Nova presidente da Caixa promete combater assédio
Daniella Marques anunciou nesta terça-feira (5) o lançamento de um canal de diálogo para mulheres com o comando do banco
Da Estadão Conteúdo e da Agência Brasil
A nova presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, anunciou nesta terça-feira (5) o lançamento de um canal de diálogo para mulheres com o comando do banco. "Estou abrindo hoje canal de diálogo com empregados. "Diálogo Seguro Caixa vai ser canal de diálogo aberto exclusivamente para mulheres nos próximos 30 dias. Diretamente comigo todas as mulheres e empregadas da Caixa poderão e serão acolhidas, ouvidas e protegidas, para que eu entenda um pouco e me aprofunde em cima de indícios relatados", afirmou em coletiva de imprensa após tomar posse.
O canal de diálogo foi lançado como resposta à mais recente crise do banco. Pedro Guimarães deixou a presidência da Caixa após ser alvo de denúncias de assédio sexual por funcionárias e já é investigado pelo Ministério Público.
Revisão de políticas da Caixa
De acordo com Daniella, todas as políticas de integridade, governança e prevenção a assédio serão revisadas na Caixa. "Quando há risco de qualquer natureza, é natural que processos sejam revisados", declarou. Ela lembrou em seguida que dois vice-presidentes já pediram afastamento da instituição com a troca de comando. "Tudo ligado ao episódio de assédio já foi feito", afirmou. "A partir de amanhã, estamos focados para ter ambiente seguro de apuração".
A nova presidente da Caixa ainda declarou que está redesenhando a estrutura da Caixa a partir de seu perfil. "Estou desenhando estrutura que atende ao meu modelo de gestão, gosto de gestão descentralizada, temática, nuclear".
Crédito para mulheres
A nova presidente da Caixa anunciou que, além das medidas internas, deve promover um programa de combate e prevenção ao assédio e à violência doméstica e de estímulo ao empreendedorismo feminino para os 148 milhões de clientes do banco, que é o principal operador dos programas sociais do governo federal, como o Auxílio Brasil.
"A gente vai bancar a causa das mulheres, queremos ser o grande promoter desta causa, atuar com afinco para proteger e promover mulheres. Hoje, a mulher é dona de 80% das decisões de consumo e só 20% do crédito, e a gente quer dar conta, com toda nossa estrutura de rede, apoiando e protegendo as mulheres em todas as dimensões", observou. Terceira maior instituição financeira do país, a Caixa está presente em mais de 5 mil municípios, com 14 mil agências e cerca de 27 mil postos físicos de atendimento.
Pequenos negócios
Daniella Consentino afirmou que pretende seguir desenvolvendo a plataforma de microcrédito da Caixa, com foco em financiamento de pequenas empresas e microempreendedores.
"Esse é um foco estratégico nosso, estar perto dos micro e pequenos empresários, dos microempreendedores individuais. Está vindo agora a renovação dos fundos garantidores da União, de até R$ 90 bilhões em crédito, não para micro e pequenas empresas, mas também para MEIs [microempreendedores individuais], e a gente pretende fazer um trabalho muito forte de difusão e operação desse fundos."
Privatização
Questionada, a presidente do banco afirmou que não há nenhuma orientação de privatização da Caixa, e que isso não é objeto nem de discussão neste momento. A venda de ativos, incluindo a plataforma de bancarização digital Caixa TEM, também não está no radar da economista.
"Ao longo desse processo de 'bancarização', de tanta gente no pagamento e operação do Auxílio Emergência, foi desenvolvido junto um banco digital, que obviamente tem muito valor, mas ainda preciso me reunir com a governança do banco, vou respeitar os ritos de governança do banco para saber se gera valor para Caixa ou não estar desinvestindo, mas não é algo que está em discussão neste momento. Nem a privatização da Caixa nem a venda de algum ativo", assegurou.
Perfil
No governo desde janeiro de 2019, Danielle Consentino foi chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia. Uma das principais auxiliares do ministro Paulo Guedes, ela assumiu a Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade no início do ano.
Com formação em administração de empresas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), a nova presidente da Caixa tem MBA em finanças pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) e uma carreira no mercado financeiro. Foi diretora-executiva da Oren Investimentos e diretora de Risco e Compliance, sócia e gestora de Renda Variável da Mercatto Investimentos. Antes de entrar no governo, foi sócia do ministro Guedes na Bozano Investimentos, onde foi diretora de Compliance e Operações e Financeiras.