Setor produtivo

Indústria de Pernambuco deverá encerrar o ano com resultado positivo, apesar da pandemia

Recuperação após os meses mais críticos da pandemia da covid-19 foi mais rápida do que o setor esperava

JC
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Publicado em 17/12/2020 às 20:08
SDEC/DIVULGAÇÃO
Tanto indústria como serviços acham que o valor está alto e que pagam mais do que outro, alimentando uma disputa histórica - FOTO: SDEC/DIVULGAÇÃO
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A diversificação do Polo Industrial pernambucano ajudou o setor a amortecer os impactos da crise provocada pelo novo coronavírus em 2020. Mesmo com a pandemia, a expectativa da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe) é fechar o ano com resultado positivo. O Estado tem várias indústrias no segmento de alimentos e bebidas e de higiene pessoal e limpeza, atividades que cresceram durante a pandemia por conta da mudança de comportamento do consumidor, em isolamento social. A rápida recuperação também dinamizou a atividade industrial. 

No acumulado do ano o setor teve uma alta de 2,4%, muito em razão da demanda reprimida. O resultado mais recente, de outubro, também foi positivo, de 7,2%. A confiança dos empresários do segmento industrial vem dando sinais de melhora, atingindo a marca de 58,9 pontos em dezembro, mas ainda permanece abaixo do apresentado antes da pandemia, em fevereiro deste ano, quando a confiança atingiu 62,3 pontos. 

"Não arriscamos um percentual de crescimento, porque é difícil prever, mas acreditamos que será positivo porque no acumulado já está.  Isso acontece por conta do nosso tecido industrial, as características do nosso parque. Alimentos, higiene e limpeza e outros são fortes no Estado e puxam o crescimento. A recuperação também foi mais rápida e consistente do que a gente imaginava. Em relação ao ano que vem, a gente precisa observar dois cenários. Um é como a pandemia vai se comportar e se a vacina virá. O outro cenário é o ambiente de negócio, que precisa ser estimulado com ou sem pandemia, e as reformas realizadas", pondera o gerente de Relações Institucionais da Fiepe, Maurício Laranjeira.  

EXPECTATIVAS 2021

Mesmo com a confiança do empresário industrial em ascensão, o ano de 2021 será desafiador para o segmento. Isso porque, mesmo que haja uma solução para a imunização contra a Covid-19, especialistas avaliam que as dificuldades ainda terão ressonância por todo o ano. O fim do auxílio emergencial deve impactar a população e, consequentemente, o setor produtivo. A maior expectativa, portanto, está na aprovação das reformas administrativa e tributária, que darão o tom e podem, se aprovadas, ser essenciais para a economia sair do cenário de recessão.

De acordo com o presidente da Fiepe, Ricardo Essinger, a recuperação está em andamento, mas o crescimento econômico no terceiro e quarto trimestres não serão suficientes para salvar este ano. O resultado do PIB do Brasil deve cair 4,3% na comparação com 2019, enquanto que o PIB industrial, 3,5%. A queda do PIB projetada em 2020 ficou muito próxima à prevista no cenário base do primeiro Informe Conjuntural do ano, de maio. Em 2021, a expectativa é de crescimento de 4,0% do PIB e de 4,4% do PIB industrial – números que poderão ser revisados ao longo do próximo ano.

Estes dados foram divulgados recentemente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que, além desses entraves, trouxe informações da dívida pública com relação ao PIB, que passou de 75,8%, em 2019, para 92,8%, em 2020, com oscilação para 92,6%, em 2021. “Será necessário equilibrar as contas públicas e atrair investidores que aceitem o risco do País. Para elevar a confiança dos investidores será necessário consolidar a reforma trabalhista e tirar do papel algumas reformas estruturantes, como as reformas administrativa e tributária, além do pacto federativo e as privatizações”, ressaltou Essinger.

DESEMPREGO

Embora as indústrias de Pernambuco venham reagindo com estabilidade dentro do cenário de crise, existe uma preocupação em torno do fechamento dos pontos de trabalho. O Estado perdeu quase 15 mil postos de emprego entre janeiro e outubro de 2020. No Brasil, foram mais de 170 mil. A taxa de desocupação pernambucana ficou em 18,8% no terceiro trimestre deste ano, se configurando como um dos estados com a taxa mais alta do País, atrás apenas da Bahia, de Sergipe, de Alagoas e do Rio de Janeiro. O Brasil está quase com 15%.

“Esse cenário é sinal de alerta, pois sem renda as pessoas deixam de consumir e o setor poderá, mais uma vez, ser penalizado sem ter como escoar os seus estoques”, relembrou o presidente da FIEPE. No começo do isolamento social, boa parte das empresas ficou sem vender e, com a retomada, foram pegas de surpresa pela demanda represada e, naturalmente, pelo aumento dos insumos por conta do efeito do dólar”, diz Essinger, reforçando que uma segunda onda do coronavírus penalizaria, além das vidas, drasticamente o setor. A CNI projeta ainda que a dificuldade de se obter insumos deverá terminar no segundo trimestre de 2021, assim como a pressão sobre os preços, como resultado tanto da valorização do real, como da reorganização das cadeias produtivas.

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