Aneel define nesta terça-feira o valor do aumento da conta de luz; área técnica propõe quase dobrar taxa extra
Os preços vão seguir com a bandeira vermelha em seu segundo patamar
Os consumidores vão saber, nesta terça-feira (29), o valor da energia elétrica nas contas do mês de julho. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já adiantou que os preços vão seguir com a bandeira vermelha em seu segundo patamar. Segundo o jornal Estado de S.Paulo, a área técnica do órgão propõe quase dobrar taxa extra para evitar racionamento.
"A bandeira tarifária em julho de 2021 será vermelha, patamar 2, em razão da intensidade da estação seca nas principais bacias hidrográficas do Sistema Interligado Nacional (SIN), registrando condições hidrológicas desfavoráveis. O valor a ser pago pelos consumidores será informado excepcionalmente na próxima terça-feira, 29/6, data em que a atualização dos valores das bandeiras será deliberada pela diretoria da Aneel", informou o órgão regulador.
De acordo com o Estadão, a área técnica da Aneel calcula que o novo patamar da bandeira vermelha nível dois deve subir para algo entre R$ 11,50 e R$ 12,00 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Esse seria o valor necessário para cobrir todo o custo adicional com o acionamento de termelétricas ao longo do segundo semestre deste ano. A decisão final será tomada em reunião pública do órgão regulador, formada por cinco diretores.
Atualmente, os consumidores pagam uma taxa adicional de R$ 6,243 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
Na TV, ministro pede à população que poupe energia e água
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, pediu na noite desta segunda-feira (28), a colaboração da população para economizar energia e água devido à crise hídrica. Em pronunciamento oficial na cadeia de rádio e TV, ele afirmou que é natural que os brasileiros tenham preocupação com a possibilidade de um racionamento, como aconteceu em 2001. O ministro reiterou que o governo está atento e afirmou que o sistema elétrico brasileiro evoluiu nos últimos anos, o que traz "garantia do fornecimento de energia elétrica aos brasileiros."
Durante o pronunciamento, o ministro citou medidas do governo para enfrentar a situação, incluindo um programa de redução de consumo voluntário para incentivar grandes empresas e indústrias a deslocarem o uso de energia para horários menos disputados. O mecanismo ainda está em elaboração e não há previsão de quando será lançado. Segundo o ministro,o consumo consciente vai reduzir a pressão no sistema elétrico e o custo da energia gerada.
"Essas medidas são essenciais, mas, para aumentar nossa segurança energética, é fundamental que, além dos setores do comércio, de serviços e da indústria, a sociedade brasileira, todo cidadão-consumidor, participe desse esforço, evitando desperdícios no consumo de energia elétrica. Com isso, conseguiremos minimizar os impactos no dia-a-dia da população", afirmou.
Entre as ações citadas pelo ministro, está a Medida Provisória publicada na noite desta segunda-feira, em edição extra do Diário Oficial da União. Como antecipou o Estadão/Broadcast, o texto cria um grupo que poderá determinar mudanças nas vazões de reservatórios de hidrelétricas e dá poderes excepcionais ao Ministério de Minas e Energia para determinar medidas relacionadas à crise.
O texto publicado hoje sofreu diversas alterações em relação à primeira proposta, também relevada pela Estadão/Broadcast. Após repercussão negativa, o governo decidiu retirar o termo "racionalização compulsória" da MP. Também não há menção à programa de racionamento (corte compulsório no consumo de energia) ou a racionalização (incentivo à economia de energia). Segundo Albuquerque, a intenção da MP é "fortalecer a governança do processo decisório".
"Além de monitorar o setor elétrico 24 horas por dia, montamos uma estrutura de governança para coordenar, com rapidez e segurança, as ações dos vários órgãos envolvidos no enfrentamento do atual cenário de escassez hidroenergética. Estamos trabalhando, também, em sintonia e permanente diálogo com entidades da sociedade civil organizada, com os Estados e com instituições dos três poderes, para identificar as linhas de ação que melhor atendam aos interesses do País", disse.