CONSUMO

Páscoa 2022: inflação faz brasileiro gastar mais e levar menos pela primeira vez em quatro anos

Dados da Boa Vista revelam que os 66% que não pretendem comprar nesta data comemorativa, a maioria, 33%, não o fará por conta da necessidade de priorizar o pagamento de contas do dia a dia

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Lucas Moraes

Publicado em 14/04/2022 às 19:38 | Atualizado em 14/04/2022 às 19:59
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A maior parte dos consumidores que vão às compras nesta Páscoa pretende gastar mais que em 2021, de acordo com pesquisa realizada pela Boa Vista, empresa de inteligência analítica. Do total dos consumidores que irão às compras, 44% afirmam que os gastos esse ano serão maiores que no ano anterior. Outros 34% pretendem manter os mesmos gastos do ano passado, enquanto 22% vão gastar menos nessa Páscoa. É a primeira vez em quatro anos que a situação ocorre.

O dado vem em paralelo com outro apontamento que não permite fechar a conta sem que leve-se em conta o efeito inflação, que fez disparar os preços de produtos em geral, sobretudo os buscados para a época pascal.

Embora seja expressivo o percentual daqueles que irão gastar mais, apenas 34% dos consumidores pretendem fazer compras para a Páscoa de 2022.

Entre os 66% que não pretendem comprar nesta data comemorativa, a maioria, 33%, não o fará por conta da necessidade de priorizar o pagamento de contas do dia a dia, outro sinal da dificuldade vivida pelo brasileiro no dia a dia.

Do restante que não vai às compras, 17% dizem que não costumam fazer compras no período de Páscoa, e outros 13% afirmam que o aumento dos preços dos produtos (inflação) será o motivo para não comprar.

"A pesquisa revela um salto na pretensão de gastos do consumidor para data, causado mais pelo aumento dos produtos, devido à inflação crescente em 2022, do que pelo maior volume de compras por parte do consumidor, uma vez que a maioria não irá comprar nessa data", explica o economista da Boa Vista, Flavio Calife.

Mesmo que já tenha subentendido que precisará gastar mais para comprar o mínimo nesta Páscoa, os consumidores estão de olho em qualquer oportunidade de economizar.

Quando questionados sobre o que levarão em conta na hora de comprar ou não um produto ou serviço para a Páscoa, 36% dos consumidores responderam que levarão em conta principalmente o preço. Em seguida, 29% levarão em conta a qualidade do produto ou serviço desejado. Enquanto isso, 25% vão fazer as compras levando em conta apenas a necessidade.

Gastar mais não significa necessariamente reflexo maior no volume de vendas do comércio, já que a tendência é gastar mais comprando menos.

"Os impactos da pandemia sobre a economia do País e do mundo mostram o que as pessoas sentem na prática; preços mais elevados e dificuldades na cadeia produtiva. Apesar dos bons indicadores como a geração de empregos formais, o comércio vem sofrendo com aumento de preços que impactam de forma negativa sobre o dia a dia, e verá uma melhora tímida nas vendas nesta Páscoa", diz o diretor de relações Institucionais da ALSHOP, Luís Augusto Ildefonso.

Segundo a Boa Vista, na ida às compras, 65% pretendem pagar à vista, e os outros 35% de forma parcelada.

Entre os que farão o pagamento à vista, o meio de pagamento mais utilizado será o cartão de débito (42%), seguido do dinheiro (25%), e do Pix (23%). Já entre quem vai parcelar, a maioria (90%) utilizará o cartão de crédito.

Os chocolates, conforme esperado, serão os produtos mais procurados (41%) para as compras de Páscoa. 18% dos consumidores pretendem comprar outros alimentos e bebidas, enquanto outros 7% pretendem comprar eletrodomésticos e móveis para a data.

Os locais mais procurados pelos consumidores para a realização de compras para a data serão os físicos, com 52% das compras em supermercados, 17% nas grandes lojas varejistas, 12% nas lojas de rua, 11% nos shoppings centers e apenas 8% no e-commerce.

Entre os 8% que farão as compras on-line, 10% dizem que o motivo é o receio de frequentar lojas físicas por conta da pandemia, enquanto 90% o farão por já possuírem esse hábito e por preferirem as compras on-line.

A Boa Vista também questionou o consumidor sobre sua percepção quanto ao poder de compra que ele tem atualmente. Nesse cenário, 40% dos consumidores acreditam que o poder de compra está maior do que em 2021. 31% creem que está igual, ao passo que 29% enxergam uma piora.

Os serviços essenciais, como alimentação, luz, gás e combustível são os gastos que estão pesando mais no bolso, de acordo com os consumidores. Para 67%, está difícil manter os pagamentos das contas em dia.

Novos hábitos de compra foram adotados por 54% dos consumidores, que afirmam a 'nova vida como forma de enfrentar os aumentos dos preços. O principal novo hábito adotado é o corte de gastos, principalmente em relação a lazer e itens considerados supérfluos, que estão sendo deixados de lado na cesta de compra em função do quão caro já está manter as compras de itens básicos, essenciais para a sobrevivência durante o dia a dia da população em todo o País.

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