CHOCOLATES E DOCES

Varejo do chocolate 'antecipa' Páscoa e aposta na digitalização e delivery para impulsionar vendas

Setor também espera contratar 12 mil pessoas direta e indiretamente para atuar nas linhas de produção ou nos pontos de venda

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Marcelo Aprígio

Publicado em 21/03/2021 às 10:00
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Em 2020, a pandemia de covid-19 fez a Páscoa ser menos doce que o habitual. À época, de indústrias de chocolate a confeiteiras empreendedoras com seus quitutes artesanais, todos esperavam um crescimento no volume de vendas acima dos dois dígitos, mas foram frustrados e viram seu planejamento para o período derreter. Agora, a pouco mais de 15 dias da Páscoa, como em um "dejavú", o número de casos da doença segue em linha ascendente e medidas de isolamento estão ficando mais restritivas, o que não se repete é a maneira de se preparar para esse momento. Prevendo um repique da pandemia, o setor de chocolate e doces pascais, desde o começo do ano, vem dobrando suas apostas na diversificação dos canais de venda, como o comércio on-line.

“Não vai ser uma Páscoa maravilhosa, mas vai ser boa e melhor do que ano passado, quando fomos pegos de surpresa”, diz Ubiracy Fonsêca, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Chocolate, Amendoim e Balas (Abicab). Em 2020, foram produzidas cerca de 8,5 mil toneladas de ovos e produtos de Páscoa, 15% menos do que em 2019. A expectativa para 2021, segundo Fonsêca, é de que ainda seja uma produção menor do que em outros anos, mas superior a 2020.

Já o setor supermercadista aposta em um crescimento tímido de aproximadamente 10% em vendas de todos os itens consumidos na Páscoa, incluindo não só chocolate, mas, também, peixes, colombas e vinhos, segundo comunicado da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

Apesar do cenário desafiador, os produtores estão otimistas, tanto que já abriram vagas de emprego. Para atender à demanda, a indústria de chocolates estima quase 12 mil contratações temporárias diretas e indiretas de profissionais que atuarão nas linhas de produção ou nos pontos de venda. O número representa um crescimento de 4,8% em relação ao ano anterior.

Isso já se reflete nas estratégias do mercado. No ano passado, a Lacta, da multinacional Mondelez, chegou a fazer um ajuste no posicionamento da marca, criou site próprio de vendas e fez parceria com plataformas de entregas em domicílio para desabastecer lojas, com isso a companhia viu as vendas on-line saltarem de 2% para 10% da receita. Já em 2021, a Lojas Americanas, importante varejista para a categoria, começou a campanha no fim de fevereiro e destacou os canais digitais. Compras no aplicativo e site terão descontos progressivos nos ovos da marca própria da rede.

MARCELO APRÍGIO/JC
OVOS DE CHOCOLATE | Expectativas do setor de chocolates para a Páscoa 2021 - MARCELO APRÍGIO/JC

Grande conhecida dos amantes de chocolate, a Kopenhagen lançou uma ação batizada de "Sabor Que Vem de Dentro" para continuar atraindo os consumidores. Foi criado pela marca um QR Code que permite a personalização de mensagem para ser enviada em vídeo. “Queremos fortalecer o vínculo emocional com nossos clientes e propor novas maneiras de celebrar e se conectar com quem amamos”, destaca Sheila Lispector, franqueada da marca no RioMar Recife. No portfólio há 55 itens, desses, 15 são lançamentos. Há Ovos de Páscoa a partir de R$ 56,90.

A marca pernambucana Cia do Cacau esperava produzir e vender cerca de 280 toneladas de chocolate, em 2020, mas precisou suspender a linha de produção por causa da pandemia, quando já havia alcançado a marca das 150 toneladas. Para tentar dar vazão ao produto, a empresa investido em vendas pelas redes sociais da marca (@ciadocacauoficial) e WhatsApp, drive trhu e delivery. Modalidades que ganharam espaço permanente na empresa.

"A Páscoa é a principal sazonalidade do nosso negócio. Estamos com grandes expectativas para este ano. A pandemia fez a gente se reciclar e nos preparar com antecedência para oferecer novidades para os consumidores, que já estão fazendo as compras pascais", conta uma das proprietárias do Grupo Souza, detentor das marcas Cia do Cacau, Planeta Bombom, Center Doces e Recife Doces, Juliana Souza.

Mas não ser mais surpreendido pela pandemia não significa jogo fácil. É preciso lidar com índice de desemprego alto e menor capacidade de compras para uma grande parte da população, cuja renda caiu desde o fim do auxílio emergencial e uma fatia importante dos recursos tem sido consumida por produtos essenciais que estão mais caros, como alimentos e combustível.

Para esta Páscoa, um levantamento da MindMiners, empresa de tecnologia especializada em pesquisa digital, aponta que 46% dos entrevistados vão comprar ovos, e, deles, 40% pretendem gastar menos do que no ano passado. Entre os que não vão comprar, 55% apontaram preços muito altos e 21% afirmaram estar desempregados ou economizando. Ainda sobre as intenções de compra, 49% pretendem comprar caixas de bombom ou barras de chocolate. A pergunta permitia respostas múltiplas.

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OVOS DE CHOCOLATE | Expectativas do setor de chocolates para a Páscoa 2021 - MARCELO APRÍGIO/JC

Diante desse cenário e mesmo com pressões de custos, a Lacta não fez reajustes e resolveu apostar em formatos presenteáveis para seus itens de linha regular, como tabletes e caixas de bombom, para ganhar o consumidor que quer gastar menos. Já nos ovos, a ampliação de portfólio ajuda a vender produtos mais premium. “O olhar para Páscoa não é mais só para os ovos. É um evento sazonal que movimenta a categoria, em que a linha regular tem um papel importante”, comenta Renata Vieira, Diretora de Marketing de Chocolates da Mondelez Brasil.

Para conhecer as inúmeras opções de chocolates e ovos para todos os gostos e bolsos, o RioMar Online conta com uma diversidade de lojas que destacam barras de chocolate, bombons e outras delícias para serem aproveitadas nesta Páscoa. Na Planeta Bombom, por exemplo, os ovos da Cia do Cacau não são os únicos que chamam atenção, o cliente também encontra opções zero açúcar, além de trufas de diferentes sabores.

A Bauducco também está presente na plataforma RioMar Online com seus panetones sabor trufa e cobertura de chocolate. A Milka com suas barras de chocolates tradicionais, recheadas, produtos da linha Oreo e Nutella, além de biscoitos. Na Lugano, além de encontrar os ovos tradicionais, o cliente ainda conta com opções com drágeas de chocolate, pastilhas de chocolate branco ou meio amargo, alfajor recheado, barras de chocolate Le Chef e ovos trufados. Mais doces e chocolates para comemorar a data são encontrados na Kinitos e Lojas Americanas.

PRODUTOS ARTESANAIS

A intenção do consumidor em economizar se converte também é uma ‘mão na roda’ para pequenos empreendedores. O que pode parecer ruim, na verdade, se transforma em uma boa oportunidade de negócios para muita gente.

A produção artesanal virou uma interessante opção aos clientes que buscam fugir das grandes marcas, virando uma possibilidade para muitos empreendedores. É o que acredita Mariana Queiroz, nome por trás da marca Marilu Doceria Gourmet (@marilu_doceriagourmet), que começou a atuar em 2017.

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PÁSCOA | Mariana Queiroz, nome por trás da marca Marilu Doceria Gourmet (@marilu_doceriagourmet) - ACERVO PESSOAL

Ano passado, ela tinha a expectativa de ter um aumento de 25% em relação a 2019, mas as coisas não correram como o esperado. Agora, o cenário da pandemia, apesar de parecido, não deve impactar negativamente as vendas. “Este ano estou bem confiante e mais tranquila em comparação ao ano passado, pois tive um tempo maior para organizar tanto os produtos como a divulgação. A expectativa é que as vendas aumentem cerca de 15% em relação a 2020”, conta Mariana, afirmando que já esperava uma nova quarentena mais rígida e, por isso, “deu pra se preparar com bastante antecedência e com mais tranquilidade.”

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Expectativas do setor de ovos de chocolates e cestas para a Páscoa, no meio a pandemia do coronavírus. - BOBBY FABISAK/JC IMAGEM

Quem também está com boas expectativas para o período é a confeiteira Layne Matos, do Candy Gourmet Doceria (@candygourmet.doceria). “Desde dezembro venho me preparando para esse período. As expectativas para as compras de Páscoa estão muito boas. Acredito que as vendas serão superiores às do ano passado. Mas a pandemia, de alguma forma, deixa a gente com o pé atrás, com insegurança, porém, como empreendedora, espero sempre o melhor”, diz ela, lembrando que em 2020 não recebeu nenhuma encomenda.

No cardápio, os ovos de colher - que vieram para ficar - e os ovos de pote, além de bolos e caixas de doces. Um ovo de colher de brigadeiro ou leite com avelã, de 500 gramas, custa a partir de R$ 60; um de pote, de 250 gramas, a partir de R$ 28. Os bolos saem por a partir de R$ 48 (1 quilo) e as caixas com doces custam R$ 35.

A criatividade é uma das principais características para quem prepara produtos de Páscoa caseiros. Essa, não por acaso, é uma das especialidades da empreendedora Carla Santos, que há aproximadamente um ano criou a Box com Afeto (@boxcomafetoo) como forma de complementar a renda mensal.

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Expectativas do setor de ovos de chocolates e cestas para a Páscoa, no meio a pandemia do coronavírus. - BOBBY FABISAK/JC IMAGEM

“Este será o primeiro ano que venderei produtos relacionados à Páscoa. Em 2020, apesar dos pesares, busquei empreender com cestas temáticas, platter's, caixas e outros tipos de produtos que o cliente pudesse montar de forma personalizada, que são nosso carro chefe e, por isso, são os mais procurados e têm preços que variam de R$ 85 a R$ 120”, afirma ela que, além de customizar o produto, diz prezar pela qualidade, por isso já iniciou a divulgação bem antes do período pascal.

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