Investigações

Confira quais concursos foram alvos de fraude no Nordeste; polícia realizou operação e prendeu suspeitos

A operação cumpriu mandados em Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Sergipe. Chefe da organização criminosa é um ex-PM

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JC

Publicado em 21/10/2021 às 19:57
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As Polícias Civis de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Sergipe deflagraram, nesta quinta-feira (20), a Operação Loki, que resultou na prisão de 12 suspeitos de fraudes de concursos públicos do estado alagoano.

Após a operação, a Polícia Civil revelou que as fraudes aconteciam por meio de pontos eletrônicos e mensagens de texto. "Não houve nenhum elemento que comprovasse vazamento do gabarito pela comissão organizadora do concurso [Cebraspe]. O modus operandi [da organização criminosa] era ponto eletrônico e repasse de SMS para aparelhos selecionados", disse o delegado Gustavo Xavier.

>> Polícia deflagra operação contra fraude em concursos públicos em Pernambuco e Alagoas

Das prisões, duas foram realizadas em Alagoas, duas na Paraíba, duas em Sergipe e seis em Pernambuco. Entre os presos, está o ex-policial militar alagoano apontado como chefe da organização criminosa, Flávio Luciano Borges Nascimento.

A ação cumpriu 83 mandados expedidos pela Justiça alagoana e apreendeu R$ 129 mil em espécie, pontos eletrônicos, celulares e 11 relógios digitais.

Concursos

De acordo com a investigação, os três concursos fraudados pela organização criminosa em Alagoas foram os da Polícia Civil, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros.

O delegado Gustavo Xavier disse que o caso começou a ser apurado depois que cinco candidatos foram presos em flagrante em Pernambuco no dia 29 de agosto, durante aplicação das provas do concurso da Polícia Civil. Essas pessoas utilizavam ponto eletrônico.

Segundo o delegado, não foi comprovado vazamento de gabaritos pelo Cebraspe, inclusive, no caso do homem preso em Maceió que não têm o ensino fundamental completo, mas foi aprovado no certame da PM-AL.

"Um dos presos aprovados no concurso da Polícia Militar, que alegou em depoimento que teria comprado e recebido o gabarito de forma prévia, isso, até o presente momento, é uma inverdade. Os dois modus operandi confirmados pela Polícia Civil de Alagoas são SMS e ponto eletrônico", disse o delegado.

O delegado Cayo Rodrigues contou que integrantes da organização criminosa se inscreviam nos concursos, pegavam as provas e saíam da sala. Outro grupo respondia as questões e passava as respostas corretas para os candidatos que pagaram pela aprovação.

"O modo de agir do grupo consistia em introduzir pessoas dentro das salas, aparentemente com o objetivo de prestar o certame, mas, na verdade, a finalidade era conseguir por algum meio fazer com que essa prova saísse rapidamente, seja por meio físico ou por meio digital, e havia um grupo especializado em rapidamente realizar a correção das questões. E os candidatos, de posse desses instrumentos, recebiam as respostas e efetivavam as marcações", explicou.

O suspeito de chefiar a organização criminosa, o ex-policial militar Flávio Luciano, já foi preso em 2017, na Paraíba, por comandar esquema de fraudes de concursos públicos. Ele foi expulso da Polícia Militar de Alagoas há uma semana. Segundo a PM-AL, ele cometeu o crime de deserção em 2019.

De acordo com o delegado Carlos Reis, a aprovação em um concurso por meio de fraude chegava a custar R$ 50 mil. "Os criminosos se inscreviam nos concursos apenas para 'retirar' as provas logo no início para que professores do lado de fora fizessem as correções e informassem as respostas por ponto eletrônico ou mensagem de texto aos candidatos", explicou Reis, acresentando que a prova subtraída era substituída por uma prova antiga. Ainda segundo o delegado-geral, não há indícios de participação de alguém da banca examinadora, no caso do concurso da PM de Alagoas.

Há também a suspeita, segundo o delegado-geral, de que o grupo também está envolvido em roubo a banco. "Esta ainda é a primeira fase da operação. Temos indícios, inclusive, de participação em assalto a banco. Não podemos fornecer mais detalhes, sob o risco de comprometer a apuração", disse Carlos Reis, acrescentando que dois dos suspeitos foram presos em flagrante, por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo, respectivamente, ambos em Pernambuco.

Para o delegado Lucimério Campos, a investigação também serviu para garantir ainda mais lisura aos próximos concursos. "Também serviu para que a banca, que colaborou com a investigação, possa se modernizar no sentido de preservar cada vez mais a lisura dos certames. Ou seja, a investigação também teve o seu caráter pedagógico, resguardando a legitimidade no ingresso em cargo público por meio de concurso”.

Loki

A operação - denominada Loki em alusão à figura da mitologia nórdica que representa o "Deus da Trapaça".

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