ENDIVIDAMENTO

Proporção de famílias pernambucanas com contas em atraso é a maior da década

Em junho, as contas atrasadas estavam presentes em 33,2% das famílias do Estado

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Lucas Moraes

Publicado em 05/07/2021 às 22:23 | Atualizado em 06/07/2021 às 1:06
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O percentual de famílias com contas atrasadas em Pernambuco continuou subindo no fim do primeiro semestre. O resultado de junho foi o terceiro aumento consecutivo no indicador, que já acumulou elevação de 4,4 pontos percentuais em relação a março, além de 5,2 pontos em relação a janeiro. Em junho, as contas atrasadas estavam presentes em 33,2%, no mês imediatamente anterior, o percentual era de 31,9%. Além disso, a proporção de famílias com contas atrasadas em junho de 2021 é a mais alta em Pernambuco desde 2010, quando o indicador encerrou o ano em 38,2%.

A proporção de famílias que se dizem sem condições de pagar as dívidas em atraso também cresceu em junho, saindo de 13,1% para 14,3%. Entre março e junho, o indicador já avançou 2,7 pontos percentuais.

Entre as unidades da federação, Pernambuco apresenta o sétimo maior percentual, tanto de famílias endividadas – atrás de Sergipe, Roraima, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraná e Acre – quanto de famílias com contas atrasadas – atrás de Mato Grosso, Minas Gerais, Maranhão, Amapá, Ceará e Rio Grande do Norte.

O percentual de famílias pernambucanas endividadas ficou em 79,5% no mês de junho, um recuou 0,5 ponto percentual em relação a maio e de 4,4 pontos percentuais na comparação com junho de 2020.

Esse resultado, contudo, foi uma quebra na tendência de alta da proporção de famílias com dívidas, que vinha em 80,1% no mês anterior e 78,1% e 79,2%, respectivamente, em janeiro e março.

O quadro inflacionário, com a ascensão de preços em produtos essenciais como alimentos, medicamentos, gás de cozinha e energia elétrica, tem pesado bastante sobre o orçamento das famílias pernambucanas, reduzindo não apenas o poder de compra, mas também a capacidade de pagamento de seus compromissos financeiros, aponta a análise do Sistema Fecomércio-PE.

O ritmo de recuperação do mercado de trabalho formal, que gerou 13 mil novos empregos entre janeiro e maio, também não tem sido suficiente para reduzir o impacto da restrição ao funcionamento de atividades sobre a taxa de desemprego no Estado, que chegou ao patamar de 21,3% no primeiro trimestre.

As restrições, que foram intensificadas desde a segunda quinzena de março e permaneceram durante abril, maio e junho, sobre serviços como bares e restaurantes, shows, eventos sociais e corporativos, praias e parques, entre outros, afetaram diretamente os trabalhadores que dependem de atividade informal para gerar renda. Essa situação também reduziu o poder aquisitivo e a capacidade de honrar os compromissos.

Com menos dinheiro, muitas famílias acabaram recorrendo ao uso do cartão de crédito para realizar compras de itens básicos para o mês, e esse meio de pagamento continuou sendo o principal vetor de endividamento, alcançando 95,4% das famílias endividadas. O endividamento por carnê (25,6%), segundo tipo mais citado, e o cheque especial (13,5%) também figuram na lista.

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