A nova regulamentação do mercado de gás está desenhando mais um novo negócio para Suape a partir do contrato de fornecimento que a multinacional Shell ganhou para fornecer gás natural (GN) doméstico à Companhia Pernambucana de Gás (Copergás). A holding brasileira de acionistas norte-americanos, OnCorp, vai ser uma das parceiras da petrolífera na venda futura de Gás Natural Liquefeito (GNL), segundo o diretor da OnCorp e da OnGas, João Mattos. A intenção é distribuir o GNL para outros Estados do Nordeste a partir de Suape. O investimento no novo empreendimento é de R$ 160 milhões, sem incluir as despesas com o navio.
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Os recursos serão gastos em algumas adaptações no Cais de Múltiplo Uso (CMU) de Suape e despesas com o navio que é do tipo FSRU, funcionando como um terminal de regaseificação depois que atracar na área do porto. Segundo João Mattos, a OnCorp vai trazer a estrutura do terminal de GNL e a Shell, como é a dona do GNL, vai ter uma participação no empreendimento. O GNL será importado de Trinidad Tobago, África e Estados Unidos. O GNL é o gás transportado em estado líquido.
De propriedade de acionistas norte-americanos radicados no Brasil há mais de 20 anos, a OnCorp é uma holding que atua na área de energia, sendo dona da OnGas, a comercializadora de gás do grupo. "A nossa intenção é fazer, a partir de Suape, a distribuição e venda do GNL para os demais Estados do Nordeste", resume João.
O GNL vai ser transportado em estado líquido. Depois que o navio atracar na área de Suape, o combustível passa por um processo de regaseificação (na própria embarcação) e depois disso pode entrar pelos dutos na forma gasosa. A distribuição ocorrerá pelo gasoduto da TAG - antigo Nordestão - que liga Alagoas até o Ceará. "O GNL poderá trazer mais eficiência para a indústria, uma maior oferta para quem desejar fazer a co-geração e mais competitividade nos leilões de energia das térmicas", argumenta João Matos. De uma maneira geral, o gás pode sair mais barato do que a energia elétrica usada nas fábricas e deixar a geração de energia mais módica, porque uma parte das termelétricas ainda usa diesel, que é mais caro do que o gás.
A intenção da OnCorp é de que o primeiro navio chegue ao Porto de Suape em dezembro de 2021. João diz que o volume a ser comercializado deve ser definido até janeiro. "Essa iniciativa da Shell e da OnCorp pode fazer do Porto de Suape um grande hub (ponto concentrador e distribuidor) do GNL no Nordeste", afirma. Pelo que foi divulgado até agora, a Shell ganhou uma licitação, para vender à Copergás 750 mil metros cúbicos, por dia, de gás natural (GN) em 2022, e 1 milhão de metros cúbicos, por dia, de GN em 2023. João Mattos argumenta que a futura venda do GNL será feita por contratos, podendo ser associada ou não à comercialização do gás natural a ser realizada pela petrolífera.
O gás também é o combustível de transição pra esse momento de descarbonização da economia, porque é menos poluente do que os outros combustíveis fósseis. A nova regulamentação do mercado do gás está em tramitação no Congresso Nacional, já foi aprovado pelo Senado e deve voltar a ser analisado pela Câmara dos Deputados. Esse marco regulatório prevê a entrada de novas comercializadoras/distribuidoras no mercado que antes era somente da Petrobras.
FOTOVOLTAICA
A OnCorp instalou uma planta de uma usina fotovoltaica (que gera energia a partir da radiação solar) na cidade de Ribeirão, na Zona da Mata. A unidade tem a capacidade gerar 2,5 megawatts. "É uma tecnologia nova e aí percebemos que a geração solar seria mais eficiente se tivesse uma maior quantidade de vento batendo nas placas, que ficariam mais eficientes e com uma vida útil maior", explica João Mattos.
A geração solar é feita usando placas fotovoltaicas que captam a radiação solar, transformando-a em energia. A usina fotovoltaica vai ser inaugurada no dia 10 de janeiro do próximo ano e recebeu um investimento de R$ 11 milhões realizado pela OnCorp.
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