Mudança na Caixa: Pedro Guimarães pede demissão após acusações de assédio
Pedro Guimarães, 51 anos, assumiu a presidência da Caixa em 2019
O atual presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, pediu demissão do banco público nesta quarta-feira (29). A saída vem após a revelação de uma série de denúncias de funcionárias por conta de assédio sexual e moral praticados por ele. Para se afastar do banco, Guimarães escreveu um carta, onde negou as acusações e disse ter se dedicado integralmente ao trabalho de gestão da Caixa.
(leia a íntegra da carta ao fim deste texto).
De acordo com a coluna do jornalista Rodrigo Rangel, no fim do ano passado, um grupo de funcionárias decidiu denunciar as situações pelas quais passaram. E os relatos foram colhidos pela reportagem há mais de um mês.
As vítimas trabalham ou trabalharam em equipes que servem diretamente ao gabinete da presidência da Caixa. Cinco concordaram em dar entrevistas, desde que suas identidades fossem preservadas.
As denúncias de abusos foram relatadas pelas funcionárias em diferentes ocasiões, mas sempre em compromissos de trabalho.
“É comum ele pegar na cintura, pegar no pescoço. Já aconteceu comigo e com várias colegas”, disse uma das vítimas ao Metrópoles.
“Ele passou a mão em mim. Foi um absurdo. Ele apertou minha bunda. Literalmente isso”, relatou outra vítima.
De acordo com o Metrópoles, algumas das mulheres já prestaram depoimento a procuradores do MPF. Outras ainda serão convocadas.
O portal procurou a Caixa Econômica, que, em nota, disse não ter conhecimento dos casos, reforçando que adota medidas para evitar a conduta de assédios no banco, bem como disponibiliza canais para a realização de denúncias.
Quem é Pedro Guimarães, o presidente da Caixa?
Pedro Guimarães, 51 anos, assumiu a presidência da Caixa em 2019. Ele se tornou fiel escudeiro do presidente Jair Bolsonaro (PL), com o qual divide viagens e participa de lives.
Pedro já esteve envolvido em outros episódios de assédio. Funcionários já criticaram a postura adotada pelo presidente do banco em espécies de treinamentos para motivar os colaboradores, expondo-os ao constrangimento, como no episódio em que orientou que os funcionários realizassem flexões durante um evento corporativo.
Guimarães é próximo de Paulo Guedes, ministro da Economia. Os dois trabalharam juntos no banco BTG no período em Guedes foi sócio da instituição.
O então presidente da Caixa esteve reunido com o presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira, e escreveu um carta para esclarecer a saída do banco.
Leia a íntegra do documento:
À população brasileira e, em especial, aos colaboradores e clientes da Caixa: A partir de uma avalanche de notícias e informações equivocadas, minha esposa, meus dois filhos, meu casamento de 18 anos e eu fomos atingidos por diversas acusações feitas antes que se possa contrapor um mínimo de argumentos de defesa. É uma situação cruel, injusta, desigual e que será corrigida na hora certa com a força da verdade.
Foi indicada a existência de um inquérito sigiloso instaurado no Ministério Público Federal, objetivando apurar denúncias de casos de assédio sexual, no qual eu seria supostamente investigado. Diante do conteúdo das acusações pessoais, graves e que atingem diretamente a minha imagem, além da de minha família, venho a público me manifestar.
Ao longo dos últimos anos, desde a assunção da presidência da Caixa, tenho me dedicado ao desenvolvimento de um trabalho de gestão que prima pela garantia da igualdade de gêneros, tendo como um de seus principais pilares o reconhecimento da relevância da liderança feminina em todos os níveis da empresa, buscando o desenvolvimento de relações respeitosas no ambiente de trabalho e por meio de meritocracia.
Essas são apenas algumas das importantes conquistas realizadas nesse trabalho, sempre pautado pela visão do respeito, da igualdade, da regularidade e da meritocracia, buscando oferecer o melhor resultado para a sociedade brasileira em todas as nossas atividades.
Na atuação como Presidente da CAIXA, sempre me empenhei no combate a toda forma de assédio, repelindo toda e qualquer forma de violência, em quaisquer de suas possíveis configurações. A ascensão profissional sempre decorre, em minha forma de ver, da capacidade e do merecimento, e nunca como qualquer possibilidade de troca de favores ou de pagamento por qualquer vantagem que possa ser oferecida.
As acusações noticiadas não são verdadeiras! Repito: as acusações não são verdadeiras e não refletem a minha postura profissional e nem pessoal. Tenho a plena certeza de que estas acusações não se sustentarão ao passar por uma avaliação técnica e isenta.
Todavia, não posso prejudicar a instituição ou o governo sendo um alvo para o rancor político em um ano eleitoral. Se foi o propósito de colaborar que me fez aceitar o honroso desafio de presidir com integridade absoluta a CAIXA, é com o mesmo propósito de colaboração que tenho de me afastar neste momento para não esmorecer o acervo de realizações que não pertence a mim pessoalmente, pertence a toda a equipe que valorosamente pertence à CAIXA e também ao apoio de todos as horas que sempre recebi do Senhor Presidente da República, Jair Bolsonaro.
Junto-me à minha família para me defender das perversidades lançadas contra mim, com o coração tranquilo daqueles que não temem o que não fizeram.
Por fim, registro a minha confiança de que a verdade prevalecerá.
Pedro Guimarães