Páscoa: ovos de chocolate têm preços altos e diferença de mais de 76% no valor no Grande Recife
Mesmo com inflação, varejistas esperam aumento nas vendas com relação ao ano passado
Com informações da repórter Juliana Oliveira, da TV Jornal
Um dos itens mais procurados no período da Páscoa são os tradicionais ovos de chocolate. Apesar disto, com a alta nos preços, a procura em supermercados do Recife segue baixa, mesmo a poucos dias da comemoração. Mesmo assim, os comerciantes seguem otimistas com as vendas deste ano, mesmo cientes que o faturamento não chegará aos níveis pré-pandemia.
A aposentada Vera Carrera estava em busca de opções para presentear a família em um supermercado do Recife. Mesmo com os valores altos, ela acredita que conseguirá atender a todos. "São sete netos, é muito neto para dar ovo de Páscoa. Tem que dar um jeitinho, a avó sempre não dá um jeitinho?", comentou.
De olho nas variações de preço no período, uma pesquisa realizada pelo Procon-PE identificou uma diferença de mais de 76% no valor de alguns produtos. Em um supermercado no bairro da Caxangá, na Zona Oeste, o ovo de Páscoa mais barato, com menos de 300 gramas, está custando quase R$ 40, de acordo com a reportagem da TV Jornal.
Na seção infantil, uma das mais buscadas, as crianças, mesmo sem entender direito, também percebem a diferença no valor. "Tá caro, viu? Mas é a Páscoa, né?", disse Miguel Carvalho, de 10 anos, enquanto escolhia um ovo de chocolate do Hot Wheels.
Na pesquisa feita pelo Procon, os fiscais registraram preços mais altos nos ovos de chocolate que incluem brinquedos, como boneca, lanterna, copo, pote de slime, entre outros. Os produtos citados, que contêm 100 gramas de chocolate, apresentaram uma diferença percentual de 76,11% no valor.
Em um dos locais pesquisados, os produtos custavam R$ 37,98; em outro, R$ 67,00. O valor do quilo do ovo de Páscoa com brinquedo dentro pode ser encontrado até por R$ 670,00.
Outro ovo de chocolate pesquisado acompanha um porta celular e um carrinho com rodas que brilham no escuro. Este produto estava por R$ 45,90 em um dos locais pesquisados e em outro, por R$ 64,90; uma diferença de 41,59%. O quilo sai por R$ 391,51.
Os ovos de chocolate mais baratos têm preços que variam de R$ 43,90 a R$ 49,99, uma diferença de 13,87%. Essas opções têm 350 gramas de chocolate, sem brinquedo, nos sabores avelã e castanha do pará.
Quem quer gastar menos, pode recorrer às caixas de chocolate, que estão custando, em média, R$ 10. Na pesquisa do Procon, a caixa de bombons foi encontrada por R$ 7,99 num estabelecimento e até por R$ 13,99 em outro.
Os fiscais do Procon também observaram que o quilo dos chocolates comercializados em caixas de marcas conhecidas no comércio varia de R$ 31,83 a R$ 33,48; quase três vezes mais barato do que o comercializado em forma de ovo de páscoa, R$ 92,16 (sem brinquedo).
A pesquisa do Procon-PE foi realizada de 1º a 7 de abril em 11 estabelecimentos do Recife e um de Olinda. O levantamento comparou 47 tipos de chocolates e três tipos de caixas de chocolates. O impacto no salário mínimo chega a 60%.
Expectativa de vendas
Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontam que, em 2022, o volume de vendas do comércio varejista - ou faturamento descontado da inflação - terão um avanço de 1,9% no Brasil, em itens relacionados à Páscoa.
De acordo com a Fecomércio-PE, o aumento da demanda global e o câmbio fizeram a importação de produtos típicos da Semana Santa ou de suas matérias-primas pesarem mais para a indústria nacional e, consequentemente, no bolso do consumidor.
"Para se ter uma ideia, a balança comercial da indústria do chocolate no país se manteve praticamente estável no primeiro trimestre dos últimos quatro anos, de 2019 a 2022, inclusive com saldo positivo de US$ 1,59 milhões este ano. Na balança comercial do bacalhau, no qual o Brasil é basicamente importador, o valor da importação supera US$ 50 milhões no primeiro trimestre, mas caiu 14,5% em relação ao mesmo período de 2021, quando já havia recuado 17% em relação ao ano anterior", explicou o assessor econômico da Fecomércio-PE, Ademilson Saraiva.
A gerente de um supermercado visitado pela TV Jornal, Albanita Teles, afirma que a equipe está satisfeita com os resultados: "O pessoal já está à procura, na verdade, deixam para procurar mais de última hora, mas a gente já vem vendendo e a gente está bastante feliz com os resultados de venda. A compra foi grande e a expectativa de faturamento está bem maior para este ano".
Mesmo considerado positivo, o faturamento real do varejo ainda está abaixo dos volumes nos dois anos antes da pandemia. A última divulgação do IPCA-15, em março, apontou um aumento de preços de 11,1% em 12 meses, no caso de chocolates em barra e bombons, variação que ficou em 22,7% na Região Metropolitana do Recife.