"Me senti humilhada": leia relatos de funcionárias que acusam Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa, de assédio
Pedro Guimarães renunciou nesta quarta-feira (29) ao cargo de presidente da Caixa Econômica Federal após ser acusado de assédio sexual por funcionárias
Com AFP
Pedro Guimarães renunciou nesta quarta-feira (29) ao cargo de presidente da Caixa Econômica Federal após ser acusado de assédio sexual por funcionárias.
Após o portal Metrópoles revelar as denúncias com testemunhos de cinco mulheres, na terça (28), vários veículos publicaram relatos das supostas vítimas, sob anonimato por temerem represálias.
Uma delas contou ao portal G1 que Guimarães a assediou “em mais de uma ocasião”, como a vez em que, durante uma viagem, pediu a ela que levasse um carregador de celular em seu quarto de hotel, à noite. Ele a recebeu de cueca e a convidou a entrar.
“Quando cheguei pra entregar, ele deu um passo para trás me convidando para entrar no quarto. Eu me senti muito invadida, muito desrespeitada como mulher e como alguém que estava ali para fazer um trabalho. Já tinha falado que não era apropriado me chamar para ir ao quarto dele tão tarde e ainda me receber daquela forma. Me senti humilhada”, disse ao G1.
Os relatos detalham toques no pescoço, na cintura e em “partes íntimas”.
“Comigo foi em viagem, nessas abordagens que ele faz pedindo, perguntando se confia, se é legal. Abraços mais fortes, me abraça direito e nesses abraços o braço escapava e tocava no seio, nas partes íntimas atrás, era dessa forma”, disse outra funcionária ao G1.
Após a renúncia, publicada em Diário Oficial, Bolsonaro nomeou como sucessora Daniella Marques, que era titular da Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia. A nomeação foi oficializada em um decreto publicado nesta noite.
Pedro Guimarães, de 51 anos, negou as acusações por meio de uma carta aberta divulgada em seu perfil no Instagram, na qual disse ser alvo de uma “situação cruel, injusta, desigual e que será corrigida na hora certa com a força da verdade”.
“Tenho a plena certeza de que estas acusações não se sustentarão ao passar por uma avaliação técnica e isenta. Todavia, não posso prejudicar a instituição ou o governo sendo um alvo para o rancor político em um ano eleitoral”, acrescentou.
Ao Metrópoles, a Caixa afirmou não ter conhecimento das denúncias.
Com uma trajetória no mercado financeiro, Guimarães tinha um alto perfil: esteve ao lado de Bolsonaro em diversas de suas transmissões ao vivo semanais e fez parte da comitiva que o acompanhou à Assembleia Geral da ONU em 2021.