CARTA ABERTA A LULA: o que economistas disseram a LULA? Veja críticas de economistas
O posicionamento dos economistas veio após Falas de Lula criticando o teto de gastos, sob alegação da necessidade de ampliar os gastos sociais no País
Após as falas contundentes do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), economistas que apoiaram a candidatura do petista publicaram uma carta aberta no Jornal Folha de São Paulo cobrando responsabilidade de Lula para manutenção do equilíbrio fiscal mesmo com priorização dos gastos na área social.
Arminio Fraga,Sócio-fundador da Gávea Investimentos, presidente dos conselhos do Ieps (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde) e do IMDS (Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social), além de ex-presidente do Banco Central; Edmar Bacha, diretor do Instituto de Estudos de Política Econômica / Casa das Garças; e Pedro Malan, economista e ex-ministro da Fazenda durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) deixaram claro que "não dá para conviver com tanta pobreza, desigualdade e fome aqui no Brasil". Entretanto deram o recado de que para sanar ou pelo menos reduzir esses problemas, é preciso prezar pela organização das contas públicas, e isso inclui o teto de gastos.
"A alta do dólar e a queda da Bolsa não são produto da ação de um grupo de especuladores mal-intencionados. A responsabilidade fiscal não é um obstáculo ao nobre anseio de responsabilidade social, para já ou o quanto antes. O teto de gastos não tira dinheiro da educação, da saúde, da cultura, para pagar juros a banqueiros gananciosos. Não é uma conspiração para desmontar a área social", disseram na carta aberta.
Em outro trecho, os econimistas questionam: "Será que o seu histórico de disciplina fiscal basta? A verdade é que os discursos e nomeações recentes e a PEC (proposta de emenda à Constituição) ora em discussão sugerem que não basta. Desculpe-nos a franqueza. Como o senhor sabe, apoiamos a sua eleição e torcemos por um Brasil melhor e mais justo. É preciso que se entenda que os juros, o dólar e a Bolsa são o produto das ações de todos na economia, dentro e fora do Brasil, sobretudo do próprio governo. Muita gente séria e trabalhadora, presidente. É preciso que não nos esqueçamos que dólar alto significa certo arrocho salarial, causado pela inflação que vem a reboque. Sabemos disso há décadas. Os sindicatos sabem".
O posicionamento dos economistas veio após Falas de Lula criticando o teto de gastos, sob alegação da necessidade de ampliar os gastos sociais no País. Nessa quarta-feira (16), a equipe de transição do presidente eleito apresentou ao relator do Orçamento proposta que tira do teto de gastos R$ 175 bilhões para pagamento do programa Bolsa Família, que pode ficar fora do teto por tempo indeterminado,
"O teto, hoje a caminho de passar de furado a buraco aberto, foi uma tentativa de forçar uma organização de prioridades. Por que isso? Porque não dá para fazer tudo ao mesmo tempo sem pressionar os preços e os juros. O mundo aí fora está repleto de exemplos disso. Então por que falta dinheiro para áreas de crucial impacto social? Porque, implícita ou explicitamente, não se dá prioridade a elas. Essa é a realidade, que precisa ser encarada com transparência e coragem.
O crédito público no Brasil está evaporando. Hora de tomar providências, sob pena de o povo outra vez tomar na cabeça", afirmaram os economistas.