Indústria de Pernambuco teve o melhor resultado do País em 2020, mesmo com a pandemia da covid-19
Setores de alimentos e bebidas puxaram o crescimento da produção industrial e fizeram o Estado ficar entre os únicos três que apresentaram desempenho positivo no Brasil em 2020
Pernambuco foi o Estado que despontou com maior crescimento da produção industrial em 2020. Mesmo em um ano marcado pela pandemia da covid-19, que derrubou a atividade de todos os setores durante os meses de distanciamento social mais severo, a indústria pernambucana engatou uma rápida recuperação durante a retomada da economia. Especialistas chegaram a apostar que o desempenho da atividade seria positivo ao final do ano. E foi o que aconteceu. A indústria local cresceu 3,7% no ano passado, na comparação com 2019. Além de Pernambuco, apenas Rio de Janeiro (0,2%) e Goiás (0,1%), praticamente empatados com 2020. Os resultados foram divulgados nesta terça-feira (9) pelo IBGE. Dos 15 locais pesquisados pelo Instituto, apenas esses três não tiveram desempenho negativo.
Os setores de alimentos (9,7%), bebidas (6,5%) e material de borracha e de plástico (11,5%) foram os responsáveis por turbinar a produção industrial do Estado. Esse crescimento foi motivado por vários fatores, como o isolamento social que estimulou o aumento do consumo em casa, o home office e o auxílio emergencial.
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"Se avaliarmos os dados isoladamente, vemos que essa alta de produtos oriundos do plástico aconteceu em razão do aumento da demanda de delivery e das vendas online, resultando numa elevação de 11,7%; do setor de alimentos, que, considerado essencial, também foi bastante impulsionado pela safra do segundo semestre da cana-de-açúcar (responsável por mobilizar toda uma cadeia); e de bebidas", avaliou o economista da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE), Cézar Andrade.
A retomada das operações do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), que começou a fazer serviços de reparo naval, também contribuiu para o bom resultado da economia local. O setor de fabricação de outros serviços de transporte, ancorado pelo EAS, vinha sempre apresentando taxas negativas. Com o retorno do funcionamento, em dezembro a taxa de crescimento foi de 125,3%, em função da base reprimida.
Com isso, o setor contribuiu para o crescimento da produção industrial pernambucana em dezembro. Na comparação com igual mês de 2019, o avanço foi de 8,3%. A reboque do estaleiro também avançou o setor de metalurgia, com taxa de 10,2%.
Já na passagem do mês de novembro para dezembro, Pernambuco apresentou queda de 2,9%. De acordo com a Fiepe, apesar do fechamento positivo de 2020, essa retração mensal pode estar associada ao fato das indústrias realizarem estoques nos meses anteriores por conta da reabertura de alguns setores da economia. Se baseando nesse critério de comparação, Pernambuco pontuou menos que o Nordeste, que cresceu, de um mês para o outro, 0,2%, e também do Brasil, que obteve um aumento de 0,9%.
BRASIL
No Brasil, que apresentou queda em 12 dos 15 locais pesquisados, os principais recuos foram registrados no Espírito Santo (-13,9%), Ceará (-6,1%) e São Paulo (-5,7%). Na média nacional, segundo dados do instituto divulgados na semana passada, a indústria teve queda de 4,5%.
Outros locais que tiveram redução da produção acima da média nacional foram Amazonas (-5,5%), Rio Grande do Sul (-5,4%), Bahia (-5,3%) e Mato Grosso (-5,2%). Também recuaram no ano passado, porém abaixo da média nacional, os seguintes locais: Santa Catarina (-4,4%), Minas Gerais (-3,2%), Região Nordeste (-3%), Paraná (-2,6%) e Pará (-0,1%). Três estados fecharam o ano com resultado positivo: Pernambuco (3,7%), Rio de Janeiro (0,2%) e Goiás (0,1%).
Na comparação de dezembro de 2020 com o mês anterior, houve alta em 11 dos 15 locais pesquisados, com destaque para Espírito Santo (5,4%) e Ceará (4,7%). Quatro locais tiveram queda, sendo as maiores delas observadas na Bahia (-4%) e no Amazonas (-3,7%).
Na comparação anual, de dezembro do ano passado com dezembro de 2019, 13 dos 15 locais tiveram aumento na produção. Os destaques foram Rio Grande do Sul (19,7%), Paraná (18,9%), Santa Catarina (18,7%) e Minas Gerais (18,4%). Dois locais tiveram queda: Rio de Janeiro (-3,9%) e Goiás (-3,5%).