NOVOS MODELOS

Sabia que 9 a cada 10 profissionais trocariam o trabalho corporativo por uma startup? Saiba como conseguir uma vaga

Os dados são de um levantamento da consultoria Michael Page feito com 1 mil trabalhadores

Marcelo Aprígio
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Marcelo Aprígio
Publicado em 17/10/2021 às 8:00
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Startups, têm atraído cada vez mais profissionais que atuam em grandes empresas - FOTO: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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Novos modelos de negócios, como os oferecidos pelas startups, têm atraído cada vez mais profissionais que atuam em grandes empresas. O movimento é crescente, segundo especialistas em recrutamento e seleção, além daqueles que se dedicam ao ecossistema de inovação no país.

De acordo com um levantamento da consultoria Michael Page, feito com 1 mil trabalhadores, sobretudo de alta e média gerência, nove em cada dez profissionais estão dispostos a trocar o ambiente corporativo por uma startup. A maioria dos entrevistados ouvidos na pesquisa afirmou que abriria mão de parte do salário para ter mais qualidade de vida e flexibilidade de horário.

Diante desse impulso por mudanças, o que levar em consideração? Quais as vantagens e desvantagens deste tipo de empresa? Para responder a essas e outras perguntas, o JC conversou com profissionais da área, que deram dicas e explicaram como é trabalhar em uma startup.

O movimento dos trabalhadores que saíram de grandes companhias para atuar em startups não ocorre por acaso, analisa Júlio Pascoal, especialista em recrutamento e comportamento humano, além de ser professor de pós-graduação da Unit-PE. “As startups estão ganhando o coração e a alma dos executivos mais preocupados com o projeto, e não apenas com as questões financeiras”, diz. Além disso, os profissionais têm buscado desafios que possam contribuir com um propósito ou uma causa, diz Pascoal.

Resiliência é a palavra-chave

Por mais que brilhem os olhos à primeira vista, a transição não é das tarefas mais fáceis. Um dos principais desafios tem a ver com a mudança de cultura. Em startups, costuma-se trabalhar por projetos e há uma pressão grande por resultados de curto prazo, observa Bieco Freire, CEO da Jogga Digital, startup especialista em marketing de performance.

DIVULGAÇÃO/JOGGA DIGITAL
STARTUPS | Bieco Freire, CEO da Jogga Digital - DIVULGAÇÃO/JOGGA DIGITAL

“A forma de lidar com problemas, trazer soluções inovadores é o que startups procuram. Ter a capacidade de pensar dessa forma faz uma diferença muito grande”, afirma. Isso significa saber lidar com uma equipe diversa e, na maioria dos casos, enxuta. Ou seja, é preciso se preparar e ter convicção de que o modelo de trabalho tem a ver com o perfil e o momento de carreira.

Para Felipe Cerqueira, sócio da consultoria de recrutamento executivo Neon, o profissional nem sempre vai encontrar o “glamour” nas startups. “É muita mão na massa, muita transpiração, precisa ter resiliência grande”, enfatiza.

Na mesma linha, a empresária e presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação de Pernambuco (Assespro PE), Laís Xavier, afirma que é necessária a disposição para mudanças.

“Por ser um ambiente de incertezas a inovação está no DNA deste tipo de negócio, portanto um ambiente inovador, com boas possibilidades de aprendizado, além de, normalmente, ser um ambiente mais flexível. Essa disposição para mudanças é importante e talvez isso seja algo desafiador para algumas pessoas”, pontua ela.

Ainda que exista flexibilidade de horário, em muitas ocasiões será necessário trabalhar até mais tarde, aos finais de semana e, claro, fazer de tudo um pouco. Sem contar que a remuneração costuma ser menor em relação ao salário recebido em grandes companhias. “Antes de decidir, vale conversar muito bem com os sócios da empresa em que está entrando e com pessoas do mercado que passaram por essa transição”, diz Cerqueira.

Em geral, as startups procuram profissionais dispostos a aprender rapidamente e com conhecimento em diversas áreas, destaca Laís Xavier. “É preciso ter, fundamentalmente, capacidade de aprendizado. Num ambiente inovador precisamos aprender coisas diferentes e ter consistência nesse aprendizado rapidamente”, afirma Xavier.

FOX FALSH STUDIO/ASSEPRO/DIVULGAÇÃO
Enquanto os meninos são incentivados desde cedo a pensar racionalmente, as meninas são estimuladas a brincar de boneca, isso faz toda diferença", observa a primeira presidente mulher da Assespro-PE, Laís Xavier - FOX FALSH STUDIO/ASSEPRO/DIVULGAÇÃO

Mercado do futuro

Caracterizadas pela inovação do serviço produzido, geralmente de base tecnológica, desenvolvido a custos menores e processos mais ágeis, as startups devem dominar o mercado de trabalho futuramente.

Podendo oferecer serviços e produtos tanto para o consumidor, quanto para outras empresas, ao longo dos tempos, elas se sobressaem na oferta de serviços relacionados à inovação, pesquisa e desenvolvimento.

“É muito fácil hoje você contratar uma startup que tem um negócio pronto e consolidado para te atender do que necessariamente desenvolver dentro da sua própria empresa”, ressalta Rafael Moreira, secretário de Inovação e Novos Negócios do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Segundo ele, há cada vez mais interesse do setor corporativo pelas startups.

“Cada vez mais há a compreensão de que, quanto mais uma grande empresa está perto dos ecossistemas de inovação, mais ela percebe quais são as inovações que estão surgindo e podem afetar seu modelo de negócio, quais startups ela pode trazer para a sua cadeia de valor e quais ela pode investir e se tornar”, apontou Vinícius Lages, diretor de Administração e Finanças do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae).

Elza Fiúza/Arquivo Agência Brasil
Vinícius Lages, diretor de Administração e Finanças do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae) - Elza Fiúza/Arquivo Agência Brasil

Na avaliação do CEO da Jogga Digital, apesar de projetar que as startups se tornarão predominantes num futuro próximo, o mercado sempre estará aberto a qualquer empresa que saiba se reinventar. “Fazem parte do futuro do mercado empresas nesse estilo, como as startups, mas o mercado sempre terá espaço para todos os tipos de empresas que saibam se adaptar”, ressalta Bieco Freire.

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Por ser um ambiente de incertezas a inovação está no DNA deste tipo de negócio, portanto um ambiente inovador, com boas possibilidades de aprendizado, além de, normalmente, ser um ambiente mais flexível. Essa disposição para mudanças é importante e talvez isso seja algo desafiador para algumas pessoas", pontua, Laís Xavier - FOTO:FOX FALSH STUDIO/ASSEPRO/DIVULGAÇÃO
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A forma de lidar com problemas, trazer soluções inovadores é o que startups procuram. Ter a capacidade de pensar dessa forma faz uma diferença muito grande", afirma Bieco Freire. - FOTO:DIVULGAÇÃO/JOGGA DIGITAL
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HOME OFFICE | Júlio Pascoal, especialista em comportamento humano e professor de pós-graduação da Unit-PE - FOTO:ACERVO PESSOAL
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Vinícius Lages, diretor de Administração e Finanças do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae) - FOTO:Elza Fiúza/Arquivo Agência Brasil

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