Comércio

Com alta de 2,5% em janeiro, vendas no varejo pernambucano têm primeiro resultado positivo em seis meses

Números do IBGE apontam um início de ano favorável ao comércio, mas para a Câmara de Dirigentes Lojistas o primeiro trimestre ainda será difícil

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Edilson Vieira

Publicado em 10/03/2022 às 17:12 | Atualizado em 10/03/2022 às 18:15
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Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta quinta-feira (10) pelo IBGE, o volume de vendas do comércio varejista em Pernambuco subiu 2,5% em janeiro de 2022 na comparação com dezembro de 2021, É o terceiro melhor índice entre os estados, atrás apenas do Rio de Janeiro (3%) e de Alagoas (2,8%), além de ser o primeiro resultado positivo desde julho de 2021. Mesmo assim, o setor ainda encontra-se 3,8 pontos percentuais abaixo do patamar pré-pandemia. No Brasil, por sua vez, a variação nas vendas foi menos expressiva, de 0,8%.

Para Fred Leal, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Recife, os números positivos precisam ser vistos com cautela. "Na verdade, o melhor parâmetro é comparar o mês de janeiro deste ano com janeiro de 2021, porque neste período é que vimos o quanto nossos gastos aumentaram. O Real foi muito desvalorizado e a inflação subiu assustadoramente nesse período. A gente pode até esquecer de uma inflação de 1% ao ano, mas uma inflação de praticamente 11% como foi a de 2021? Em janeiro aumentaram todos os custos - aluguéis, combustíveis, alimentação... as empresas perdem com tudo isso. E a massa salarial do consumidor não aumentou na mesma proporção. Neste cenário, as perdas foram maiores que os ganhos", disse Leal.

JANEIRO 2021

De fato, o IBGE registrou na comparação entre janeiro de 2022 e o mesmo período do ano anterior, queda de 7,6% no volume do varejo em Pernambuco, superior à média nacional (-1,9%). A variação acumulada de 12 meses (fevereiro de 2021 a janeiro de 2022), por outro lado, foi positiva, de 0,5%, mas também ficou abaixo da média nacional (1,3%), segundo o IBGE.

O presidente da CDL Recife chama atenção ainda para a alta na taxa de juros. "O crediário ficou mais caro para o consumidor", pontuou Fred Leal que acredita num primeiro trimestre de 2022 ainda difícil para o comércio. "A perda salarial dos consumidores, o aumento dos custos para os empresários e a alta nos juros permanecem, e essa conjuntura é fatal para o varejo. O refresco que tivemos este ano foi a abertura do comércio durante o Carnaval, que foi bom para o setor, e a redução nos índices da covid também vai ajudar nos próximos meses. Isso, se a guerra não continuar...", analisou Fred Leal.

ESTATÍSTICAS

No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, a Pesquisa Mensal do Comércio registrou aumento de 3,7% no volume de vendas em janeiro de 2022 em Pernambuco, enquanto o Brasil teve queda de 0,3% no período, próximo à estabilidade. O índice local também é o terceiro maior do país, empatado com Alagoas e superado por Sergipe (6,1%) e Bahia (4,1%).

Frente a janeiro de 2021, o desempenho de Pernambuco no varejo ampliado foi ainda mais positivo, com avanço de 15,4% e atrás apenas do Amazonas (34,7%), enquanto o Brasil amargou retração de 1,5%. No acumulado dos últimos 12 meses, o estado alcançou o percentual mais alto do país pelo terceiro mês consecutivo (19,1%), muito acima da média nacional, de 4,6%.

Das 13 atividades varejistas e suas subdivisões investigadas pela Pesquisa Mensal do Comércio, quatro tiveram alta em janeiro de 2022 na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Veículos, motocicletas, partes e peças tiveram o maior crescimento, de 79,4%, seguidos pelos equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (57,8%) e livros, jornais, revistas e papelaria (22,5%). Já o recuo mais expressivo ficou com o setor de eletrodomésticos (-37,3%). Outros destaques negativo foram as categorias de material de construção (-13,3%) e hipermercados e supermercados (-10,6%).

Na variação acumulada dos últimos 12 meses (fevereiro de 2021 a janeiro de 2022), seis categorias apresentaram alta e, mais uma vez, a dianteira ficou por conta dos veículos, motocicletas, partes e peças (77,7%), junto aos livros, jornais, revistas e papelaria (30,6%) e aos artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (26,8%). Nos índices por área pesquisados pela PMC, os eletrodomésticos tiveram de novo a maior queda (- 27,6%).

 

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