COMPORTAMENTO

Mesmo com desaceleração da pandemia, comerciantes de flores e velas do Recife ainda têm baixas expectativas para Dia de Finados

Este é o segundo ano em que a data reservada em memória de quem que já morreu acontece em meio à pandemia da covid-19; embora, agora, haja mais flexibilização de atividades econômicas e sociais

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Katarina Moraes

Publicado em 28/10/2021 às 15:35 | Atualizado em 28/10/2021 às 15:44
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“Melhorou, mas ainda não é como antes” foi a frase que a reportagem do JC mais ouviu quando perguntou a comerciantes do entorno dos cemitérios do Grande Recife o que achavam da movimentação de público pré Dia de Finados, comemorado na próxima terça-feira, 2 de novembro. Este é o segundo ano em que a data reservada em memória de quem que já morreu acontece em meio à pandemia da covid-19; embora, agora, haja mais flexibilização de atividades econômicas e sociais.

Em 2020, por exemplo, cemitérios públicos da capital pernambucana não realizaram missas presenciais; enquanto neste ano já há programação prevista em quatro deles: Santo Amaro, Centro, Parque das Flores e Várzea, Zona Oeste, e Casa Amarela, Zona Norte.

A Prefeitura do Recife espera que 20 mil pessoas vão até os equipamentos no feriado, o que deve movimentar as vendas no entorno deles. “Já está um pouco melhor, espero que no dia tenha mais gente, mas ainda é fraco”, revelou o vendedor de lanches Severino Miranda, de 59 anos, que há três trabalha em frente à necrópole da Várzea, que recebe em média 4,5 mil visitantes por mês, segundo a gestão municipal.

No Cemitério Senhor Bom Jesus da Redenção de Santo Amaro das Salinas, ou Cemitério de Santo Amaro, como é conhecido, Manoel Moura, 77, vende flores há 58 anos em um box. Mesmo o equipamento sendo o mais movimentado da capital, com uma média de 18 mil visitantes por mês, ele diz que Finados não é mais uma data de grandes vendas, porque muitos autônomos se deslocam até o local.

“As vendas começam na véspera, quando creio que já virá muita gente. Saem muitas flores, mas, em compensação, aqui enche de gente de fora vendendo”, contou. Ainda, falou da escassez de flores no mercado, que o faz vender, atualmente, uma rosa a R$ 3, enquanto há um ano uma saia a R$ 2. “Esse ano tem pouquíssima flor. Por causa da pandemia, muitos plantadores deixaram de cultivar. Muitos desistiram de plantar. Acho que vai ficar muito caro.”

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Manoel Moura, 77, vende flores há 58 anos em um box em frente ao Cemitério de Santo Amaro, Centro do Recife - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

A mesma sensação tem Carlos Daniel Gomes, 19, que vende velas e lápides para quem vai enterrar pessoas queridas em Santo Amaro. “Essa semana está bem fraca. Aqui já foi melhor. Em outros feriados aqui era mais corrido, tinha mais vendas. Desde 2019 está assim”, disse.

O Governo de Pernambuco, Prefeitura do Recife, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE) afirmaram não ter um balanço de movimentação da economia no Estado ou na capital no período do feriado de finados. Entretanto, Ademilson Saraiva, assessor econômico da Fecomércio-PE, tem melhor expectativa para o resultado no varejo deste ano do que o do ano anterior.

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Venda de flores em frente ao Cemitério de Santo Amaro, no Centro do Recife - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

“É uma data com muitos segmentos do varejo fechados, já que há perspectiva de feriadão para alguns. Os shoppings talvez tenham um bom momento, já que famílias vão procurar lugares para passear. A principal perspectiva nesse momento é para o segmento de hotelaria, alimentação e comércio de praia, já que estamos em temporada de turismo de sol e mar, para supermercados, já que haverá o encontro de muitas famílias que tenham perdido entes queridos durante a pandemia, e de flores, cujas vendas costumam aquecer”, analisou.

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