Os cursos livres reabrem as portas em Pernambuco na próxima segunda-feira (17), após quase cinco meses de aulas remotas e queda no número de estudantes e receita. Atenta aos protocolos para encarar o “novo normal”, esta modalidade de ensino será a primeira a voltar às atividades presenciais no Estado. O retorno será gradual e dividido em três fases até chegar à plena capacidades dos estabelecimentos de educação. A medida abrange os cursos de idiomas e qualificação profissional, informática, entre outras formações. Cursos técnicos integrados ao ensino médio e preparatórios para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e vestibulares não estão contemplados nesta liberação.
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A quarentena acertou em cheio as receitas de várias escolas no Estado. Só o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial em Pernambuco (Senac-PE) viu seu faturamento cair aproximadamente 30% durante o isolamento social. De acordo com o diretor de Educação Profissional da entidade, Eliézio Silva, o déficit aconteceu por causa da desistência de alunos. “A crise afetou fortemente as famílias, isso acabou reduzindo nosso número de discentes. Esperávamos fechar o primeiro semestre com 29 mil, mas a pandemia reduziu isso para 15 mil apenas”, afirma Silva, ressaltando que os cursos livres representam 70% da oferta educacional do Senac-PE.
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Quem também assistiu a uma debandada dos alunos foi a filial da rede de escolas de idioma CNA, em Paulista, no Grande Recife. A unidade perdeu cerca de 25% dos estudantes no período em que esteve de portas fechadas. Segundo Fernanda Moraes, proprietária da escola, a expectativa é que a baixa seja revertida com a retomada das atividades presenciais. Para ela, muitos alunos desistentes estavam desmotivados e, com o retorno à sala de aula, poderão ganhar uma injeção de ânimo. “Os estudantes estão em busca de capacitação e com o retorno, eles ficam com mais vontade de aprender. É possível até que, quem precisou deixar a escola, volte neste momento”, diz.
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“Esse retorno é necessário, principalmente, para os que não tem acesso às ferramentas digitais e necessitam do dinamismo das aulas olho a olho”, argumenta o estudante da CNA Felipe Santana, 17 anos, lembrando que, mesmo com o regresso, as aulas serão híbridas. Parte presencial, parte virtual.
Apesar da necessidade das instituições em recuperar rapidamente as perdas dos mais de 150 dias sem funcionamento presencial, a volta às aulas não será tão acelerada. Segundo o Governo de Pernambuco os cursos livres precisarão atender a um calendário e à limitação na ocupação dos seus espaços. Inicialmente, as instituições devem retornar com 25% da capacidade de alunos e apenas para a faixa etária a partir dos 18 anos.
Na semana seguinte, podem voltar até 50% da capacidade de cada instituição, com alunos a partir de 15 anos. Na terceira etapa, a partir de 31 de agosto, a capacidade física da instituição pode ser ocupada em até 75%. Será permitida a entrada de alunos com 11 anos ou mais. O escalonamento da retomada segue até 8 de setembro, quando será autorizada a entrada de todos os discentes.
Isso, porém, não desanima as instituições, que já estão preparadas para receber os estudantes na volta dos cursos presenciais. “Nosso colaboradores já estão prontos para o retorno, faremos uma capacitação com todos os alunos sobre os protocolos de convivência com a covid-19”, explica Eliézio Silva, do Senac, frisando que a entidade tem um plano de controle e prevenção da doença próprio, considerado mais rígido que o estadual e que foi elaborado pela Senac Nacional.
“Cautela é a palavra de ordem”, diz Fernanda Moraes, da CNA. Segundo ela, para garantir a segurança no retorno às atividades presenciais, as orientações das equipes de saúde serão cumpridas à risca. “Todos de máscara, distanciamento mínimo, totens de álcool gel espalhados pela escola e limite de alunos por sala”, explica Fernanda.
Com o regresso às escolas, há quem sinta falta do tempo que passou em ‘home study’, o ‘home office’ dos estudantes. Uma dessas pessoas, é a jovem Maria Regina Araújo, 19. “Apesar das dificuldades das aulas online, consegui aproveitar bastante e me dedicar mais ao curso, já que não perdia tempo no trânsito. Era muito bom. Agora, espero que a aprendizagem seja tão proveitosa quanto o período com aulas remotas”, conta Maria Regina, ansiosa por reencontrar os colegas e professores, apesar das saudades da experiência virtual.
Thalles Nascimento, 21, também não vê a hora de estar lado a lado dos amigos em uma sala física. “As aulas virtuais que tínhamos eram excelentes, mas nada se compara com as presenciais”, diz o estudante do curso de Bombeiro Civil, no Grau Profissionalizante, que, com a retomada das atividades, já tem vagas abertas para receber novos alunos. “Aproximadamente 1 mil estudantes deixaram a escola por causa das dificuldades impostas pela crise, agora esperamos, não apenas que esses voltem, mas que novos cheguem”, conta o consultor da instituição, Daniel Cruz.
Ele lembra que a escola já havia retomado parte das atividades presenciais no mês passado, quando o governo de Pernambuco autorizou a realização de aulas práticas. “Nossas unidades já estão totalmente adaptadas há cerca de duas semanas, com distanciamento, álcool gel, ferramentas individualizadas, além da distribuição de máscaras para funcionários e alunos”, diz Daniel.
Entre os cursos que com vagas abertas a novas turmas, estão os de Mecânica, Gastronomia, Bombeiro Civil, Refrigeração e Climatização, Corte e Costura e Eletricista Predial. “Muitas vezes, a pessoa perdeu o emprego durante a crise e está em busca de se reposicionar no mercado com a retomada econômica. O curso profissionalizante é o ideal para, por ter curta duração e forte aceitação no mundo do trabalho”, argumenta Cruz. Para se inscrever, os interessados podem procurar uma unidade da rede. A matrícula também pode ser feita pelo site graup.com.br ou pelo 0800 738 4816.
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