragem para dar o pontapé inicial em meados de maio. "Eu comecei a fazer pesquisas para saber se as pessoas estavam comprando na quarentena, porque eu mesma estava. E eu percebi que sim", contou. Segundo o índice MCC-ENET, no mês de março de 2020, as vendas online no Brasil cresceram 42,31% em relação ao mesmo período em 2019. Em maio deste ano, o aumento é ainda maior quando comparado ao mesmo mês do ano passado: 137,34%.
O lançamento da loja aconteceu no dia 9 de junho, próximo ao Dia dos Namorados. "Para a minha surpresa, em 24 horas, vendi 80% da minha coleção. Eu achava que iria durar mais ou menos um mês para vender porque eu era nova no mercado, mas o Instagram ajudou muito”, contou.
Com o sucesso das vendas, Thaísa já anunciou uma segunda coleção. Como o negócio está no início, a jovem explicou que ainda não decidiu se tornar uma microempreendedora individual (MEI), mas que em breve irá sair do trabalho informal.
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Para o economista e professor do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE), Edgar Leonardo, o Instagram é uma plataforma democrática e uma boa ferramenta para o trabalho informal. "O Instagram permite essa possibilidade informal, de você apresentar o teu trabalho e poder conseguir renda com isso, o que é muito bom. Num momento em que o desemprego está alto e que, certamente, vai crescer bastante nos próximos meses", comentou. “Certamente, empreender em pequenos negócios vai ser uma tônica e a informalidade vai aumentar. Muita gente vai vai começar esses pequenos empreendimentos, ainda sem o MEI, ainda sem abrir uma empresa”, continuou.
Como o Instagram é um espaço para todos os gostos, Laryssa Monteiro, que vai começar a estudar psicologia neste semestre, encontrou a oportunidade para começar a vender doces, sobretudo bolos. "Eu tinha essa ideia desde o ano passado, que foi quando eu descobri que fazer bolos era uma paixão, mas fiquei adiando. Comecei a estudar e fui deixando para frente. E quando começou a pandemia, uns 12 dias antes da Páscoa eu disse à minha mãe que iria começar e iria fazer ovos de páscoa. Foi um sucesso. Ganhei muitos clientes, e depois da Páscoa foquei nos bolos. A partir desse momento eu comecei a investir no Instagram”, relatou.
A jovem contou também que a ideia inicial era prestar vestibular para a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mas como o empreendimento deu bons resultados, ela não conseguiria se dedicar e, por isso, decidiu trocar a universidade pública por uma privada.
Ao contrário de Thaísa, Laryssa afirmou que é MEI. Segundo explicou o economista Edgar Leonardo, para se enquadrar nessa modalidade, é necessário atender algumas condições, como ter um faturamento de no máximo R$ 81 mil por ano, não ser sócio, administrador ou titular de outro empreendimento, não ter mais que um funcionário contratado e exercer uma das atividades permitidas ao MEI. Ele ainda disse que começar no Instagram ainda informal é uma boa opção para "prototipar" o negócio e ter dimensões de resultados.
De acordo com o professor, antes de abrir um empreendimento é necessário seguir alguns passos, são eles: identificar o problema, propor a solução que será transformada em produto e ter planejamento financeiro.
O Instagram permite essa possibilidade informal, de você apresentar o teu trabalho e poder conseguir renda com isso, o que é muito bom. Num momento em que o desemprego está alto e que, certamente, vai crescer bastante nos próximos meses", comentou.Edgar Leonardo, professor de economia
Mas para além de vender produtos, no Instagram também é possível vender serviços e compartilhar conteúdos. A estudante de fisioterapia de uma universidade particular do Recife Jamile Souza já havia criado um perfil profissional em 2019 para, quando recebesse o diploma, começar divulgar o trabalho como fisioterapeuta, mas encontrou na rede social uma plataforma para também compartilhar conhecimento.
"Eu tinha criado a conta em 2019, sendo que eu nunca tinha postado nada. Na minha mente, eu ia começar a postar nele depois de formada, que daí eu falaria sobre os atendimentos e tudo mais. Mas aí quando começou a quarentena e eu vi que estava ficando ansiosa, decidi começar a postar logo e falar sobre assuntos da minha área. Além de estar fixando o conteúdo, eu também posso ajudar outras pessoas que estão estudando sobre isso", comentou.
“Essa minha conta é a minha zona de escape. É uma plataforma que eu gosto, que eu curto muito, e eu estou falando sobre assuntos relevantes e que eu entendo”, completou. A jovem relatou que, apesar ainda não ser uma conta profissional, é necessário ter planejamento e organizar os conteúdos que serão postados.
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O Instagram permite essa possibilidade informal, de você apresentar o teu trabalho e poder conseguir renda com isso, o que é muito bom. Num momento em que o desemprego está alto e que, certamente, vai crescer bastante nos próxim
Edgar Leonardo, professor de economia
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